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A sutileza do vilão
O The Washington Post (gratuito, pede cadastro) acaba de publicar uma série de reportagens sobre a estratégia do governo de George Bush para tirar da frente das grandes empresas quaisquer barreiras ou custos ambientais ao seu negócio. Ao invés de tentar mudar leis, levando adiante uma luta pública contra ambientalistas, ele tem mexido nas regulamentações sobre saúde pública ou meio ambiente, de preferência em dias onde ninguém está prestando atenção, ou faz mudanças sutis, difíceis de perceber. A primeira tática ele usou em relação à tuberculose, doença que voltou a crescer nos Estados Unidos. Regras do departamento do Trabalho, que levaram mais de uma década para serem escritas, obrigavam funcionários de prisões ou hospitais que mantivessem qualquer contato com pacientes de tuberculose a serem testados sobre a doença. No dia 31 de dezembro de 2003, sem qualquer justificativa, a nova regulamentação foi cancelada. A opção pela sutileza foi aplicada à regulamentação que afetava as mineradoras. Nos anos 80, elas desenvolveram técnica de extração que dinamitava os topos dos morros e montanhas em exploração. Além de brutal, a técnica criava novo problema. Onde colocar o excesso de pedras e cascalhos que o método produzia. Em 1999, diante de uma conta que estimava em 1200 quilômetros a extensão de rios aterrados por dejetos da mineração despejados em vales, o governo mudou sua qualificação na regulamentação. Passou a chamá-los de lixo mineral. Com isso, parou com o despejo e a técnica de arrasar topo de morro praticamente sumiu. Reapareceu no ano passado, depois de Bush ter trocado a palavra que qualifica os dejetos de lixo para aterro, coisa que lhes dá o direito, segundo a legislação americana, de serem jogados em qualquer buraco.