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Queima Brasil: Lulla e Dilma no pulmão

Governo estimulou desrespeito às leis ambientais e agora uma temporada de queimadas afeta a saúde de milhares de pessoas.

1 de setembro de 2010 · 14 anos atrás
  • José Truda Palazzo, Jr.

    José Truda é jardineiro, escritor, consultor em meio ambiente especializado em conservação marinha e tratados internacionais, e indignado.

Minhas filhas, folgo em dizer, só me dão alegria. Uma delas, Lara, recém completou 15 anos, e como sua irmã Júlia vem sobrevivendo bem à adolescência num país de gente que aplaude os des-governantes enquanto seus filhos são assaltados, estuprados, assassinados, atropelados, ou massacrados pelo tráfico de drogas e armas estimulado pelos “cumpanhêro” em algumas das fronteiras com as quais fomos agraciados mas que seguem abertas à bandidagem por razões claramente ideológicas.

Lara, entretanto, tem asma. Algo que qualquer pessoa controla e supera desde que a moléstia não seja, como a corrupção, os empreiteiros depredadores da Natureza e a máfia da pesca industrial, cúmplice do des-governo federal de nosso Einstein de Garanhuns e sua candidata plástica. Esta semana, Lara, que mora na região metropolitana de Porto Alegre, foi mais uma das vítimas de saúde das queimadas assassinas que essa corja instalada no “pudê” vem estimulando pelo Brasil inteiro, e que chegou ao Sul na forma de uma nuvem de fumaça que vem lotando emergências por todos os lados com o agravamento de doenças respiratórias. Considerando a porquice que são nossas estatísticas de saúde, sabe-se lá quanta gente será morta pela queima de nossos biomas florestais e campestres à luz do dia e à sombra do desrespeito dos des-governantes pela saúde pública e desprezo dos mesmos pela biodiversidade.

É óbvio ulullalante que a pior temporada de queimadas da história registrada no país, e que inter alia atinge uma imensa quantidade de áreas supostamente protegidas, só acontece graças à cumplicidade estatal. O duo do fumacê Lulla e Dilma asseguraram, ao longo de seus oito anos de reino maligno anti-conservação, que os latifundiários se sentissem totalmente à vontade para torrar o patrimônio natural do país.

Na semana em que minha filha e milhares de pessoas são vítimas da intoxicação pela fumaça do Queima-Brasil, a candidata Dilma Roussef desfila em palanque eleitoral no Centro-Oeste de braços e abraços com Blairo Maggi.

Senão vejamos: a turminha no “pudê” abraçou e propagou um discurso absolutamente contrário à conservação e favorável ao desrespeito às leis ambientais, sugerindo que se passe por cima da legislação, como fez o iletrado etílico do Planalto em repetidas vezes que mencionei em meu artigo anterior. Encarregaram seu bedel boçal Aldo Rebenta, dito comunista, de promover não apenas a revisão legal, mas sim e principalmente uma campanha pública sem precedentes contra o Código Florestal e as instituições ambientalistas da sociedade civil, levando os criminosos do campo a aumentarem ainda mais a devastação florestal antecipando a mudança da lei que sequer ocorreu ainda. Promoveram o desmonte deliberado dos órgãos ambientais federais, fracionando-os e estrangulando-os com orçamentos miseráveis e perseguições asquerosas, como a recente proibição dos fiscais do IBAMA de… fiscalizar, para não atrapalhar os jabás do período eleitoral. Decretam, no pior estilo do nazi-fascismo, mudanças radicais no licenciamento ambiental sem a mais mínima consulta ao povo que sustenta esse circo dos horrores, com o objetivo explícito de acelerar as faraônicas e eleitoreiras obras ditas do PAC. Com esse quadro, ora pois, o recado claro é um só: torrem o Brasil, queimem tudo, sejam vocês latifundiários que nos financiam, “sem-terra” de fachada que nos aplaudem e servem de patrulha partidária, ou simples tarados que vertem fogo em favelas e às margens das estradas para ver tudo ir pelos ares: o Estado, podem ficar tranqüilos, não estará lá para cumprir as leis ou puni-los. Ou isso, ou porão a culpa em quem fuma e atira fora os tocos de cigarro ainda acesos. Como diz muito bem o veterano ambientalista gaúcho Augusto Carneiro, é a síndrome do cigarro-gafanhoto, que salta por aí torrando o Brasil sem que ninguém seja culpado.

Na semana em que minha filha e milhares de pessoas são vítimas da intoxicação pela fumaça lullesca e dilmenta do Queima-Brasil, a candidata Dilma Roussef desfila em palanque eleitoral no Centro-Oeste de braços e abraços com Blairo Maggi, um dois piores inimigos da biodiversidade brasileira, e sua turma. Mentiu deslavadamente na ocasião sobre seu interesse em conciliar conservação e agronegócio; é só ver seu prontuário no governo para entender para que lado penderá seu eventual governo. E seguiu em alegre carreata, enquanto aeroportos fechavam, o solo se arrebentava em milhões de hectares, a biodiversidade era calcinada e a economia do país perdia bilhões nessa fogueira das vaidades petisto-agrárias, e enquanto minha filha, vários de seus colegas de escola e tantos outros brasileiros se esforçavam por recuperar a saúde neste país de políticos desgraçados que não se preocupam nem com os próprios filhos, quanto mais com o futuro da Nação como um todo.

Nota do editor: Este artigo não representa posição editorial de ((o))eco com relação à atual disputa eleitoral. As opiniões aqui expressadas são de responsabilidade do autor.

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