Realmente, preciso me declarar um ignorante em política. Quando ainda freqüentava (sem sucesso algum) a universidade, lá se vão algumas décadas, a gente aprendia – em aula e nos corredores – que a direita fascista e raivosa levava o mundo a uma corrida armamentista, que ameaçava a existência humana e impedia o combate à pobreza, enquanto a bondosa esquerda tentava heroicamente inculcar o pacifismo e a solução de conflitos pela negociação na cabecinha de nossos governantes e das gerações futuras.
O que temos hoje são generais esfarrapados da reserva vomitando boçalidades sobre a falsa internacionalização da Amazônia, enquanto seus sucessores nada dizem e seus comandados nada aprendem sobre a importância da conservação da Natureza para a efetiva soberania do Brasil.
Não fora o que já se vê na (indi)gestão ambiental, na deterioração social do Brasil, na educação falida e falsa que “professores” mal capacitados e pior pagos oferecem às vítimas das escolas públicas, vem nosso galopante híbrido eleitoreiro Lulla Roussef agora desperdiçar o que o Estado rouba aos trabalhadores sob o nome de impostos para a aquisição de armamento obsoleto, impulsionado pelo caudilhismo boçal que varre o continente, de um lado, e pela histeria anti-americana de “assessores internacionais” do nível chulo de um Marco Aurélio “Top Top” Garcia (lembram, o cara que festejava no palácio enquanto o país chorava as vítimas do acidente da TAM em 2007).
Não que eu seja contra a recuperação de nossas falidas e abandonadas Forças Armadas, em absoluto. O que eu sou contra é a visão ideológica que as deforma historicamente, fazendo-as instrumentos de pseudo-defesa externa quando deveriam, isso sim, estar servindo ao moderno conceito de soberania ambiental, mais preocupados em combater os madeireiros criminosos na Amazônia do que o clown bolivariano além-Guiana; mais preocupados em acabar com o estupro do mar brasileiro pela pesca predatória que com uma defesa do pré-sal inexistente contra um inimigo indefinido. O que temos hoje são generais esfarrapados da reserva vomitando boçalidades sobre a falsa internacionalização da Amazônia, enquanto seus sucessores nada dizem e seus comandados nada aprendem sobre a importância da conservação da Natureza para a efetiva soberania do Brasil.
Além de um redirecionamento racional das Forças Armadas para uma missão constitucional de defesa do que interessa, talvez valesse a pena pensar em uma emenda à Constituição que obrigasse nosso verborréico Einstein de Garanhuns e seus sucessores a aplicar ao menos 50% dos gastos militares que inventam para se pavonear entre seus colegas bananeiros em conservação da natureza brasileira. Pode até ser, acredito, na própria área militar.
Senão vejamos: eu não teria nada contra Lullão Metralha botar no lixo 4 bilhões de euros em caças que ninguém mais quer comprar dos franceses, se ele fosse obrigado a investir 2 bilhões de euros em aviões de patrulha marinha de última geração para interceptar e afundar pesqueiros ilegais, aviões AWACS para localizar e direcionar tropas contra os madeireiros, garimpeiros e traficantes da Amazônia. Não reclamaria do patrono da própria sucessão pela Musa Plastificada dos Empreiteiros jogar latrina abaixo 6 bilhões de euros em submarinos, se ele fosse obrigado a aplicar outros 3 bilhões em navios de patrulha marítima efetiva contra a degradação de nosso mares, de fiscalização e controle de nossas (ínfimas e abandonadas) Unidades de Conservação marinhas, e em ampliação da Flotilha da Amazônia com a finalidade de assegurar a proteção de parques e reservas na bacia amazônica, além de fiscalizar os demais usos dos recursos naturais da região.
Mas não. Nossa “política de defesa”, infelizmente, está sendo ditada por pseudo-especialistas de casernas falidas e por assessores petistas que reinam sobre o meio palaciano. Em nenhum momento entra em cena, de fato, a defesa do que o país tem de mais importante para assegurar sua soberania, que é nosso patrimônio natural ímpar, a segurança efetiva de nossa biodiversidade. Só se quer gastar em papagaiadas para fazer ciúmes em argentinos e por pulga atrás da orelha de fantoches caudilhescos a oeste e norte de nossas mal cuidadas fronteiras.
Para assegurar a implantação de todo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação do Brasil seria necessário, creio eu, algo como 500 milhões de euros – ou vinte vezes menos o que o Grande Molusco promete à França em troca de seus cacos que fazem bum. Ou seja, com um pouco menos de histeria militarista de republiqueta bananeira, o Brasil teria dinheiro para implantar um sistema de áreas naturais protegidas moderno e eficiente, e ainda sobrariam bilhões para investir em energias alternativas, recuperação de áreas degradadas, financiamento do agronegócio sustentável, reorganização urbana das metrópoles, e saneamento básico para milhões que ainda não o tem, todas ações que não acontecem sob a surrada, mentirosa e falsa desculpa da “falta de recursos”, “contingenciamento” e outras balelas do jargão hipócrita de Brasília.
Realmente, acho que sou muito ignorante. Minha conta do que custa um Brasil moderno, sustentável e próspero não é a do balcão armamentista de nosso Bananeiro-mor e seu amigo mercador francês. Mas possivelmente estou errado, já que não se ouve um átimo de indignação dos súditos de Pindorama contra essa orgia escabrosa. Quem sabe o brasileiro queira isso mesmo, viver no circo do Carnaval e futebol protegido de outros anões mentais do entorno por caríssimos badulaques de Brancaleone, enquanto suas filhas e a Natureza seguem sendo roubadas e estupradas na próxima esquina pela falta de atenção com o que realmente importa.
*Esse texto foi editado em 19/05/2024 para repaginação
As opiniões e informações publicadas nas seções de colunas e análises são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente representam a opinião do site ((o))eco. Buscamos nestes espaços garantir um debate diverso e frutífero sobre conservação ambiental.
Leia também
Políticas, políticos e o atraso do Brasil: energia
Enquanto países ricos buscam alternativas para geração de energia, seguimos reféns do discurso eleitoreiro do “pré-sal” e do financiamento de térmicas a carvão sob a falsa bandeira de evitar o “apagão”. →
Atraso do Brasil: cidades insustentáveis
As grandes cidades brasileiras, graças à imensa e continuada cretinice de seus administradores, não podem mais tomar chuva sem entrar em parafuso →
A gritaria dos indecentes
É bom que todos conheçam a Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). É para lá que vai boa parte do dinheiro público que financia a destruição do nosso meio ambiente. →