Fotografia

Fotografia de alta velocidade “congela” movimento de animais

A natureza desvendada na fração impossível do bote da cascavel ou da aranha que ataca a mosca, até as asas congeladas de uma bela ave.

Hudson Garcia ·
7 de agosto de 2012 · 13 anos atrás

A fotografia é uma atividade que, em essência, se dá em uma fração de segundo. A maioria das imagens é feita utilizando velocidades em torno de 1/125 de segundo. Já a fotografia de alta velocidade empresta ao termo “fração de segundo” um novo significado, pois pede velocidades de 1/25.000 avos de segundo, para que possamos congelar e visualizar detalhes antes impossíveis de ser vistos.

A técnica é complexa, pois envolve sensores de movimento, que substituem o reflexo humano, pois este é lento demais para acionar a câmera a tempo de registrar ações tão rápidas. Flashes ultrarrápidos completam o equipamento capaz de paralisar o movimento da imagem.

Comecei a pesquisar o tema em 1996 e me senti fascinado com a possibilidade de utilizar esta técnica no registro da nossa fauna, mostrando assim cores, formas e texturas até então escondidas dos nossos olhos.

Minha investigação sobre a fotografia de alta velocidade data de 1998, mas só consegui desenvolver meus primeiros testes e o equipamento em 2005.

A dificuldade de realizar uma foto varia a cada situação. Tudo começa com uma meticulosa observação do comportamento animal, a cada caso, já pensando como o sensor de movimento vai funcionar. Busco um enquadramento bem delimitado e foco preciso. Devo prever exatamente como o animal irá agir e preparar tudo com antecedência.

Planejei por 10 anos a foto da cascavel que faz parte deste ensaio. Só a obtive recentemente. Primeiro, consegui que o CPPI (Centro de Pesquisa e Produção de Imunobiológicos), órgão que produz antiveneno aqui no Paraná, enviasse esta serpente ao amigo Julio Leite, um grande herpetólogo. Em seguida, delimitamos uma área para evitar que o animal escapasse.

O passo seguinte foi montar todo o equipamento e colocar a serpente no ponto certo. Então, com um balão cheio de água aquecida a cerca de 40º C provocamos o bote da serpente no ponto exato, para que tudo fosse capturado pela câmera. Depois de um dia inteiro de trabalho, aprovei 3 fotos.

height=”500

Hudson Garcia nasceu em Maringá, Paraná, em 27 de novembro de 1979. Começou a fotografar em 1994 e, desde então, se dedica à fotografia da natureza, produção de livros e exposições sobre a fauna e flora brasileira. Coautor do livro Parque Nacional do Iguaçu – Patrimônio Natural da Humanidade, já teve suas fotos publicadas em livros e revistas dentro e fora do Brasil. Após longa pesquisa, desenvolveu um equipamento voltado à fotografia de alta velocidade. Seu trabalho pode ser visto também no site hudsongarcia.com

height=”500

Leia também

Notícias
19 de dezembro de 2025

STF derruba Marco Temporal, mas abre nova disputa sobre o futuro das Terras Indígenas

Análise mostra que, apesar da maioria contra a tese, votos introduzem condicionantes que preocupam povos indígenas e especialistas

Análises
19 de dezembro de 2025

Setor madeireiro do Amazonas cresce à sombra do desmatamento ilegal 

Falhas na fiscalização, ausência de governança e brechas abrem caminho para que madeira de desmate entre na cadeia de produção

Reportagens
19 de dezembro de 2025

Um novo sapinho aquece debates para criação de parque nacional

Nomeado com referência ao presidente Lula, o anfíbio é a 45ª espécie de um gênero exclusivo da Mata Atlântica brasileira

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.