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Frente Ambientalista volta à atividade

Após crescimento nas eleições de 2010, bancada é contrária a relatório de Aldo Rebelo e vê Belo Monte como outro dos principais desafios do ano.

Nathália Clark ·
16 de fevereiro de 2011 · 14 anos atrás

Brasília – A Frente Parlamentar Ambientalista reiniciou seus trabalhos nesta quarta-feira, 16. Em cerimônia de relançamento e apresentação dos novos integrantes e das metas para 2011, o deputado Sarney Filho (PV/MA), coordenador da Frente, afirmou que dois dos grandes desafios este ano serão impedir que as mudanças no Código Florestal sejam aprovadas de acordo com projeto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP), e lutar contra o início das obras da usina de Belo Monte, no Pará, sem o devido cumprimento das condicionantes ambientais.

O ponto principal da apresentação foi mesmo a importância da votação do Código Florestal. Márcio Macedo (PT/SE), nova adesão da Frente, frisou que é importante uma atualização da legislação, mas que “um tema dessa relevância não pode ser aprovado a toque de caixa”. Segundo ele, a bancada do PT decidiu ontem propor a criação de um grupo de trabalho para discutir uma alternativa ao projeto apresentado pela Comissão Especial. Macedo, que apresentou requerimento para a criação do GT, explicou que a intenção é discutir os pontos mais polêmicos com outros partidos e com o governo.

Já Alfredo Sirkis (PV/RJ) afirmou que, no ano passado, havia no Congresso uma “correlação de forças perigosas”, mas hoje, com cerca de 45% de renovação dos parlamentares, “a situação está melhor”. Ele lembrou ainda que a presidente Dilma Rousseff assumiu, em sua campanha eleitoral, o compromisso de vetar determinados dispositivos do projeto de lei. No entanto, segundo ele, isso não será preciso se a versão que o Ministério do Meio Ambiente está preparando for aprovada.

Ivan Valente (PSOL) ao lado de Sarney Filho (PV), ao centro, durante lançamento da nova Frente Parlamentar Ambientalista (foto Nathalia Clark)
Ivan Valente (PSOL) ao lado de Sarney Filho (PV), ao centro, durante lançamento da nova Frente Parlamentar Ambientalista (foto Nathalia Clark)

Sobre a nova proposta que será apresentada pelo governo, Sarney Filho disse que “está boa, mas ainda há ajustes a serem feitos”. De acordo com o deputado, o governo quer criar uma proposta intermediária, o que é considerado pela Frente uma via “perigosa”. “Entendemos hoje que diminuir as áreas de APP nas matas ciliares e beiras de rio é muito prejudicial, principalmente na Mata Atlântica, uma vez que essas APPs já se transformaram em corredores ecológicos. Dentro dessa perspectiva, portanto, não achamos que deva ter um meio termo: é sim ou não”, defendeu o ambientalista.

Ele disse ainda que a Frente não apoiará nada que permita mais desmatamento, ou que não seja coerente com a preservação dos biomas brasileiros. “Os ruralistas querem a Amazônia como fronteira agrícola, nós, ambientalistas, queremos que ela seja fonte de serviços ambientalmente sustentáveis, e que ganhemos com a cobrança por esses serviços naturais extremamente valiosos”, afirmou.

Em balanço do movimento nos últimos quatro anos, Sarney destacou como grande vitória a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, e as iniciativas para barrar retrocessos na legislação ambiental

.Hoje, a Frente conta com a inscrição de 302 parlamentares, sendo 10 senadores e 292 deputados(as), número que vem em ascensão nos anos mais recentes, principalmente depois da última eleição, em que, como vê o próprio Sarney Filho, teve como forte presença o tema ambiental.

Estiveram presentes, nesta manhã, os deputados Ivan Valente (PSOL/SP), Ricardo Tripoli (PSDB/SP), Chico Alencar (PSOL/RJ), Jandira Feghali (PCdoB/RJ), Alfredo Sirkis (PV/RJ), Paulo Piau (PMDB/MG), Domingos Dutra (PT/MA), Márcio Macedo (PT/SE), entre outros parlamentares, representantes do MMA e ICMBio, e de organizações civis, como WWF-Brasil e SOS Mata Atlântica. A ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, foi convidada, mas não compareceu ao evento. (Nathalia Clark)

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  • Nathália Clark

    Nathalia Clark é jornalista na área de meio ambiente, desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas, justiça social e direitos humanos.

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