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Mesmo ameaçado, população do papagaio-de-cara-roxa resiste

SPVS contabilizou mais de 7 mil indivíduos entre os litorais de São Paulo e Santa Catarina. Ameaçada de extinção, espécie se mantêm estável

Daniele Bragança ·
2 de julho de 2014 · 10 anos atrás
Ameaçado de extinção, o Papagaio-de-cara-roxa é endêmico da faixa litorânea da Mata Atlântica que vai do sul de São Paulo ao norte de Santa Catarina. Foto Fabio Schunck/divulgação.

A Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) colocou sua equipe em campo para contabilizar a população de papagaios-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), espécie ameaçada de extinção. Durante 3 dias, cerca de 50 pessoas se empenharam para ao fim contar mais de 7 mil indivíduos, distribuídos entre o litoral sul de São Paulo e o litoral do Paraná.

O Censo do Papagaio-de-cara-roxa é realizado desde 2003 no estado do Paraná e desde 2013 no estado de São Paulo e funciona da seguinte maneira: pesquisadores e voluntários visitam os dormitórios coletivos dos papagaios, onde as aves se concentram para passar a noite. Os pesquisadores e estudantes são distribuídos em pontos estratégicos, onde contabilizam os indivíduos quando se deslocam entre os dormitórios e os locais de alimentação. Esse deslocamento ocorre ao amanhecer e ao entardecer. As contagens são repetidas quatro vezes em cada dormitório.

Este foi o 12º Censo do Papagaio-de-cara-roxa, que reuniu cerca de 50 pessoas e foi realizado entre os dias 30 de maio e 01 de junho.

O total preciso contabilizado foi de 7.451 papagaios. No litoral do Paraná foram contabilizados 5.959 aves em seis dormitórios – quase 800 indivíduos a mais na comparação com o ano passado, quando o número foi de 5.160. Já no litoral de São Paulo, a população teve aumento de 62% de um ano para o outro: pulou de 926 para 1.492 indivíduos. Nessa região, foram visitados sete dormitórios localizados na Ilha do Cardoso, Ilha Comprida, Cananeia e Itanhaém.

Mesmo com a boa notícia, a equipe da SPVS segue cautelosa. De acordo com Elenise Sipinski, bióloga e pesquisadora responsável pelo projeto, apesar do aumento nos números, a população ainda está estável. “Para considerarmos um crescimento, os dados precisam ser mantidos durante os anos. O fato de a população não ter diminuído já revela que os esforços para a conservação vêm sendo positivos para a espécie”, afirma.

Segundo a SPVS, a maior área de concentração do papagaio-de-cara-roxa são as unidades de conservação de proteção integral localizadas no litoral paranaense, como o Parque Nacional de Superagui, em Guaraqueçaba, e a Estação Ecológica Ilha do Mel, em Paranaguá. “Foram quatro mil indivíduos registrados no interior dessas unidades, ou seja, quase 70% da população total”, diz Sipinski.

Sem registro

Exemplo de dormitório artificial feito pela SPVS. Foto: Zig Koch/SPVS.

O dormitório localizado em Guaratuba, Paraná, foi o único dessa edição onde durante três dias nenhuma ave foi encontrada.  Para Elenise, a explicação é a região já ter sido alterada no passado e a espécie alvo de captura. “Voltaremos em breve para nos certificar da situação”, diz.

No litoral de Santa Catarina, área também considerada como de ocorrência da espécie, desde 2011 a equipe vem buscando registros. Para Maria Cecília Abbud, bióloga e integrante do projeto, a “ausência das aves pode indicar a diminuição do habitat da espécie em virtude de alterações do espaço”.

O papagaio-de-cara-roxa só existe na Mata Atlântica, e estima-se que a sua população total seja de 8 mil indivíduos. A espécie é classificada Vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

 

 

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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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