![]() |
A segunda semana da Conferência do Clima, em Copenhague, foi um marco para a história do meio ambiente e das negociações internacionais. Começavam a chegar os líderes mundiais que iriam decidir o futuro do planeta e, infelizmente, o fracasso que viríamos a saber depois. Todos estavam ansiosos pela chegada dos chefes de estado que prometiam desatar os tantos nós que ainda existiam nos rascunhos de acordo que apareciam aqui e ali. O sentimento de esperança e ansiedade ainda pairava sobre o Bella Center.
Mas, para mim e Andreia, aquela semana tinha sabor especial. Foi na segunda-feira, dia 14, que recebemos o prêmio Earth Journalism Awards, criado como forma de reconhecimento da excelência de reportagens capazes de sensibilizar e promover uma nova visão sobre questões relativas às mudanças climáticas – em escala regional ou sobre temas específicos.
Naquela noite, a série de reportagens “A Trajetória da Fumaça”, publicada em O Eco em setembro, foi considerada o melhor trabalho de jornalismo ambiental da América Latina, ganhou Menção Honrosa na categoria Florestas e levou o grande prêmio da noite, o Voto Popular, com cerca de 1700 dos 6239 votos vindos de todo o mundo.
Foi uma grande noite, sem dúvida. Mas, naquelas semanas, nosso maior prêmio foi cobrir a COP-15. Certamente, esta não foi uma conferência qualquer. Acredito que, se não todos, a maioria dos 3500 jornalistas que dividiam a imensa sala de imprensa do Bella Center compartilham comigo essa opinião. Pude ver em seus textos na internet, nas entradas ao vivo, nos áudios que gravavam para rádio. Em muitas línguas, os adjetivos que usavam não eram típicos de cúpulas da ONU. Eles falavam muito mais sentimentos humanos, em esperança, drama, fracasso, ruína.
Foram dias intensos. Longas maratonas de trabalho, a corrida (às vezes literal) por novos fatos e informações, as negociações entre chefes de estado que se encontravam ali, quase ao nosso lado, o colapso na infra-estrutura do local, as vozes de diversos países em busca de maior atenção aos seus problemas, o café inseparável para nos deixar acordados, a diplomacia e os interesses próprios de cada nação acima de evidências científicas e apelos ambientalistas.
O mundo inteiro estava ali, tentando decidir o futuro que queriam dar ao planeta. E nós também estávamos, cobrindo da melhor forma possível, com todas as ferramentas que dispúnhamos, os passos que fizeram com que a COP-15 seja lembrada por muito tempo como um dos principais eventos do século. Por tudo o que foi – a intensidade da cobertura, o final decepcionante para todos, e, particularmente para mim e Andreia, o reconhecimento de muito esforço – a COP -15 será lembrada por nós como um momento muito especial. Até que os próximos venham.
Leia também
STF derruba Marco Temporal, mas abre nova disputa sobre o futuro das Terras Indígenas
Análise mostra que, apesar da maioria contra a tese, votos introduzem condicionantes que preocupam povos indígenas e especialistas →
Setor madeireiro do Amazonas cresce à sombra do desmatamento ilegal
Falhas na fiscalização, ausência de governança e brechas abrem caminho para que madeira de desmate entre na cadeia de produção →
Um novo sapinho aquece debates para criação de parque nacional
Nomeado com referência ao presidente Lula, o anfíbio é a 45ª espécie de um gênero exclusivo da Mata Atlântica brasileira →





