Newsletter O Eco+ | Edição #216, Outubro/2024
06 de outubro de 2024
Hoje é dia de eleição. Em Belém, cidade-sede da COP 30, um dos eventos mais importantes sobre Clima no mundo, percebemos a influência da Conferência na corrida eleitoral. Como ((o))eco tem repercutido, esse é um cenário que não tem sido percebido em outras cidades da Amazônia, nem mesmo diante de uma grave crise ambiental que se traduz em seca de grandes rios que já impacta a natureza e as comunidades. Enfoques como mobilidade urbana, gestão de resíduos, turismo comunitário, bioeconomia e fortalecimento de empreendimentos de economia solidária integram alguns dos principais eixos das propostas analisadas e destacadas pela reportagem de Elizabeth Oliveira.
Saindo do Norte e indo para o Sudeste do país, outro acontecimento parece ter influenciado a corrida eleitoral: atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), foi peça central para a alteração na legislação e aprovação à jato do contrato municipal que possibilitou a privatização da maior companhia de seu segmento na América Latina. Nunes recebeu R$2.2 bilhões de adiantamento nos cofres da capital paulista após a desestatização, gerando favorecimento ao prefeito em período eleitoral, alerta a reportagem de Débora Pinto.
Na sua coluna de estreia em ((o))eco, autores da Casa Fluminense apontam que investir em transporte público bom, gratuito, seguro e limpo é por si só uma política pública eficaz de desincentivo ao carro e diminuição das emissões de gases de efeito estufa. O transporte é historicamente uma das principais pautas da Casa Fluminense por entenderem que o direito à cidade e todos seus equipamentos públicos essenciais – como saúde, educação, emprego e cultura – dependem da garantia do livre e possível acesso de circulação das pessoas, sendo um dos setores chave no processo de transição energética justa, já que hoje é uma das categorias que mais contribuem para as emissões de gases do efeito estufa.
Boa leitura!
Redação ((o))eco
· Destaques ·
Qual o lugar da agenda ambiental na corrida eleitoral da cidade-sede da COP 30?
Apoio de Ricardo Nunes à privatização da Sabesp gerou favorecimento ao prefeito em período eleitoral
O transporte público como desafio e caminho para cidades mais justas e limpas
· Conservação no Mundo ·
Almoço roubado. Um experimento projetado para investigar o papel que as lagostas desempenham na regulação do número de ouriços-do-mar fez uma descoberta inesperada: na verdade, eram tubarões que estavam usando a espécie de aperitivo. A pesquisa, liderada pelo ecologista marinho Jeremy Day, da Universidade de Newcastle (Reino Unido), envolveu 50 ouriços-do-mar-gigantes e 50 ouriços-do-mar pretos amarrados à entrada de uma toca de lagosta. Ao longo de 25 noites, os tubarões comeram 45 ouriços, enquanto as lagostas comeram apenas quatro. Os ouriços-do-mar são nativos da região, mas tornaram-se uma praga na Tasmânia, onde ameaçam os ecossistemas locais. [TheGuardian]
Sinfonia da salvação. Entomologistas da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA) estão pesquisando maneiras de detectar melhor as pragas agrícolas que provocam graves perdas econômicas em todo o mundo. Melhorar esses métodos pode resultar no uso mais estratégico de pesticidas – com menos frequência, na hora certa. A pesquisadora Emily Bick tem uma solução para o problema: escutar vibrações únicas que um inseto emite quando mastiga uma planta para identificar o próprio inseto. O Insect Eavesdropper usa um microfone de contato, um dispositivo que músicos costumam usar em instrumentos acústicos, captando as vibrações que se movem através dele, registrando cada uma com um sinal elétrico. [NPR]
· Dicas Culturais ·
• Pra ouvir •
Não mate as abelhas! | Ciência ao pé do ouvido
Como funciona o universo das abelhas? Qual a importância delas na natureza e por que não devemos matá-las? Sem abelhas não é possível existir a espécie humana e tantas outras espécies da fauna e/ou da flora. Neste episódio, convidamos Fernanda Nogueira e Solange Augusto, biólogas formadas pela Universidade de São Paulo (USP), doutoras em Entomologia e docentes na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), elas estudam o comportamento das abelhas no Leca (Laboratório de Ecologia e Comportamento de Abelhas).
• Pra ler •
Mais-que-humanes | SUMAÚMA
Se pudéssemos calcular quantas vidas dependem de um único ipê da Amazônia, chegaríamos a uma conta perto de milhares, sem adicionar os bilhões de micro-organismos que vivem por seu tronco, folhas, galhos, flores e raízes. Esses mais-que-humanes podem existir por até um século, entrelaçados numa rede de seres que, unidos, mantêm a floresta em pé. Foi assim que viveu H.s.: pessoa-árvore, árvore-casa, cuja existência foi abreviada pela ganância humana. Esta é sua história