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O legado de Mee

Centenário de nascimento da ilustradora e conservacionista inglesa Margaret Mee é comemorado no Rio com exposição de pinturas. Algumas, jamais exibidas para o público. Veja imagens.

Andreia Fanzeres ·
19 de novembro de 2009 · 15 anos atrás

O Rio de Janeiro está sendo palco da mais recente exposição de ilustrações da botânica inglesa Margaret Mee (1909-1988), que passou boa parte de sua vida desenhando espécies da flora amazônica em mais de 15 expedições que fez à região entre 1956 e 1988.

Para comemorar o centenário de nascimento da artista, a curadoria selecionou 140 obras de Mee, entre desenhos, aquarelas, além de objetos pessoais, ampliações fotográficas, páginas de cadernos de anotação e até um vídeo da ilustradora inglesa. Os visitantes também têm a oportunidade de conhecer os artistas que se inspiraram no trabalho de Mee e dão continuidade à sua obra. Muitos deles apoiados pela Fundação Botânica Margaret Mee, inaugurada no Rio de Janeiro em 1989, um ano após a morte da artista.

Para exibir um acervo tão robusto da obra de Mee, a curadora da exposição, Sylvia de Botton Brautigam, reuniu diversas coleções, como a Coleção Bradesco de Arte Brasileira, Instituto de Botânica de São Paulo, Academia Brasileira de Ciências do Rio de Janeiro, Herbário Bradeanum da UFRJ, Coleção Marta e Paulo Kuczynski e colecionadores particulares. Um dos destaques da exposição é a apresentação de 23 obras dedicadas às orquídeas pela primeira vez. As bromélias, uma de suas paixões, também podem ser apreciadas em 54 aquarelas.

Foto de Mee: Claus Meyer

O trabalho de Mee é hoje encarado como um registro histórico precioso de diversas espécies da flora brasileira que correm risco de desaparecer. Em suas incursões pela Amazônia, Mee acabou sendo pioneira em outras atividades, como a primeira mulher a escalar o Pico da Neblina. Margaret Mee está entre as artistas de referência do Kew Gardens, maior Jardim Botânico do mundo, em Londres, e é descrita não apenas como artista, como uma conservacionista. Ao perceber que as espécies que retratava estavam sob ameaça, passou a pintar também a região onde elas eram encontradas, na tentativa de explicitar em sua obra a interdependência da natureza. Não raro, Mee era vista concentrada em suas observações e pinturas no próprio local onde achava as plantas. Algumas, sequer registradas em seu tempo.

Com apenas lápis e tinta guache, ela fez mais de 400 pinturas com valor inestimável para a Ciência. Uma de suas maiores conquistas foi ter conseguido, após 24 anos de expedições na Amazônia, pintar a chamada “flor da lua” (Selenicereus wittii), assim conhecida porque só abre durante a noite.

Mee faleceu em 1988 num acidente de carro, na Inglaterra.

Serviço:

A exposição “Margaret Mee – 100 Anos de Vida e Obra e seu Legado Os Novos Artistas Botânicos” acontece até o dia 20 de dezembro no Centro Cultural dos Correios, no centro do Rio, de terça à domingo, das 12h às 19h. A mostra já passou por São Paulo e em 2010 deve percorrer Recife, Salvador, Curitiba e Brasília. A entrada é franca.

Veja algumas das ilustrações da mostra (clique nas imagens para ampliar):

  • Andreia Fanzeres

    Jornalista de ((o))eco de 2005 a 2011. Coordena o Programa de Direitos Indígenas, Política Indigenista e Informação à Sociedade da OPAN.

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