![]() |
Relação entre a largura das faixas de vegetação nativa e o número de espécies de aves florestais no Planalto Atlântico de São Paulo. A equação de Michaelis-Menten, tradicionalmente utilizada para descrever cinética enzimática, mostra que um redução da largura de APPs de 60 para 30 metros pode reduzir o número de espécies de aves de 30 para cerca de 20. (Figura de Carlos Candia-Gallardo). |
“…sob a perspectiva das aves dependentes da Mata Atlântica, a largura das APP ao longo dos rios deveria ser aumentada pelo menos até 100m, e não diminuída pela metade.”
|
A relação não linear (Michaelis-Menten) entre largura de corredor e número de espécies (ver figura) sugere que uma redução pela metade na largura mínima das APP – de 60 m (30 para cada lado do rio) para 30 m – poderia acarretar em uma perda de cerca de 30% no número de espécies de aves. E essas aves “perdidas” seriam justamente aquelas mais exigentes, restritas às manchas de Mata Atlântica e incapazes de habitar faixas de vegetação estreitas. São espécies cujas populações já vêm declinando. Portanto, sob a perspectiva das aves dependentes da Mata Atlântica, a largura das APP ao longo dos rios deveria ser aumentada pelo menos até 100 m, e não diminuída pela metade.
Resta saber se na reforma do Código Florestal o Brasil vai levar em conta a perspectiva das aves, das enzimas e de toda a gama de serviços ambientais que a biodiversidade proporciona e da qual a economia depende, ou se vai priorizar interesses particulares e imediatistas.
Estas 3 espécies foram encontradas apenas em faixas de vegetação com largura superior a 100 metros. | Clique para ampliar. | ||
![]() |
![]() |
![]() |
A dissertação de mestrado O valor de corredores florestais para a conservação de aves em paisagens fragmentadas é de autoria do biólogo Carlos Candia-Gallardo orientado pelo Prof. Dr. Jean Paul Metzger. Foi produzida no Departamento de Ecologia da Universidade de São Paulo (USP)
Carlos Candia-Gallardo é biólogo e mestre em ecologia pela Universidade de São Paulo. Realiza pesquisas em ornitologia e conservação da biodiversidade em diferentes biomas brasileiros. | |
Jean Paul Metzger é biólogo, doutor em Ecologia de Paisagens pela Universidade Paul Sabatier de Toulouse, França. Atualmente é professor titular do Departamento de Ecologia da Universidade de São Paulo e vice-presidente da International Association for Landscape Ecology – IALE. |
Leia também
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/26265111-high.jpeg?resize=600%2C400&ssl=1)
Desmatamento no Cerrado cai no 1º semestre, mas ainda não é possível afirmar tendência
Queda foi de 29% em comparação com mesmo período do ano passado. Somente resultados de junho a outubro, no entanto, indicarão redução de fato, diz IPAM →
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/15035560-high.jpeg?resize=600%2C400&ssl=1)
Unesco reconhece Parna dos Lençóis Maranhenses como Patrimônio da Humanidade
Beleza cênica e fato de os Lençóis Maranhenses serem um fenômeno natural único no mundo levaram organização a conceder o título →
![](https://i0.wp.com/oeco.org.br/wp-content/uploads/2024/07/unnamed.png?resize=600%2C400&ssl=1)
Dez onças são monitoradas na Serra do Mar paranaense
Nove adultos e um filhote estão sendo acompanhados pelo Programa Grandes Mamíferos da Serra do Mar. Primeiro registro ocorreu em 2018 →