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Newsletter O Eco+ | Edição #201, Junho/2024

O destino incerto das ararinhas-azuis, desmatamento em projetos de renovável e o PL sobre direito das crianças à natureza

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16 de junho de 2024

A soltura de ararinhas-azuis no interior da Bahia evitaria uma nova extinção da espécie da natureza brasileira, mas ampliar sua reintrodução estaria atrelado no curto prazo a um novo repasse de aves de um criador na Alemanha, a ACTP (sigla em Inglês da Associação para Conservação de Papagaios Ameaçados de Extinção), cujo contrato não foi renovado pelo Governo Brasileiro. Enquanto isso, as aves livres já procriam. Filhotes nasceram em outubro passado e em março deste ano, reforça a reportagem de Aldem Bourscheit. Conforme revelado anteriormente por ((o))eco, o repasse de 4 araras-azuis-de-lear (Anodorhynchus leari) e de 26 ararinhas-azuis do criador alemão ao indiano Greens Zoological, Rescue and Rehabilitation Centre, em fevereiro do ano passado, foi um dos estopins para fim do acordo entre ACTP e ICMBio, que afirma não ter sido informado previamente da transferência.

Entre 2020 e 2023, o total desmatado no país por projetos de renováveis chegou a 9,4 mil hectares, área equivalente à capital do Espírito Santo, Vitória. A Caatinga do nordeste brasileiro é o bioma que mais tem sofrido com a situação, mostra reportagem de Cristiane Prizibiszcki, em banco de dados do MapBiomas. O maior desmatamento por projetos de renováveis – e também o de maior velocidade – já registrado pelo MapBiomas ocorreu em São José do Belmonte (PE), a cidade do autodenominado “maior complexo de energia solar da América Latina", comandado pela espanhola Solatio. Foram desmatados 1.513 hectares de vegetação nativa para dar lugar ao complexo de painéis fotovoltaicos. A cifra representa 1% do território total do município. “Isso é um total contrassenso para o Brasil. Não faz o menor sentido desmatar, principalmente para a [energia] solar”, disse Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas.

O projeto de lei 2225/2024 tem o objetivo de garantir o direito de crianças e adolescentes – os grupos mais vulneráveis e diretamente afetados pela emergência climática – à natureza e a um meio ambiente saudável. O Marco Legal Criança e Natureza toma como base os artigos 225 e 227 da Constituição Federal, além de outras normas, para propor a criação de políticas públicas e instrumentos para que todas as crianças e adolescentes tenham direito a um meio ambiente saudável e acesso à natureza em seu dia-a-dia. A matéria de Débora Pinto apresenta os detalhes dessa iniciativa, resultado da articulação de aproximadamente 80 organizações da sociedade civil e demais entidades.

Boa leitura!

Redação ((o))eco

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Os mistérios do gelo. Dentro dos corpos das baleias jubarte, há pistas sobre como as mudanças climáticas estão transformando a Antártica. A equipa científica da BBC atravessou o Oceano Antártico, com pesquisadores, numa missão para seguir e estudar as baleias gigantes desta região remota e congelada. [BBC]

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