O recente acidente que vitimou a publicitária Juliana Marins, na trilha do Monte Rinjani, na Indonésia, trouxe à tona o debate sobre procedimentos de segurança e riscos inerentes à atividade de montanhismo e outros esportes associados ao turismo ecológico em paisagens naturais. Mas o que tem sido feito aqui no Brasil – um país de dimensões continentais e inúmeras atrações que desafiam os limites de seus visitantes – para evitar tragédias como essa?
O Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CBPMESP) tem investido continuamente em estratégias para garantir a segurança de montanhistas, trilheiros e visitantes de áreas desse tipo, especialmente em locais de difícil acesso, como montanhas e serras espalhadas pelo território paulista.
Uma dessas iniciativas é o projeto de Sinalização de Emergência em Trilhas, que já foi implantado nas principais travessias e vias clássicas das regiões montanhosas na Serra Paulista. Essa estrutura reforça a presença do Estado e amplia a capacidade de resposta a ocorrências em ambientes remotos.
Como Funciona a Sinalização de Emergência:
A sinalização consiste em placas estrategicamente instaladas ao longo das trilhas, cada uma contendo uma letra e um número sequencial. A letra identifica a trilha específica, e o número indica a localização exata dentro desse percurso.
Em caso de emergência, o trilheiro pode ligar imediatamente para o Corpo de Bombeiros, informando a identificação da placa mais próxima. Essa informação é essencial, pois permite que a equipe de resgate localize rapidamente o ponto da ocorrência. Cada placa possui coordenadas geográficas previamente cadastradas, além de dados sobre:
– Acessos terrestres disponíveis;
– Tempo estimado de deslocamento das equipes por terra,
– Possibilidade de pouso de aeronaves, caso as condições climáticas permitam.
Dessa forma, o Corpo de Bombeiros consegue planejar a resposta de maneira precisa, escolhendo a melhor forma de atuação – seja por solo, seja com apoio aéreo.
Além do código alfanumérico, as placas de sinalização de emergência possuem um QR Code. Ao escaneá-lo, o trilheiro acessa informações importantes de segurança, orientações sobre a trilha, alertas de riscos e dicas para prevenção de acidentes. Esse recurso busca aumentar a conscientização e reforçar a cultura de autoproteção entre praticantes de atividades ao ar livre.
Complementaridade com a Rede Brasileira de Trilhas
É importante destacar que essa sinalização não substitui a sinalização de rota da Rede Brasileira de Trilhas – reconhecida nacionalmente por indicar caminhos, entroncamentos, direções e destinos. A sinalização do CBPMESP é complementar, com foco exclusivo no atendimento de emergências, fortalecendo a integração entre órgãos estaduais, gestores de Unidades de Conservação e a própria Rede Brasileira de Trilhas.
A implantação dessa estrutura de sinalização reforça o compromisso do Estado em garantir que os praticantes de esportes e atividades na natureza possam explorar nossos ambientes naturais com mais segurança, sabendo que, em caso de necessidade, existe um sistema de resposta rápida e eficiente para o atendimento de emergências em áreas remotas.
As opiniões e informações publicadas nas seções de colunas e análises são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente representam a opinião do site ((o))eco. Buscamos nestes espaços garantir um debate diverso e frutífero sobre conservação ambiental.
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