Notícias

Condenado, com língua afiada

Ruralistas criticam Blairo Maggi por ter apoiado moratória da carne e, em audiência sobre zoneamento da cana, dizem que 115 dos 141 municípios mato-grossenses serão prejudicados.

Redação ((o))eco ·
6 de outubro de 2009 · 15 anos atrás

Na semana passada saiu uma notícia tímida, quase escondida na imprensa de Mato Grosso, de que o presidente da Assembléia Legislativa e um dos políticos mais influentes do estado, deputado José Geraldo Riva (PP), havia sido condenado em primeira instância pelo Tribunal de Justiça por improbidade administrativa, sendo obrigado a devolver aos cofres públicos 2,6 milhões de reais. Pois nesta terça estava o parlamentar trabalhando normalmente numa audiência pública que ele mesmo convocou para discutir o zoneamento da cana-de-açúcar no estado, e aproveitar a oportunidade de criticar as restrições ambientais que o governo federal impôs ao proibir a expansão dos canaviais no Pantanal e na Amazônia.

Um de seus argumentos é de que a cana é um dos melhores sequestradores de carbono que existem, e que ao utilizar áreas degradadas para o plantio, os canaviais estariam ajudando o meio ambiente. Outro deputado, Wagner Ramos (PR) falou que o zoneamento da cana causará um “estado de sítio” e é uma afronta à soberania de Mato Grosso. Ao chamar a medida de  inconsistente e desprovida de embasamento legal, o parlamentar colocou em dúvida “supostos” problemas ao meio ambiente, esquecendo-se de que plantar lavouras nas cabeceiras dos principais rios do Pantanal assoreia cursos e mexe na vazão hídrica de todo o bioma.

Riva aproveitou o ensejo para criticar a moratoria da carne. Segundo ele, é um absurdo excluir uma parcela do segmento produtivo – aquela que, por sinal, produz carne a partir de desmatamentos ilegais. E avisou “não há como ter boi sem ser de área desmatada”. Apesar do compromisso de monitorar a cadeia produtiva da carne por parte dos frigoríficos, representante do Ministério da Agricultura tentou tranquilizar Riva e outros ruralistas dizendo que nenhum produtor será prejudicado. O vice-presidente da Federação de Pecuária e Agricultura de Mato Grosso (Famato), Normando Corral, chegou a dizer que 115 dos 141 municípios mato-grossenses ficarão “fora do processo de produção”. Os parlamentares querem marcar uma reunião com o governador Blairo Maggi para pedir explicações sobre a moratória. 

Leia também

Reportagens
18 de abril de 2024

A nova distribuição da vida marinha no Atlântico ocidental

Estudo de porte inédito pode melhorar políticas e ações para conservar a biodiversidade, inclusive na foz do Rio Amazonas

Análises
18 de abril de 2024

Uma COP 30 mais indígena para adiarmos o fim do mundo

Sediada pela primeira vez na Amazônia, a conferência traz a chance de darmos uma guinada positiva no esforço para frear a crise climática que ameaça nossa espécie

Notícias
18 de abril de 2024

PSOL pede inconstitucionalidade de lei que fragiliza o licenciamento ambiental no ES

Para o partido, as mudanças no licenciamento estadual não estão previstas na legislação federal e prejudicam o meio ambiente; lei tirou espaço da sociedade civil nos processos

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.