A riqueza da flora na região de transição entre os biomas Caatinga e da Mata Atlântica é ainda pouco conhecida. É lá, num rochedo localizado dentro do Parque Estadual da Pedra da Boca, uma unidade de conservação estadual localizada no município de Araruna, na Paraíba, que o botânico Ricardo Ambrósio Soares de Pontes coletou pela primeira vez, em 2004, uma espécie incomum do gênero Tillandsia, da família das bromélias. Quase 8 anos depois, a nova bromélia, denominada Tillandsia paraibensis, foi descrita na última edição da Rodriguésia, a revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
A T. paraibensis vive na rocha nua a pleno sol e sem nenhum acúmulo de substrato, ou seja, não precisa de terra ou outro tipo de nutrientes para sobreviver. Esta planta é de difícil floração, o que dificultou a confirmação da espécie.
“Após um exaustivo trabalho de taxonomia (identificação), visitando coleções locais e nacionais, artigos científicos e consultas a outros especialistas, decidi descrever em 2010 esta nova espécie, que foi submetida para a publicação em 2011 e publicada em 2012”, disse Pontes, em entrevista por e-mail ao ((o)) Eco.
A primeira coleta da bromélia foi feita em 2004, quando Pontes desenvolvia seu projeto de mestrado pela Escola Nacional de Botânica Tropical do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, e percebeu estar diante de uma nova espécie.
Até o momento, a nova espécie só foi encontrada neste complexo de afloramentos rochosos, sendo considerada uma espécie microendêmica – só ocorre neste local.
“Esta descoberta é extremamente importante para a conservação desta área natural, onde apenas espécies altamente adaptadas conseguem sobreviver. Demonstra que a área é rica em biodiversidade e é ainda pouco conhecida. Outras espécies podem ser descobertas” explica Pontes.
A T. paraibensis já faz parte do acervo de plantas vivas do Jardim Botânico de João Pessoa e, quem tiver interesse, pode ir lá conhecê-la.
Ricardo Pontes trabalha como assessor técnico da Secretaria de Meio Ambiente do Município de João Pessoa e é consultor ambiental da área florística do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (CEPAN), em Recife (PE).
*Editado em 08//10/2012 – às 11h40
Leia também
Doações minguadas de países mantêm distantes as metas de financiamento na COP16
Enquanto isso, uma em cada três espécies de árvores planetárias já correm risco de extinção, mostra nova lista vermelha da UICN →
Datafolha: 91% apoia criação de mais parques nacionais, hoje frequentados pelos mais ricos
Pesquisa nacional encomendada pela SOS Mata Atlântica aponta necessidade de democratização no acesso às áreas verdes; maioria quer ver mais ações dos governos contra a crise climática →
Compostagem no Brasil: com quantos baldinhos se faz uma revolução?
No país que recicla menos de 1% do seu lixo orgânico, a compostagem cresce pela força do empreendedorismo que ocupa lacunas deixadas pela ineficiência da gestão pública →
Em Itapipoca/CE e Uruburetama/ CE também tem.
Aqui em Quixadá Ceará também tem essa espécie, nas pedras do açude cedro