De Júlio Pieroni
Se eu fosse um leigo e lesse tudo que há neste site sobre corrida de aventura, provavelmente estaria convencido de que as corridas de aventura são um grande problema ambiental nas unidades de conservação ou parques nacionais e estaduais.
Um texto muito bem escrito do Sr. João Augusto Madeira e muitas cartas de apoio devido à articulação e atitude que este grupo tem. Porém, é aí mesmo que reside a miopia das visões expostas, pois não há o contraditório, não há contestação e muito menos uma discussão democrática, que busque entendimento e verdade. O que há é uma linha de pensamento única, em seu próprio ambiente (site), alguns pouco informados, a fim de crucificar as corridas de aventura. Típico de pensamentos ditatoriais, do preconceito, do Brasil das minorias e o de que nada pode.
Já a carta Das Associações Paulista e Carioca, propõe debate, entendimento, e principalmente soluções para os problemas a não a eliminação sumária dos mesmos.
A corrida de aventura é um esporte moderno, dinâmico que une a pratica esportiva à natureza e a preservação da mesma. Possui todos os atributos de um esporte, na formação do caráter do individuo, na sociabilidade e no desenvolvimento humano.
Não pensam em nenhum momento em destruir a natureza, em descumpri a lei, mas sim usufruir das áreas de visitação intensiva, não restritas, dos parques e unidades de conservação, por onde as pessoas estão autorizadas a passar e usufruir.
Em uma corrida de aventura nunca passará um grupo de pessoas maior que em um dia de visitação nas áreas de parque e ainda, em pequenos grupos de quatro pessoas, em intervalos de tempo, de mais de meia hora cada. Estarão sim em uma competição, mas não creio que caminhar mais rápido gere mais impacto do que devagar. Talvez menos, porque ficarão menos tempo…”Por estarem competindo, não desfrutam, não vêem nada, não apreciam”. Como também se o olhar, o sentir, o cheirar, estivesse veiculado a algum tipo de velocímetro. Não consigo ver nenhuma diferença salutar sobre impacto ambiental do que quando praticamos montanhismo ou escalada, ou quando visitamos áreas de conservação, caminhando competitivamente ou não.
Também se fala que há um risco de se abrir precedente, e que toda a semana vai começar haver corridas de aventura em UC. Isto só ocorre em mercados de alta ou crescente demanda, e o de corrida de aventura é decrescente e muito menor que qualquer um de ecoturismo que visitam UC. Isto mostra mais uma vez a total falta de informação sobre o assunto dos envolvidos e para isto também existem estatísticas.
Fato é que não ocorre e não vai ocorrer mais do que duas corridas de aventura por ano que entram em Unidades de Conservação, quando entram, e este número vem se mantendo há mais de dez anos. Posso apostar que ninguém que escreve neste site sabe de mais de uma corrida por ano que entrou em uma UC.
O que fica claro é a total imparcialidade da discussão e falta de busca por um entendimento. E ainda, a total incapacidade de desenvolver o como fazer as coisas, optando pela cômoda posição do Brasil que não pode, exclusivista, que não trabalha, só critica e que fica esperando alguém resolver seu problema, tentando excluir o que lhe incomoda. As corridas de aventura não são o vilão que vocês tentam pintar, cumprem a lei, estão em conformidade com as práticas ambientais e abertas a conversar com quem a critique.
Parabéns aos textos escritos, mas desculpem: Não convencem, carecem de profundidade e cometem um erro crasso de perspectiva que é o de não querer conviver com o que lhes incomoda. Não contribuem com um país que precisa gerar desenvolvimento sustentável e de soluções para resolver problemas e não eliminá-los sumariamente.
Infelizmente ainda estamos como “amantes da natureza” entre aspas, pejorativamente, mas somos nós sim que estamos efetivamente contribuindo com os Parques, sem causar danos durante as corridas e dispostos a conversar sobre eventuais problemas. Parece que alguns se acham mais amantes que nós, mas amor sem conviver com as diferenças e sem negociação dos problemas não dá…
Nota do Editor: Caro Julio. A discussão democrática está ocorrendo e o site abriu sim espaço para visões contraditórias. Veja por exemplo os seguintes textos: Corrida de aventura e a bela profissão de advogado e A Autofagia do Movimento Ambientalista.
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