Semana passada, alguns leitores de ((o))eco questionaram a veracidade das informações a respeito da história da onça pintada Gavião e o tratamento que recebia do ex-dono, o veterinário Ederson Viaro. A dúvida foi levantada a partir de uma foto do animal, publicada em ((o))eco em fevereiro deste ano.
Em 2005, Gavião foi retirado da fazenda de Viaro e levado à ONG NEX (No Extinction) pelo Ibama. Cristina Gianni, diretora da organização, conta que o animal permaneceu acorrentado por 11 anos na fazenda do ex-dono. Gavião tem muitas cicatrizes ao redor do pescoço e teve as garras arrancadas. No entanto, de acordo com o leitor Geraldo A.S.Filho, zootecnista e mastozoólogo, Gavião recebia tratamento semelhante ao de um mascote de estimação. “Entrava e saia de casa quando queria, dormia junto com os filhos (o Marcelo e a Ellen) do proprietário na mesma cama de casal. Entrava e nadava no rio Branco, que passa a 70 metros da sede da fazenda, também quando queria. Somente quando as ”crianças” foram para Cuiabá estudar é que o Gavião passou a ficar na corrente, mas não o tempo todo. Quando o proprietário da fazenda ficava por lá o Gavião sempre ficava solto!”, afirmou em comentário publicado no site.
((o)) eco teve acesso a documentos e imagens que mostram como Ederson Viaro se relacionava com onças. Em 2004, ele foi preso em flagrante em plena atividade de caça a onças. Leia trecho do habeas corpus nº 144.481, negado pela Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, tendo como relator o Ministro Vasco Della Giustina:
O que diz o habeas corpus
“Na data de 31 de agosto do ano de 2004, EDERSON VIARO e JOSÉ PAULO DA SILVA, de forma livre e consciente, em unidade de desígnios e pluralidade de condutas, mataram espécie nativa ameaça de extinção sem a devida permissão da autoridade competente. O denunciado EDERSON VIARO possuía, mantinha sob sua guarda e transportava arma de fogo, acessório e munição de uso permitido e uso proibido, sem autorização e em desacordo com determinação legal.
No dia anterior aos fatos, agentes ambientais da Fema realizavam o mapeamento da região do Parque Estadual do Guira, quando depararam com um veículo de propriedade do denunciado Ederson que se encontrava com defeitos mecânicos e mantinha 18 (dezoito) cães atrelados dois a dois. Ao procederem a abordagem e vistoria no veículo, os agentes ambientais apreenderam 02 (duas) armas de fogo calibres 44 (quarenta e quatro) e 357 (três, cinco, sete) de origem estrangeira, e notificaram o denunciado a retirar os cães daquela área.
No dia posterior aos fatos narrados, os agentes ambientais retornaram ao local supra mencionado e abordaram o veículo conduzido por Celio Pereira da Silva e Antonio Dutra Lopes que estava rebocando o veículo de propriedade de Éderson. Nesse momento, ouviram tiros e latidos de cachorros. Ao chegarem ao local da origem dos ruídos, os agentes ambientais flagraram o denunciado José, que trabalha como vaqueiro para Ederson, carregando em seu ombro uma cabeça e um rabo de onça pintada da espécie Phantera Onça, sendo por isso, preso em flagrante delito. (…) Pela análise dos materiais apreendidos depreende-se que Ederson se dedicava à prática reiterada de caça profissional de onças”.
Gavião foi, então, apreendido pelo Ibama. Mais recentemente, a portaria n. 004, de 25 de janeiro de 2011, do Ministério Público Federal, através da procuradora da república em Cárceres (MT), Samira Engel Domingues, instaurou inquérito civil público “para apurar denúncia exibida no Programa do Ratinho pela possível prática de caça profissional, no ano de 2004, de onça pintada, espécime de animal silvestre ameaçado de extinção, na fazenda São Jorge, no município de Lambari do Oeste, de propriedade de Ederson Viaro”.
Na galeria abaixo, imagens mostram como ex-dono tratava Gavião.
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