Audiências para uma piração

O deputado estadual José Riva (PP) andou divulgando que ainda neste mês vão começar as audiências públicas para discussão de seu projeto de lei que inventa o “Sistema de Unidades de Proteção Chico Mendes”. Na prática, o projeto transforma toda a região noroeste de Mato Grosso em três grandes áreas de proteção ambiental que serviriam para compensar a falta de reserva legal em propriedades e assentamentos no eixo da BR-163, retirando dos proprietários o dever de pagar e cuidar da recuperação da vegetação nativa no norte do estado. A compensação ocorreria, portanto, fora da bacia hidrográfica, a despeito da existência de outras unidades de conservação que já existem por ali, mas esse é apenas um dos aspectos mirabolantes do projeto que ferem a legislação ambiental federal. A região ainda tem o maior fragmento de floresta que resiste no arco do desmatamento, em meio às intensas pressões de corte promovidas pelos próprios políticos locais, que têm na região seu cabide eleitoral.

Por Salada Verde
4 de novembro de 2008

Chico Mendes incomoda

Desde agosto, quando o projeto foi apresentado pela primeira vez, recebeu algumas emendas. Uma delas, do deputado João Malheiros, versa sobre a mudança do nome do “sistema de preservação” de Riva. Em vez de Chico Mendes, Arne Sucksdorff, um cineasta sueco.

Por Salada Verde
4 de novembro de 2008

Reunião com os índios

Começa hoje em Brasília uma reunião a portas fechadas entre a Funai e os índios enawene nawe, que no mês passado incendiaram um canteiro de obras no rio Juruena contra a construção de um complexo hidrelétrico. O assunto é considerado tão vital que na quarta (5), participam Ministério de Minas e Energia, Empresa de Pesquisa Energética, Aneel, Ibama, Ministério do Meio Ambiente, Agência Nacional de Águas, Ministério Público Federal e Opan.

Por Salada Verde
4 de novembro de 2008

A energia de Carlos Minc

Depois do bafafá que a aprovação da proposta de Carlos Minc para a questão do diesel mais limpo no Brasil provocou em vários setores da sociedade, o ministro resolveu se pronunciar. Hoje (3), o Ministério do Meio Ambiente divulgou uma carta assinada por Minc em que ele avalia que, “dentro da adversidade”, a pasta conseguiu o melhor resultado entre os possíveis. Ele também fez questão de ressaltar que, desde 2002, quando foi determinada a redução do enxofre no diesel, “o governo federal e o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) não tomaram as medidas enérgicas necessárias” para evitar o descumprimento da resolução que trata do tema, o que só veio a acontecer quando ele assumiu a pasta.

Por Salada Verde
3 de novembro de 2008

Cinco anos em cinco meses

O ministro do Meio Ambiente alega ainda que, mesmo tendo sofrido pressões das áreas econômica e governamental, envolvidas em interesses não exatamente ambientais ou ligados à Saúde, não arredou o pé. Além disso, lembrou que o ministério está elaborando um Plano Nacional de Qualidade do Ar, com medidas que vão além do diesel, e que o papel dele agora é verificar se o Termo de Ajustamento de Conduta assinado pela Cetesb e governo de São Paulo, que determinou a realização de varias ações para compensar o não cumprimento da resolução. “Claro que não comemoramos. O ideal era a resolução ter sido cumprida, o que foi inviabilizado em cinco anos. Do ponto de vista em que enfrentamos o problema, há cinco meses, as decisões sob nossa responsabilidade foram todas transparentes e elogiadas”, disse.Veja também:A mamata do diesel sujoFrase antecipada para 2012Entidades repudiam proposta sobre dieselPassivo ambiental do diesel sujoJustiça exige diesel mais limpo

Por Salada Verde
3 de novembro de 2008

Atropelando a Mata Atlântica

Mal foi eleito para a prefeitura de Guaramirim (SC), Nilson Byllaardt (PMDB) já trocou os pés pelas mãos quando o assunto é preservação da Mata Atlântica. Em entrevista ao jornal A Notícia, ontem, ele anuncia a criação da Fundação Municipal de Meio Ambiente e avisa que "Não vamos fugir da lei, ela existe para ser cumprida. Nós temos de preservar o meio ambiente, mas também preservar o desenvolvimento da cidade. Há leis ambientais que tentam engessar o agricultor e nós precisamos pensar na produtividade. Precisamos discutir com os parlamentares de que Santa Catarina não é o Amazonas".

Por Salada Verde
3 de novembro de 2008

Caso particular, regra geral

Sem dúvida, caro prefeito. Até porque a devastação ecológica no Amazonas não chega aos pés do que se registra em Santa Catarina. Conforme um tradicional ambientalista daquele estado, a agricultura familiar está praticamente extinta em Guaramirim e, agora, o desenvolvimento mira morros preservadas para investimentos em plantios de palmeira real e de eucalipto. Sem falar na especulação imobiliária. A água consumida pela população municipal vem da Serra do Mar, do município vizinho de Schroeder (SC). Já a água que irriga os arrozais vem das matas e morros preservados na própria região. "Além da exigência do candidato a prefeito saber ler e escrever, deveria se exigir também algum tipo de teste para ver se ele não é um analfabeto "ambiental", disse o ecologista.

Por Salada Verde
3 de novembro de 2008

348 km² destruídos de floresta

O desmatamento na Amazônia atingiu 348 quilômetros quadrados em setembro, segundo relatório independente do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O número é quase três vezes mais alto do que a taxa registrada no mês anterior, quando foram detectados 102 km². Apesar disso, ele ainda é menor do que o desmatamento registrado em setembro de 2007, quando a derrubada da floresta contabilizou nada menos de 1.113 km². Segundo o Imazon, o estado recordista em desmatamento no período foi o Pará, que abocanhou 58% do total derrubado. Em seguida vem Mato Grosso (22%), Rondônia (10%) e Amazonas (7%). Os outros estados da Amazônia Legal – Acre, Amapá, Roraima e Tocantins – contribuíram com apenas 3% do total.

Por Salada Verde
3 de novembro de 2008

Corte raso X degradação progressiva

Os números do Imazon referem-se apenas aos locais onde houve destruição total da floresta (corte raso). Se contabilizadas as áreas de degradação florestal, onde a mata foi parcialmente destruída, a cifra sobre para 693 km², número próximo ao divulgado pelo Inpe para o mesmo período, quando seus satélites detectaram 587 km² de destruição. Segundo o Instituto, a degradação parcial foi registrada no Mato Grosso (40%), Pará (14%), Rondônia (2%) e Amazonas e Acre, que contabilizaram menos de 1% de degradação cada. Cerca de 14% da Amazônia Legal não pôde ser analisada pelo não-governamental devido à cobertura de nuvens. O instituto também não computou os dados da área maranhense, também na Amazônia Legal.

Por Salada Verde
3 de novembro de 2008

Reservas têm 6% de mata desmatada

Segundo Adalberto Verísimo, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, 87% do desmatamento computado ocorreu em áreas privadas ou dominada por posseiros. Assentamentos de reforma agrária foram responsáveis por 6% da devastação, mesma porcentagem da área destruída em unidades de conservação. A devastação dentro de terras indígenas representou apenas 1% do total.

Por Salada Verde
3 de novembro de 2008