Todos que, de alguma forma, transitam no ambiente natural reconhecem ou sabem da potencialidade real do Brasil para a prática de atividades ao ar livre. Para referendar esta percepção, o ranking de competitividade econômica realizado anualmente pelo Fórum Econômico Mundial – Fórum de Davos- coloca o Brasil como o 1° colocado no quesito biodiversidade, entre 140 países analisados.
Como se não bastasse, recentemente a neurociência atestou que a vida ao ar livre faz bem à saúde, estimulando a prática de caminhadas na natureza para vencer os desafios da vida globalizada, conectada e caótica. Ou seja, trilhar é um remédio sem contraindicações contra o estresse.
Nesse sentido, em 2017, uma iniciativa articulada a nível governamental, por meio da Coordenação-Geral de Uso Público do ICMBio, inspirada na experiência da Trilha Transcarioca no Brasil e de outros grandes exemplos globais de trilhas de longo curso, iniciou o fomento para que outros projetos de trilhas Brasil afora saíssem das mentes e dos arquivos digitais e cravassem seus pés no terreno da prática.
Esta articulação, que contou com forte componente de trabalho voluntário, em pouco tempo resultou na criação de dezenas de iniciativas espalhadas pelo Brasil, que estão se consolidando em um grande projeto de parceria sociedade civil/governos para uma causa comum: a criação de uma Rede de Trilhas de Longo Curso do Brasil, possibilitando aos mais destemidos caminhar ininterruptamente da nascente à foz do Rio São Francisco ou do Oiapoque ao Chuí, para citar apenas dois exemplos.
De norte a sul e de leste a oeste do país, as trilhas locais, que são a base da Rede, pensadas de forma sistêmica, estão se multiplicando graças ao trabalho organizado de diferentes agências de governo das esferas federal, estadual e municipal e do suor voluntário de milhares de pessoas anônimas, com o objetivo comum de conectar nossas unidades de conservação e os grandes atrativos naturais. No momento em que escrevo essas rotas já formam uma grande rede de trilhas de longo curso.
Visando a conexão não só física, mas também de objetivos, de sinalização integrada, de infraestrutura e logística, de segurança, de atratividade e comunicação entre as trilhas e com os futuros trilheiros é fundamental que se crie uma governança. A exemplo de outros países que já criaram suas Redes, os Ministérios do Turismo e do Meio ambiente e o ICMBio já baixaram uma portaria conjunta criando oficialmente a Rede Brasileira de Trilhas e Conectividade.
Com a ampliação dos trabalhos desta gigante Rede de Cooperação, entretanto, surgiu também a necessidade da existência de uma coordenação mais ampla das iniciativas de caráter voluntário. Afinal, quando paramos para ver o que havia sido feito em dois anos, nos demos conta que, em agosto de 2019, a Rede Brasileira de Trilhas de Longo Curso já contava com 2.000 quilômetros sinalizados e mais 6.000 planejados, conectando 164 unidades de conservação das três esferas de governo, em 17 Estados e no Distrito Federal
Colocados frente à necessidade de articulação, os coordenadores dos trabalhos voluntários das diferentes trilhas que já se associaram a REDE começaram imediatamente a se comunicar por meios virtuais de maneira a dar ao projeto, que é comum a todos, um rumo e uma padronização de caráter consensual.
Nada, contudo, substitui o olho no olho. Para sanar essa lacuna, a diretoria da ABETA – Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura, nossa parceira de primeira hora, convidou as principais lideranças voluntárias da Rede para fazerem uma reunião na Ilhabela/SP, durante a realização do Congresso Brasileiro de Ecoturismo e Turismo de Aventura.
Desse mato saiu cachorro. No dia 16 de agosto de 2019, como fruto da reunião, foi empossada a primeira Diretoria da Associação Brasileira Rede Brasileira de Trilhas com o objetivo de formalizar e coordenar as ações de todos os grupos responsáveis pela montagem, sinalização e manutenção de trilhas da Rede, nos quatro cantos do Brasil.
A diretoria tem representantes de todas as regiões brasileiras e é presidida por Hugo de Castro da Trilha Transmantiqueira. Seu mandato é temporário e tem as incumbências de, no período de um ano, redigir minuta dos estatutos da Rede e de convocar uma assembleia geral para sua aprovação com a respectiva eleição de uma diretoria definitiva.
A percepção de que a Rede Brasileira de Trilhas é uma das mais expressivas ações coletivas em prol da vida ao ar livre em nosso país foi muito rápida, tendo em vista a capacidade de assimilação dos grupos locais e da própria formação desta diretoria recém empossada, que buscou a representatividade nacional e a diversidade do saber e do conhecimento dos atores envolvidos.
A Rede Brasileira de Trilhas está conseguindo pensar, estrategicamente, qual o valor das nossas riquezas naturais, quais os ativos que a sociedade irá obter, gerando consciência ambiental, gerando emprego, renda e desenvolvendo uma cadeia produtiva de serviços e produtos conectados com o estilo de vida ao ar livre, ligando corredores ecológicos importantes, introduzindo ferramentas de conhecimento sócio cultural e ampliando os horizontes da sociedade sobre o uso público das Unidades de Conservação e nos espaços naturais que as conectam.
Tudo a ver com os dois primeiros parágrafos lá no início?
As Pegadas Amarelas e Pretas, que são a marca registrada das trilhas do Brasil, estão fazendo muito mais pelo nosso país do que simplesmente unir as unidades de conservação, alvo inicial do projeto de trilhas de longo curso. Elas estão construindo um legado para nossos filhos e netos na direção do caminho que tanto o Fórum Econômico Mundial quanto a Neurociência já apontavam: a Vida ao Ar Livre do Brasil não está dormindo em berço esplêndido!
Ela é o berço esplêndido!
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Parabenizo efusivamente a ideia criadora desse maravilhoso projeto, bem como os esforços dispendidos por todos os envolvidos.
Em nosso país, de dimensões continentais, parece impossível esse feito. Fico imaginando a diversidade de ações envolvendo observação de aves, ecologia profunda, ecopsicologia, aventuras mil, etc., podem ser implantadas ao longo dessas trilhas. É simplesmente fantástico.
Estamos localizados no Sul da Bahia, Corredor Central da Mata Atlantica – CCMA (vem sendo reconhecido internacionalmente pela Unesco por sua importância para a conservação da biodiversidade. Grande parte de sua extensão está incluída na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – RBMA e no Sítio do Patrimônio Mundial Natural da Costa do Descobrimento. No plano nacional, a região é protegida por uma série de unidades de conservação, através de um mosaico de unidades de proteção integral associadas às unidades de uso sustentável. INEMA-BA), com muitas Unidades de Conservação que poderão compor esse grandioso projeto. Falo especificamente de uma Unidade Federal – Reserva Experimental do Pau Brasil (CEPLAC), Porto Seguro e a Unidade Estadual Parque Ecológico Serra do Conduru – PESC (situado entre três municípios: Ilhéus (15%); Uruçuca (45%) e Itacaré (40%). Muitas outras Unidades também importantes estão localizadas nessa região.
Então, os responsáveis pelas Unidades de Conservação interessados em compor a REDE como devem proceder?
Sérgio Teixeira
Ceplac/Cepex/Serex
Ilhéus-BA
[email protected]
efeteixeira@gmailcom
73 99193-5946 Whatsapp
Prezado Sérgio, boa tarde!
Feliz em ler seu comentário e a resposta à seu questionamento já está dada, à medida que há interesse na inclusão de algumas UCs da Costa do Descobrimento à Rede Brasileira de Trilhas. Nada substitui o desejo de fazer parte! É o princípio que a Rede acredita. Parabébs.
Farei contato contigo via whatsapp. Forte abraço.
Evandro Schütz
Diretoria de Turismo
REDE BASILEIRA DE TRILHAS
Meus amigos,
É muito importante comentar os diretores que não puderam comparecer á reunião:
Diretoria de Relações Institucionais: João Lino Bitencourt (Caminho dos Goyases);
Diretoria Jurídica: Getúlio Vogetta (Federação Paranaense de Montanhismo);
Diretoria de Voluntariado: Richard Smith (Trilha da Ilha de Santa Catarina) e João Carlos (Caminhos do Planalto Central);
Diretoria de Turismo: Alex Figueiredo (Rota Darwin);
Diretoria de Mídias Sociais: Felipe Rocha (Trilha Transcarioca) e
Representante Região Nordeste: Emerson Leandro Costa de Oliveira (Travessia dos Cânions do São Francisco)
Grato,
PARABÉNS À EQUIPE PELA INICIATIVA