Chefe do IPCC tem esperanças de acordo
Após apresentação de metas por EUA e China, indiano Rajendra Pachauri afirma que pela primeira vez suas esperanças estão em alta para um acordo nas negociações do clima. →
Gustavo Faleiros é editor da Rainforest Investigations Network (RIN) do Pulitzer Center. Em 2012, lançou o InfoAmazonia, uma plataforma digital que usa imagens de satélite e outros dados públicos para reportar sobre os nove países da floresta amazônica. Trabalhou como repórter e editor executivo de O Eco onde ajudou a criar o projeto O Eco Amazônia que produziu 200 histórias sobre questões ambientais na região. Iniciou a sua carreira como repórter do Valor Econômico, onde cobriu infra-estrutura, energia e saneamento. Foi também duas vezes selecionado Knight International Journalism Fellow por seu trabalho na promoção do jornalismo de dados e do geojornalismo. Entre 2014 e 2017, trabalhou em aliança com a Earth Journalism Network, onde liderou o Conselho de Parceiros, o programa de mentoria climática, além de atividades em países da África e América Latina. Contribuiu também para publicações como Scientific American, The Guardian-UK, Nature, Revista Piauí e Folha de São Paulo.
Após apresentação de metas por EUA e China, indiano Rajendra Pachauri afirma que pela primeira vez suas esperanças estão em alta para um acordo nas negociações do clima. →
Guiana assina um acordo com a Noruega e promete manter grande parte de suas matas intocadas. O Eco perguntou ao presidente do país se ele acredita no desmatamento zero. →
Presidente dos Estados Unidos lidera o enfraquecimento da reunião do clima em Copenhague. Para países em desenvolvimento, isso pode muito bem parecer uma quebra nas regras do jogo. →
O governo divulgou a mais baixa taxa de derrubadas desde que foi iniciado o monitoramento da Amazônia. Clique para ouvir →
O presidente Lula acha que país não deve levar números à reunião de Copenhague, mas secretário da convenção do clima diz que está “ansioso” pelo anúncio das medidas brasileiras. →
Aqui em Barcelona, onde ocorre a última rodada de negociações antes da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas em Copenhague, o dia de hoje foi bem mais morno do que o anterior. O grupo dos países africanos retirou seu bloqueio das negociações e as conversas continuaram sem maiores sobressaltos. Além dos números que serão colocados sobre a mesa na decisão das metas de redução de carbono, o que mais complica um acordo de sucesso em Copenhague é o impasse em torno da “arquitetura” para os novos compromissos pós-2012 (data em que termina o primeiro período de Kyoto). A União Européia, em coletiva de imprensa nesta quarta, voltou a defender que em Copenhague crie-se um acordo diferente de Kyoto. A posição esconde a já conhecida pressão dos países ricos para que as economias emergentes como Brasil e China também assumam metas. “Há muitas coisas que gostamos no Protocolo de Kyoto, o que podemos fazer é transferir isso para um acordo único”, disse o chefe da delegação europeia, o sueco Anders Turesson. Por acordo único, ele refere-se exatamente a um tratado que inclua países que estão de fora de Kyoto, em especial os Estados Unidos e os emergentes. O embaixador Luiz Figueiredo Machado, que chefia a delegação brasileira, voltou a reforçar que o Brasil não concorda com a revisão total do Protocolo de Kyoto. Ele relatou que existe uma discussão neste momento entre as delegações de que o acordo que sairá de Copenhague poderá ser um conjunto de decisões que serão mais tarde consolidadas em um único documento. Essas decisões, na visão do Brasil, já devem conter metas claras de redução de gases de efeito estufa. “O Brasil decidiu anunciar um conjunto de ações antes do encontro em Copenhague para reforçar nossa capacidade de cobrar nossos parceiros nas negociações do clima”, disse Figueiredo. “O Brasil não quer fazer parte de um fracasso em Copenhague”, concluiu. →
Em Barcelona, onde ocorrem as últimas negociações antes de Copenhague, países africanos ameaçam bloquear avanços. No Brasil, Lula resolve adiar o anúncio da estratégia do clima. →
Delegações de 192 países encontram-se na cidade espanhola de Barcelona para tentar destravar as negociações. Já no primeiro dia, cresce pressão sobre Brasil. →
Nestes últimos dias não foram poucas as pessoas que indicaram que a conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas em Copenhague vai ser bem menos ambiciosa do que gostariam as organizações ambientais. O secretário-executivo da Convenção do Clima, Yvo de Boer, jogou um enorme balde de água fria em entrevista ao New York Times alegando que não haverá tempo suficiente para criar todo um novo acordo que abrigue as metas de redução dos gases de efeito estufa. Significaria isso que os diplomatas resolveram deixar o planeta assar no forno das mudanças climáticas? Não exatamente. As delegações de todos os países de alguma forma já colocaram na mesa as metas que podem assumir. O Brasil (quem diria) vai aparecer com as suas em breve. Obviamente o tamanho das metas continua sendo a questão central das negociações. Mas para chegar até lá é que está o problema. Antes de que se entre na discussão dos números, o que está mesmo colocando uma nuvem preta sobre Copenhague, é a estrutura política que vai reger as novas metas. Os países desenvolvidos , liderados pela União Européia, resolveram defender todo um novo acordo, ou seja, tudo que existia dentro do Protocolo de Kyoto deixaria de existir depois de 2012, ou na melhor das hipóteses, algumas das decisões seriam transferidas para este novo acordo. “Para ser mais coerente, acho que faz sentido ter apenas um acordo que junte todas as maiores economicas do planeta”, defende o analista do Pew Center on Global Climate Change, Elliot Diringer. Isso no entanto não é o que pensam as nações emergentes, que sempre defenderam a negociação de Copenhague em dois trilhos. Ou seja uma conversa sempre dentro do Protocolo de Kyoto, e outra fora, na Convenção da ONU, onde no caso se estabeleceriam novos mecanismos, como a compensação por desmatamento evitado. Pergunto a Diringer, se isso não vai acabar travando o acordo de Copenhague. Ele diz que a questão é que talvez essa nova estrutura política seja o próprio resultado de Copenhague. O detalhamento das metas só virá mesmo depois. Mas isso não é muito pouco para COPENHAGUE? “Eu nunca esperei muito mesmo”, diz o analista. Leia carta com propostas do Pew Center for Climate Change para a COP 15 →
A reunião de Copenhague não aconteceria se há 17 anos atrás não tivesse ocorrido a Rio 92. Foi ali, na cúpula de meio ambiente e desenvolvimento da ONU, que diversos países decidiram criar uma Convenção sobre Mudanças Climáticas. O nascimento deste painel dentro das Nações Unidas foi guiado por um lema que até hoje persiste 'Responsabilidades comuns, porém diferenciadas'. Trocando em miúdos, isso significa que os países que ao longo dos anos emitiram maior quantidade de gases estufa na atmosfera devem assumir maior carga de ações para combater o problema do aquecimento global. O mapa abaixo, produzido pelo World Mapper, reproduz os dados que estão por trás desta discussão diplomática. Os países mais gordinhos são aqueles que mais emitem. →