De: Oscar de Azevedo Nolf
Prezados senhores,
Sou proprietário já há 20 anos de uma pequena área no Vale do Ribeira, vizinha à Reserva Carlos Botelho. Fiquei injuriado com a notícia que vocês publicaram sobre São Paulo rumo ao desmatamento zero, pois definitivamente não é o que se pode observar na região que frequento.
A absoluta inoperância da Polícia Florestal no que diz respeito ao desmatamento é coisa que deixa indignado qualquer cidadão que minimamente busque preservar o pouco que nos resta no Estado.
No Bairro do Ribeirão Fundo de Cima, Município de Juquiá, existem inúmeras pessoas fazendo carvão a partir da derrubada de mata virgem, sem qualquer intervenção da Polícia Florestal, não obstante as tantas denúncias a eles encaminhadas.
Caminhões de carvão são retirados semanalmente da área, através de Juquiá, sem que haja qualquer ação policial de repressão ou apreensão da carga criminosa.
O palmito juçara é praticamente extinto em toda a reserva, depois de anos de exploração intensa por praticamente toda a população dos bairros dos municípios de Juquiá e Sete Barras. Denúncias, desisti de fazê-las depois de perceber ser perda de tempo, tanto à Polícia Florestal como à Polícia Civil, sendo que esta última alega não ter poder para agir sobre esse ilícito, mesmo que apenas na interceptação de palmito beneficiado em transporte pela cidade.
Da mesma forma, não tem nenhuma ação sobre o tráfico de aves silvestres que hoje é o maior negócio de toda a região, aí incluídos os municípios de Juquiá, Sete Barras e Registro. Praticamente esgotado o palmito, não compensando as longas viagens com tropas de burros aos confins da reserva, já há mais de um ano a grande fonte de renda dos habitantes dos bairros passou a ser a caça de aves silvestres, especialmente o Pixoxó (Sporophila frontalis) e o Trinca-ferro (Saltator similis). Mesmo com denúncias circunstanciadas, referindo aos dias de “coleta” dos transportadores, identificando os veículos, horários e rotas para o transporte das aves capturadas, NUNCA houve qualquer ação de nenhum organismo oficial. Louve-se a tentativa do SOS Fauna, que a nosso convite visitou a área a investigou a veracidade das informações, mas também não conseguiu qualquer resultado.
Já há algum tempo desanimei de brigar por isso, me expor na área e fazer essas denúncias, por absolutamente infrutíferas.
Passando a acompanhar O Eco, voltou alguma esperança…..
Ficaria imensamente grato se, da parte de vocês, houvesse interesse em tocar adiante a proteção daquela região maravilhosa e tão pouco cuidada.
Coloco-me à sua inteira disposição para quaisquer informações ou contatos.
Um abraço esperançoso
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