Notícias

Muito prazer, Jaritataca

O homenageado da semana não é um gambá, mas se defende como um. Se cruzar seu caminho, seja cortês para não sair desse encontro cheirando mal.

Rafael Ferreira ·
30 de janeiro de 2014 · 11 anos atrás

Esta bela imagem da jaritataca ([i]Conepatus semistriatus[/i])foi cedida pelo nosso leitor, Egberto Araújo, que relata como foi encontro: "Este animalzinho apareceu já no final da tarde, tendo adentrado e se acomodado na varanda da casa. Ao descobri-lo, fui com cuidado, provocar a sua saída. Preocupava o fato de saber que podia lançar mão do seu mecanismo de defesa – um odor forte, bem característico." Foto:
Esta bela imagem da jaritataca ([i]Conepatus semistriatus[/i])foi cedida pelo nosso leitor, Egberto Araújo, que relata como foi encontro: "Este animalzinho apareceu já no final da tarde, tendo adentrado e se acomodado na varanda da casa. Ao descobri-lo, fui com cuidado, provocar a sua saída. Preocupava o fato de saber que podia lançar mão do seu mecanismo de defesa – um odor forte, bem característico." Foto:

A jaritataca (Conepatus semistriatus) é um animal pequeno, com cerca de 30 a 52 cm de comprimento, cauda entre 16 e 31 cm e que costuma pesar algo entre 1,4 e 4,0kg. Sua cabeça é arredondada, corpo compacto e patas dianteiras com garras longas e negras, focinho longo e sem pelo. A volumosa cauda tem pelos negros na base e brancos até o final. Os pelos do corpo variam de uma coloração preta ou marrom-escuro, com duas listas brancas que correm por cima do dorso, divididas em duas, que seguem paralelas até a base da cauda.

Conhecido popularmente como jitira, jaratataca, jacarambeva, tiaca, cangambá e, também gambá, o Conepatus semistriatus é um mamífero onívoro da família Mephitidae. No entanto, os mefitídeos, que incluem o cangambá e as chamadas doninhas fedorentas, apesar das semelhanças do mecanismo de defesa – uso de odores fétidos contra ameaças –, não podem ser chamadas de gambás, que são marsupiais, como o canguru.

A espécie ocorre no sul do México, norte da Colômbia, Venezuela, Peru e Brasil. No território brasileiro, ocorrendo no Cerrado e Caatinga, da região Nordeste do país ao estado de São Paulo. A espécie é amplamente distribuída na sua área de ocorrência e relativamente abundante, porém pode ser bastante rara em alguns locais como no do Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe.

O C. semistriatus prefere as áreas de vegetações abertas típicas de seus habitats, evitando regiões de matas mais densas. A espécie apresenta boa tolerância a ambientes alterados pela ação humana, além de serem tolerantes à áreas de lavoura, como canaviais e plantações de eucalipto.

É um animal solitário e de hábitos noturnos. Ele se torna ativo logo após o pôr do sol quando sai de sua toca, uma estrutura que, quando não é cavada pela própria jaritataca, é um buraco cavado por outra espécie – como cupinzeiros ou tocas de tatus – que pegou “emprestado”. Tem como arma de defesa própria e de seu território a secreção de um líquido de odor bastante desagradável.

Alimenta-se de insetos e outros invertebrados, pequenos vertebrados e frutos.

Pouco se sabe sobre o comportamento reprodutivo da espécie: unem-se ao sexo oposto apenas durante o período de reprodução. A duração da gestação é de aproximadamente 60 dias onde nascem de 4 a 5 filhotes.

As ameaças comuns à espécie são fragmentação e perda do hábitat. Além disso, esses animais são também observados próximos a habitações humanas, o que pode torná-los passíveis de ameaças, como predação por cães domésticos ou atropelamentos nas rodovias brasileiras. Outro fator é a caça: apesar de sua pele possuir pouco valor, a espécie é caçada em alguns países e, na região da Caatinga brasileira, caçada para subsistência, utilizada como alimento e/ou medicamento.

Mesmo assim, o Conepatus semistriatus encontra-se amplamente distribuído, sem indícios de declínio populacional, e apresenta boa tolerância a ambientes perturbados. Por esse motivo, a IUCN categoriza a espécie como Pouco Preocupante. Orientação também seguida pelo ICMBio.

 

 

Leia Também
Um trabalhador incansável
Parides ascanius: a borboleta praiana
Chauá, o papagaio de muitos apelidos

 

 

 

Leia também

Reportagens
19 de novembro de 2024

SPVS completa 40 anos com legado de transformação no Paraná

ONG é responsável pela proteção de mais de 19 mil hectares de Mata Atlântica e mantém diversos projetos bem-sucedidos de conservação de fauna e flora.

Podcast
18 de novembro de 2024

Entrando no Clima#37- Brasil é escolhido como mediador nas negociações

Os olhos do mundo estão voltados para o Brasil, que realiza a reunião final do G20, mas isso não ofuscou sua atuação na COP29

Notícias
18 de novembro de 2024

G20: ativistas pressionam por taxação dos super ricos em prol do clima

Organizada pelo grupo britânico Glasgow Actions Team, mensagens voltadas aos líderes mundiais presentes na reunião do G20 serão projetadas pelo Rio a partir da noite desta segunda

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Comentários 1

  1. Rosa L B Garcia diz:

    Leio e vejo com frequência os textos e fotos de autoria do Prof. Dr. EGBERTO Araújo.
    E, na busca sobre a foto, leio mais uma aula-texto agora do, também pesquisador, Rafael Ferreira.