Newsletter O Eco+ | Edição #210, Agosto/2024
18 de agosto de 2024
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A Mata Atlântica é hoje o bioma mais devastado do Brasil. Cerca de 90% de sua vegetação original já foi destruída e a fragmentação do que resta é acelerada. Cientistas vinculados a instituições no Brasil, Argentina, Noruega, Nova Zelândia e Inglaterra mostram um bioma despedaçado, com 97% do que resta em frações com menos de 50 ha. Conforme reportagem de Aldem Bourscheit, o quadro pode mudar no RJ e facilitar a conservação da biodiversidade implantando um mega corredor ecológico entre 156 parques e outro tipos de unidades de conservação. Os passos para a façanha foram demonstrados pelo engenheiro florestal Caio Alves da Costa Silva em seu mestrado junto ao Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O corredor liga UCs com ao menos 50 ha, excetuando Áreas de Proteção Ambiental.
Você já foi confundido com alguém da sua família? Já soltaram aquele “mas você é a cara de fulano!”? Pois com a recém-descrita Tacinga mirim a confusão era tanta que achavam que ela era uma espécie “prima”, a Tacinga palmadora. O pequeno cacto passou despercebido por mais de uma década, entretanto, era bem menor do que seu sósia e intrigava os cientistas, mostra matéria de Duda Menegassi. O artigo com a descrição da “palmatória-mirim” foi publicado no periódico científico Rodriguésia, do Jardim Botânico do RJ. A descoberta é assinada pelos pesquisadores Marcelo Oliveira Teles de Menezes, do IFCE, e Lânia Isis Ferreira Alves, da UFPB. Até onde foi constatado pelos cientistas, a nova espécie ocorre apenas em quatro municípios do interior cearense: Santa Quitéria, Canindé, Sobral e Catunda, todos parte dos domínios da Caatinga.
Na reportagem de Duda Menegassi, o resgate de um herói da conservação no Brasil: o Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) relançou um livro de 1971 do zoólogo Alvaro Aguirre, responsável pelo primeiro levantamento de muriquis do Brasil, pioneiro no campo e na pesquisa em prol da conservação dos muriquis. “Ele criou um novo modo de fazer pesquisa, que serviu de base para os estudos que vieram depois dele, de sair para campo, entrevistar o local, depois checar e cruzar essas informações”, pontua Sérgio Lucena Mendes, diretor do INMA, responsável por liderar os esforços para resgatar a obra, considerada tão necessária para inspirar as novas gerações de pesquisadores, e contou com o apoio da família de Aguirre, que lhe cedeu suas antigas cadernetas de campo.
Boa leitura!
Redação ((o))eco
· Destaques ·
Juntando os cacos da Mata Atlântica no Rio de Janeiro
Um cacto 100% cearense e já ameaçado de extinção
“O Mono, de Alvaro Aguirre”, o resgate de um herói da conservação no Brasil
· Conservação no Mundo ·
Alimentando a conservação. O último relatório anual de impacto da Global Foodbanking Network – organização sem fins lucrativos que trabalha com bancos alimentares regionais em mais de 50 países para combater a fome – concluiu que suas organizações membros forneceram 1,7 mil milhões de refeições para mais de 40 milhões de pessoas em 2023. Esta redistribuição de alimentos mitigou cerca de 1,8 milhões de toneladas de carbono equivalente. [Grist]
A volta das velozes. A raposa-veloz – conhecida como Nóouhàh-Toka’na pelos povos Aaniiih e Nakoda – já vagou pelas planícies do Texas ao Canadá, comendo pequenos roedores e insetos. Seu número diminuiu com a chegada dos colonizadores, que desmataram suas pastagens e montaram iscas venenosas para predadores. Na década de 1980, conservacionistas começaram a reintroduzir raposas nas reservas indígenas Blackfeet e Fort Peck, em Montana (EUA), mas esses animais não tiveram contato com outras populações do sul do país. Agora, indígenas Aaniiih e Nakoda estão trabalhando em conjunto com biólogos para reintroduzir de 30 a 40 raposas-velozes por ano, durante cinco anos, na reserva de Fort Belknap. [Yale360]
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A Enchente #2 As peças que faltam | Vós Social
Sempre que se começa a montar um quebra-cabeça, parte-se do princípio que todas as peças da imagem estejam à disposição. Mas desde o início ficou claro que não seria o caso do desenho da tragédia que assolou o Rio Grande do Sul em maio de 2024. Quem estava no RS, lidava com a urgência das perdas e com o medo daquela água que não parava de cair, que não parava de correr, que não parava de subir, que não parava de entrar, que não parava de levar tudo. Já os gaúchos que estavam longe lidavam com a impotência de não poder fazer nada e a ansiedade de assistir, pela televisão, o estado desaparecendo.