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Carta – Comido pelas bordas

De Flávio Pedro,Excelente o seu relato no site. É exatamente isso que vem ocorrendo,cada vez em proporções maiores. Aproveito sua "deixa" para...

Redação ((o))eco ·
1 de novembro de 2005 · 19 anos atrás

De Flávio

Pedro,

Excelente o seu relato no site. É exatamente isso que vem ocorrendo,cada vez em proporções maiores. Aproveito sua “deixa” para relatar um fato que me deixou profundamente entristecido neste ultimo final de semana. Gosto de praticar caminhadas. Sempre tive vontade de subir a pedra do Calembá, situada às margens da Estrada dos Bandeirantes e com 321 metros de altitude. De seu topo, apesar de nunca ter estado lá,com certeza há uma das mais lindas visões panorâmicas da Barra e do Recreio. No sábado retrasado, dia 15, tentei subir a pedra do Calembá partindo da Rua Frei Tibúrcio, próximo a um sítio denominado Espaço Lonier. Ao cruzar um portão fincado no meio do asfalto, fui impedido de prosseguir por um indivíduo que me disse ser aquela área propriedade particular da PLARCON (não sei se é assim que se escreve). Com muita educação, tentei explicar-lhe que não queria invadir a tal PLARCON, e sim subir a pedra do Calembá, que fica à esquerda da suposta área particular. De nada adiantou a explicação e tive a entrada vetada. Então, peguei meu carro, retornei para a Estrada dos Bandeirantes e fui para o outro acesso da mesma rua. Desta vez, deparei-me com a cancela da IBRATA, pedreira que vem destruindo por completo a face da pedra do Calembá voltada para a Estrada da Boca do Mato.Pedi autorização para subir a pedra e também tive o acesso negado. Após duas tentativas frustradas, acabei subindo o morro do Nogueira, onde passei por dois acampamentos de caçadores.

No último sábado, dia 22 de outubro, para evitar complicações e mal entendidos, resolvi mais uma vez subir a pedra do Calembá, só que desta vez partindo da Estrada dos Bandeirantes, passando antes por um morro vizinho a ela, onde existe uma torre de alta tensão da Light, igual a várias existentes no percurso da “Transcarioca”. Fui até a torre e desci na direção do colo existente entre este morro e a pedra do Calembá,onde começaria a minha ascenção ao topo. Para a minha surpresa, quando estava próximo ao colo, ouvi um disparo de um armamento pesado na direção da encosta. O tiro veio da área que fica entre a IBRATA e a PLARCON. Parei, esperei algum tempo e depois prossegui. Pouco tempo depois ouvi novo disparo, mais uma vez na direção da encosta. Tomei o mesmo cuidado anterior e tentei prosseguir novamente. Então, os diparos começaram a ser dados com maior freqüência e começaram a atingir a área onde eu estava, inclusive adiante e à retaguarda de meu posicionamento, ficando eu claramente na linha de tiro do(s) executor(es). Prestando muita atenção em cada passo dado e utilizando as árvores e o caimento da encosta como cobertura, consegui me afastar do local e retornar à torre, de onde voltei rapidamente para o carro.

Em casa, refletindo, a única idéia que me veio à cabeça foi a de ter sido visto subindo em direção à torre, hipótese somente possível por alguém que estivesse passando pela Estrada dos Bandeirantes. Algum comunicado deve ter sido passado para o outro lado, que começou a disparar tiros na direção dessas duas elevações, numa atitude totalmente imprudente e irresponsável.

Sinceramente, achei um absurdo a situação a que fui exposto, que pode ser considerada como risco de vida, e gostaria de saber se a pedra do Calembá é realmente propriedade particular. Recordo-me bem da sua espetacular atuação, quando foi diretor do Parque NAcional da Tijuca, na subida da rampa que dá acesso à plataforma de vôo livre da pedra Bonita, quando baniu de uma vez por todas aquele impedimento ilegal que era feito no início da subida, onde seguranças desinformados afirmavam que se tratava de propriedade particular e que somente sócios da Associação de Vôo Livre tinham direito a subi-la em seus carros.

O Rodrigo, meu filho, mandou eu denunciar o ocorrido ao IBAMA, mas não creio ser este o caminho a ser seguido. Sugestões de sua parte serão muito bem vindas. Além da atitude inconseqüente do(s) atirador(es), o que me surpreendeu e chamou muito a atenção foi o armamento utilizado. Tiro de revólver é brincadeira perto dos disparos que ouvi. Trabalhei 4 anos como oficial da Marinha no Corpo de Fuzileiros Navais e sei do que estou falando. Já caminhei pelas matas do Rio próximo a várias comunidades como Borel, Casa Branca, Divinéia, Rio Pequeno, Mato Alto e outras, inclusive muitas vezes em sua companhia, mas nunca passei por coisa semelhante ao que aconteceu neste último final de semana.

Um grande abraço

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