Análises

Ministério de fé

Redação ((o))eco ·
6 de fevereiro de 2008 · 17 anos atrás

De Ana Claudia Luz

Olá! Parabéns pela matéria intitulada “Ministério da Fé”, por ter suscitado a questão e por ter se publicado a resposta do Pedro Ivo Batista. Segue apenas uma crítica rasa…

Achei tendencioso, por parte do jornalista, tanto a manchete quando o lead da matéria, mas se o leitor chegar até ao fim do artigo e ler a resposta completa do Assessor Especial do Ministério do Meio Ambiente Pedro Ivo Batista vai ver que não houve nada de inédito ou ilegítimo, quer dizer, o ineditismo está no fato de uma organização evangélica (que ao contrário do que o jornalista afirma, não se resume a igreja que a ministra freqüenta, mas a ONGs e outras organizações de reconhecimento internacional como a World Vision), pela primeira vez ter se mobilizado de forma expressiva e com apoio governamental. Fica mais claro ainda o ineditismo e a legitimidade da questão quando o assessor cita o apoio governamental anual que é dado à Campanha da Fraternidade promovida pela Igreja Católica destacando o ano de 2007 que abordou a questão da água.

Enfim, pelo menos agora, e muito pouco por meio desse artigo, sabe-se que existem segmentos, ainda que religiosos, que discutem de forma não menos científica, sua responsabilidade com relação ao meio ambiente. Caso a apuração por parte do repórter fosse além do fato da ministra freqüentar a denominação em questão e entrasse nas plenárias de discussão da tal Rede Jubileu da Terra iria sair com perspectivas mais otimistas sobre democracia e sociedade organizada.

É de conhecimento de todos que o ministério da educação e da cultura, através de seus ministros criam projetos e divulgam suas ações de inclusão e incorporação da cultura afro diretamente ligados a “religião afro” (ainda que a maior parte da África hoje seja reconhecidamente cristã), promovendo o candomblé e o orubá como parte do currículo e abordagem obrigatória nas escolas e centros comunitários.

Para mim, a questão não passa nem de longe pela “liberdade de culto”, mas sim por agregar todos os movimentos sociais organizados, independente de suas relações religiosas, a causas comuns a todos (meio ambiente, saúde, educação etc), capacitando e promovendo espaços para o diálogo entre esses diversos grupos. Sendo assim é inútil e, de certa forma, um grande desperdício por parte da comunidade científica e imprensa em geral, ignorar o poder de organizar e mobilizar, assim como a capilaridade social que as religiões preservam.

Um abraço.

Leia também

Notícias
20 de dezembro de 2024

COP da Desertificação avança em financiamento, mas não consegue mecanismo contra secas

Reunião não teve acordo por arcabouço global e vinculante de medidas contra secas; participação de indígenas e financiamento bilionário a 80 países vulneráveis a secas foram aprovados

Reportagens
20 de dezembro de 2024

Refinaria da Petrobras funciona há 40 dias sem licença para operação comercial

Inea diz que usina de processamento de gás natural (UPGN) no antigo Comperj ainda se encontra na fase de pré-operação, diferentemente do que anunciou a empresa

Reportagens
20 de dezembro de 2024

Trilha que percorre os antigos caminhos dos Incas une história, conservação e arqueologia

Com 30 mil km que ligam seis países, a grande Rota dos Incas, ou Qapac Ñan, rememora um passado que ainda está presente na paisagem e cultura local

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.