Com o respaldo de 15 países membros, a Comissão Europeia proibiu por 2 anos o uso de 3 pesticidas apontados como responsáveis pelo desaparecimento de abelhas, um problema que afeta a produção de alimentos, já que são elas as responsáveis por pelo menos 73% da polinização das plantas, de acordo com estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), publicado em 2004.
A moratória começará a valer em 1º de dezembro deste ano. O anúncio foi feito na última segunda-feira (29) e proíbe a comercialização de pesticidas à base de clotianidina, imidacloprid e tiametoxam. Oito países votaram contra a suspensão dos agrotóxicos e 4 se abstiveram.
As 3 substâncias poderão ser usadas apenas em plantações que não atraem abelhas ou outros polinizadores. A suspensão do uso foi baseada num relatório da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA), após concluir que os agrotóxicos analisados são um risco para as abelhas e, portanto, deve ter o uso limitado.
Produzidas principalmente pela Bayer, da Alemanha, e a Syngenta, da Suíça, as 3 substâncias são eficientes nos controles de pragas. Os fabricantes se defendem dizendo não haver estudos que comprovem a ligação direta entre o uso das substâncias com o desaparecimento dos polinizadores, conhecido com Desordem de Colapso da Colônia (em inglês, de Colony Collapse Disorder – CCD).
Já os ambientalistas reafirmam a importância da medida para a proteção das abelhas. O grupo Avaaz, que fez a campanha “Emergência Mundial Pelas Abelhas”, em 2011, publicou comunicado comemorando a decisão. Inúmeros protestos foram feitas pedindo a restrinção das substâncias agora proibidas.
Em defesa das abelhas também no Brasil
No Brasil, o Ibama começou a reavaliar 4 agrotóxicos ligados ao desaparecimento de abelhas em julho do ano passado e proibiu a pulverização aérea com Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil.
Por pressão dos produtores rurais, que afirmaram não ter tempo para se adequar a normativa, as regras foram flexibilizadas, com regras especiais para as culturas de soja, trigo, arroz, algodão e cana-de-açúcar.
Leia também

Ibama estuda proibir agrotóxicos nocivos às abelhas
Processo com estudo e restrições a 4 componentes de agrotóxicos suspeitos de contribuírem para a morte ou deformação desses polinizadores →

Governo flexibiliza uso de agrotóxicos nocivos a abelhas
Após pressão de setores rurais, Ibama modifica normas sobre pulverização aérea de substâncias ligadas a desaparecimento de polinizadores. →

Com falhas na regulação, garimpo de ouro legalizado cresce na Amazônia
Pesquisa mostra que, mesmo que realizado de forma legal, garimpo de ouro provoca impactos ambientais semelhantes aos da atividade ilegal →