As cabeceiras ocidentais da Amazônia estão abrindo-se para um boom de petróleo e gás. Multinacionais petrolíferas estão fazendo grandes descobertas ao longo de toda a faixa oeste dos Andes, desde a Venezuela passando por Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, no que é chamado de tendência Sub-Andina.
O cinturão de petróleo e gás está sob a mais rica biodiversidade da Terra. E essa região de cabeceiras é lar para muitos indígenas que vivem voluntariamente em isolamento e que nunca foram contatados. Num mundo ideal, todas essas cabeceiras estariam fora do alcance da exploração de petróleo e gás.
No entanto, não vivemos em um mundo perfeito. Apesar da luta para proteger os povos indígenas e a biodiversidade através da criação de reservas, empresas de petróleo e gás fazem novas descobertas todos os dias.
Ao mesmo tempo que trabalhamos para a criação de mais áreas protegidas livres da exploração de petróleo e gás, também temos de exigir que as companhias de petróleo usem os mais altos padrões e empreguem os melhores métodos de operação visando proteger a floresta e os habitantes das áreas onde estão autorizadas a atuar.
Onde podemos observar tais práticas? Bem, não há muitos exemplos. A maioria do desenvolvimento segue os padrões trágicos e destrutivos que vemos no leste do Equador.
No entanto, há um lugar onde o aprendizado de como gerir o petróleo e gás pode ser visto. Esse lugar é Camisea, grande empreendimento nas cabeceiras do rio Urubamba, no Peru.
Camisea é o melhor exemplo de um novo conceito de desenvolvimento chamado “offshore interior”. Vista de cima, se assemelha a qualquer outra plataforma de petróleo no mar, mas sobre um oceano de floresta intocada. Não há estradas em Camisea. Os dutos foram construídos por helicóptero e os corredores de oleodutos foram reflorestados para impedir o acesso ao local. A única entrada é por via aérea e o acesso é controlado ao longo do Rio Urubamba.
A tragédia no leste do Equador nos ensina que as piores conseqüências da tradicional exploração petrolífera são causadas por efeitos secundários como invasões de terras, queima de florestas, extração ilegal de madeira, plantações de coca, caça de animais selvagens e mineração ilegal de ouro. Sem estradas, no entanto, a terra permanece inacessível e estes efeitos secundários não ocorrem.
A exploração de petróleo e gás está avançando em ritmo acelerado na parte superior da Amazônia. Nosso desafio é duplo: o primeiro é mantê-la longe de áreas que devem ser totalmente protegidas. E segundo, exigir que o modelo de “offshore interior” seja obrigatório para todas as áreas onde a exploração de petróleo e gás é permitida.
*em resposta a Glenn H. Shepard e Douglas W. Yu
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PMG Peru
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