O incêndio no Parque Nacional da Chapada Diamantina, na Bahia, está sob controle, segundo informa a Coordenação de Emergências Ambientais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Nesta segunda-feira, brigadistas trabalhavam no rescaldo do incêndio, debelando pequenos focos de fogo e calor que ainda persistiam, quando foram acionados para combater um novo princípio de incêndio, rapidamente controlado.
“Hoje não tem fogo no Vale do Capão”, comemorou o chefe da brigada voluntária, Thairon Ribeiro, após 126 horas de combate ininterrupto às chamas. O fogo começou no dia 7 de janeiro, no município de Palmeiras, na área cortada pelo Rio Capão, ao norte do Parque Nacional. Neste início de semana, choveu um pouco na região, o que aumentou o otimismo dos brigadistas. “Mas a gente ainda está em alerta”, afirma Ribeiro.
Com base em imagens de satélite, o Instituto Chico Mendes calculou que o incêndio havia atingido 1028 hectares do Parque, que se estende por 152 mil hectares. Mas o chefe da Brigada Voluntária do Vale do Capão acredita que as chamas podem ter se espalhado por uma área ainda maior. “Eles fizeram um levantamento do alto e deram um número, mas não contaram o relevo. A gente acha que é muito mais”, ressalta.
Os brigadistas devem acompanhar as linhas de fogo com um GPS, para fazer um novo cálculo do estrago provocado pelas chamas. Mas já sabem que o prejuízo foi grande. “Queimou muito, a gente perdeu fauna, flora, nascentes. O que perdeu não se recupera mais e não regenera mais”, lamenta o brigadista voluntário, que trabalha como guia turístico no Parque Nacional.
De acordo com ele, as chamas avançaram no Vale do Capão, atingindo a Serra dos Cristais e a Cachoeira da Fumaça. Mas segundo Ribeiro, felizmente elas foram controladas antes de chegar ao Morrão. Brigadistas usaram abafadores e bombas costais no combate direto ao fogo e construíram aceiros para evitar que as chamas se espalhassem ainda mais.
Apesar deste incêndio ter atingido uma área menor do que em 2008, quando 75% do Parque Nacional foram queimados, desta vez o combate foi ainda mais difícil. O clima estava muito seco e quente, favorecendo o fogo. “Foi um incêndio criminoso, porque a gente combatia em um lugar e colocavam fogo em outro”, afirma Ribeiro.
Ele cita a caça praticada na região como uma das causas do fogo. “Após oito dias do fogo, os bichos voltam para comer o capim que está crescendo. Então os caçadores põe fogo para pegar estes animais”, conta a o guia turístico. Garimpeiros também agem na região. Eles usam o fogo para limpar a beira dos rios onde extraem minerais. E há também atos de vandalismo, pessoas que põe fogo simplesmente para ver as chamas queimarem.
Leia também
Poluição química de plásticos alcançou os mais antigos animais da Terra
Estudos identificaram que proteínas geradas nas próprias esponjas marinhas eliminam essas substâncias prejudiciais →
2024 é o primeiro ano em que a temperatura média da Terra deve ultrapassar 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais
Acordo de Paris não está perdido, diz serviço climatológico europeu. Confira a galeria de imagens com os principais eventos extremos de 2024 →
Obra milionária ameaça sítio arqueológico e o Parna da Chapada dos Guimarães, no MT
Pesquisadores, moradores e empresários descrevem em documentário os prejuízos da intervenção no Portão do Inferno →