No Brasil, pensar a longo prazo é coisa rara. Há décadas vivemos da mão para a boca em matéria de políticas públicas, sempre dominadas pela conjuntura, sempre prisioneiras do curto prazo. O horizonte das políticas se encurtou ainda mais com a hiperinflação. Até hoje, continuamos pensando o presente, quando não fazemos políticas olhando pelo retrovisor. O economista João Batista Tezza, diretor técnico e científico da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma das exceções a essa regra. “Na minha visão, esse projeto amadurece em 15 ou 20 anos”, me disse ele, numa pequena praia nas margens do rio Negro, entre Manaus e as Anavilhanas, sob o sol de quase meio-dia. Não era delírio gerado pelo calor. O projeto da Fundação Amazônia Sustentável não é simples, nem pode ser realizado de um dia para outro: conceituar, integrar e valorizar cadeias produtivas de serviços ambientais, no conjunto de unidades de conservação do estado do Amazonas, para obter o desmatamento zero e, na ponta final, créditos de carbono que possam ser comercializados no mercado voluntário.
O investimento na formação dessas cadeias de serviços ambientais tem um nome que soa a populismo: “bolsa floresta”. Na verdade, são várias bolsas: o “bolsa floresta familiar”, o “bolsa floresta associação”, o “bolsa floresta renda” e o “bolsa floresta social”. O familiar, corresponde à “recompensa” paga às mães de famílias moradoras em unidades de conservação pelo compromisso de conservar a floresta. O “bolsa associação” quer fortalecer as associações de moradores e “formar capital social”. O “bolsa renda” se destina a apoiar a produção sustentável e o “bolsa social”, é destinado a financiar ações de educação, saúde, comunicação e transportes.
P.S. Míriam Leitão fez imagens de vídeo dessa passagem pelas Anavilhanas e pelo Jaú. Veja uma prévia do vídeo, com imagens e narração de Míriam Leitão e editado por mim, aqui e a versão final no blog que ela mantém, no Globo On line.
Leia também
STF inicia novo julgamento do Marco Temporal
Primeiro dia de votação no Supremo foi marcado por mobilização nacional do movimento indígena; Ações questionam a constitucionalidade da lei do marco, aprovada em 2023 →
Coiab reage à aprovação da PEC do Marco Temporal e alerta para retrocesso constitucional
Aprovada às pressas, a PEC 48/2023 reacende disputa sobre direitos territoriais e ameaça a proteção socioambiental garantida pela Constituição →
Decisão do Congresso sobre licenciamento amplia litígios e riscos ambientais, dizem procuradores
Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público Federal (Abrampa) diz que lei do licenciamento é o maior ataque à política ambiental do país →





