“A possibilidade da construção deste parque resgata um amor que eu havia perdido pela cidade de São Paulo”, diz Eliane Langer, que mora no bairro e começou a frequentar o chamado parque Augusta, um terreno de 24.752 metros quadrados, localizado entre a Rua Augusta e a Marquês de Paranaguá.
O local é um dos últimos resquícios intactos de Mata Atlântica na cidade de São Paulo, e é alvo de disputa entre ativistas e construtoras. Os moradores do bairro defendem que a Prefeitura compre o terreno, crie o parque e proíba construções. Do outro lado, os proprietários, as incorporadoras Cyrella e Setin, querem construir duas torres, uma comercial e outra residencial. Ao mesmo tempo, afirmam que a mata continuará preservada e aberta ao público.
A criação do Parque Augusta é uma proposta antiga e foi protocolada na Câmara dos Vereadores pela Sociedade dos Amigos do Bairro Cerqueira César. Neste mês, a Câmara dos Vereadores aprovou a proposta e aguarda sanção do prefeito Fernando Haddad (PT). Entretanto, Haddad declarou que a aquisição do terreno não faz parte das prioridades de sua gestão. O valor da área do parque é de R$100 milhões.
Ver Parque Augusta num mapa maior
No fim do seu primeiro mandata, em 2008, Gilberto Kassab emitiu um decreto transformando o local em área de utilidade pública. O decreto foi revogado duas vezes, em 2010 e 2012.
Apesar de ainda não ter acontecido as desapropriações, as construtoras não têm autorização para derrubar a mata, pois ela é tombada pelo patrimônio histórico, cultural e ambiental da cidade.
Hoje, o terreno se divide em duas partes, a primeira é propriedade privada, ocupada por um estacionamento que absorve a demanda de veículos ligados ao comércio local e a duas grandes universidades. A outra parte é pública. É nela que está a floresta.
Nos últimos meses, coletivos de arte, moradores locais e grupos culturais como a Matilha Cultural assumiram a frente da briga pela construção do Parque Augusta e ocuparam o local com oficinas de arte e educação ambiental. No fim de semana, dias 7 e 8 de dezembro, o movimento promoveu um evento com shows e piquenique que teve, segundo os organizadores, mil visitantes por dia.
Clique nas imagens para ampliá-las e ler as legendas. |
*editado às 17h do dia 13/12, com ajustes feitos a partir das observações da leitora Tatiana Bianconcini.
Leia também
Em São Paulo, ciclovia do Rio Pinheiros é expandida
Copenhague aposta em mini parques
Urbanização ameaça áreas de Mata Atlântica do Rio de Janeiro
Leia também
Ibama identifica mulher que torturou e matou onça-parda
Em vídeo que circula nas redes, a autora do crime aparece com espingarda na mão. Ela e os demais envolvidos responderão por maus tratos e morte do animal →
Mauro Mendes veta projeto que “transforma” Amazônia em Cerrado
Apesar de ter barrado proposta dos parlamentares de Mato Grosso, governador do estado sinaliza interesse na pauta ao criar grupo de trabalho para discutir tema →
Manejo tradicional já não garante produção em um mundo mais quente e seco
Em meio às recorrentes secas extremas, os produtores rurais são obrigados a acelerar adaptações e implementar sistemas agrícolas que amenizem a perda na produção →
É um pecado quererem destruir esse parque, é o último pedacinho de verde que a gente tem ali no meio do mar de prédios de SP. Espero mesmo que o parque continue firme e forte.