A Cidade do Cabo, como toda metrópole que se preza, administra sua própria rede de unidades de conservação. O sistema, que inclui pouco mais de 30 áreas protegidas, salvaguarda nada menos que 318 espécies ameaçadas de extinção. Há um de tudo, as reservas de Heldelberg e Tygerberg são montanhosas, a de Steenbras protege um vale encaixoeirado, a de Wolfgat conserva parte do litoral e a de Rondevlei dá proteção a um sítio úmido, utilizado por aves migratórias em sua passagem pelo extremo sul do continente africano.
Rondevlei ganhou seu primeiro estatuto de unidade de conservação em 1952, quando foi declarada um santuário de pássaros (237 espécies aladas frequentam com regularidade seus 290 hectares). A área também é lar para alguns mamíferos como a lontra sem garras do Cabo, o grisbok (espécie de antílope) e alguns hipopótamos que foram reintroduzidos ali por Howard Langley um dos principais ecologistas sul-africanos.
Visitar Rondevlei é um prazer inenarrável. Seu sistema de trilhas inclui longos trechos acessíveis a cadeirantes, três torres–mirantes e uma dezena de bem desenhados abrigos de observação de pássaros (“bird hides”). Enfim, uma estrutura de uso público para ninguém botar defeito. Quem sabe um dia o Brasil não seguirá os passos da África do Sul? Em conservação e uso público temos muito que aprender com eles.
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