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Carta – Incêndio criminoso III

De André PicardiCoordenador da Frente Popular em Defesa da Serra da Canastra Nunca é bom generalizar, principalmente quando se acusa. Não pensei...

Redação ((o))eco ·
26 de setembro de 2006 · 19 anos atrás

De André Picardi
Coordenador da Frente Popular em Defesa da Serra da Canastra

Nunca é bom generalizar, principalmente quando se acusa.

Não pensei que fosse ter que escrever novamente sobre este mesmo assunto, mas resolvi fazê-lo porque tenho muito apreço pelo Sr. Joaquim Maia Neto, Analista Ambiental do Ibama que atualmente ocupa o cargo de Chefe do Parque Nacional da Serra da Canastra, e não gostaria que opiniões divergentes fossem motivos de desentendimentos pessoais.

Quando foram publicadas em O Eco as primeiras informações sobre a possível origem criminosa dos incêndios, ainda não havia sido iniciado o inquérito por parte da Polícia Federal, que de qualquer forma é o primeiro que se tem notícia sobre incêndios na Canastra.

Quanto aos dados sobre a área queimada, quando eu escrevi eram estas as informações que eram divulgadas informalmente pelos funcionários da Unidade e pelo pessoal das aeronaves que trabalharam no combate ao fogo.

Também não pretendi generalizar quando escrevi “também temos problemas com funcionários do IBAMA que sistematicamente se recusam a cumprir com as funções para as quais são designados”. Esta é a transcrição do que foi escrito e publicado e em nenhum momento afirmei que isto acontecia com todos os servidores do IBAMA. Mas também não podemos tampar o sol com a peneira e dizer que é só um funcionário que faz isto, quando da vinda do Dep. Fed. Fernando Gabeira, aqui para a região representando uma Comissão Externa da Câmara dos Deputados, o funcionário designado para conduzi-lo recusou-se a fazê-lo e o Deputado teve que seguir de São Roque de Minas a Delfinópolis no veículo de um assessor do Deputado Carlos Melles e, a partir de Delfinópolis, seguimos em veículo do IBAMA conduzido pelo então Chefe do Parque, Sr. Vicente de Paula.

Na Portaria 3, de Sacramento, conforme informei à época a então chefe do Parque Rosilene, há um outro funcionário que mais de uma vez já foi visto, vendendo garrafas de pinga na própria portaria, em funcionamento.

São casos que não devem ser generalizados posto que a maioria dos servidores se esforça para cumprir com suas funções, mesmo diante das dificuldades materiais e humanas com que trabalham, mas que também não podem ser ignorados. Da mesma forma que não podem generalizar como se todos que moram na região fossem bandidos incendiários, dispostos a queimar unidades de conservação.

Quanto ao fato de a Prefeitura de São Roque de Minas não ter ajudado e a de Sacramento sim, o que posso dizer é que a de Sacramento administra recursos 10 vezes maiores que a de São Roque de Minas, que tem uma malha viária de 2.200 quilômetros de estradas de terra para fazer manutenção, e quando as máquinas (a prefeitura tem somente duas patrulhas mecanizadas) foram solicitadas, elas se encontravam no outro extremo do município, próximas a divisa com a Tapira.

Vale dizer que estou feliz com a volta do Sr. Joaquim Maia Neto para o Parque Nacional da Serra da Canastra, que os Analistas Ambientais concursados em 2002 que conheci são pessoas realmente dedicadas à causa da preservação ambiental e que vestem a camisa da instituição a qual estão servindo.

Sabia que o texto que encaminhei para o editor de O Eco causaria reações e respostas, de qualquer forma também não gostamos de generalizações, muito menos quando se tratam de acusações de práticas criminosas.

Aguardamos o resultado do inquérito policial federal e da perícia que vem sendo feita, e já me antecipo dizendo que não é justo punir fazendeiros que tiveram suas terras queimadas por um incêndio que fugiu dos limites do parque atingindo suas propriedades, como já vêm sendo alardeado nas ruas de São Roque de Minas.

Hoje estive em contato com parceiros aqui da comunidade com o intuito de realizarmos um Workshop sobre prevenção e combate a incêndios florestais na Serra da Canastra, com a promoção da Prefeitura Municipal de São Roque de Minas, o apoio da Saromcredi (Cooperativa de Crédito de São Roque de Minas) e participação de instituições de ensino e pesquisa e órgãos como a EMATER, o IEF e a Polícia Militar de Meio Ambiente, o PrevFogo (IBAMA) e o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, entre outras. Assim que o evento estiver formatado estaremos divulgando a data e o local.

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