No filme Jornada nas Estrelas IV: A Volta para Casa, o capitão Kirk e a tripulação da nave Enterprise viajam até o passado da Terra, o século XX, em busca de baleias-jubarte, as únicas capazes de se comunicar com uma entidade alienígena que ameaçava o planeta. No seu nativo século 24, a espécie estava extinta.
Enquanto os méritos cinematográficos do filme de 86 possam ser discutidos, a sua mensagem ecológica de preservação era clara e bem-vinda. À época, após um século de caça predatória para fins industriais (óleo para aquecimento e iluminação, produtos cosméticos e farmacêuticos) e alimentares (gordura e proteínas), a população global foi reduzida em mais de 90%. Para impedir a extinção, uma moratória internacional foi instituída em 1966, que continua sendo aplicada atualmente, embora países como Noruega, Islândia, Rússia e, principalmente, Japão ainda promovam a caça destes animais.
O nome científico da baleia-jubarte é Megaptera novaeanglia. O nome do gênero, Megaptera , significa grandes asas (do grego “mégas” = grande e “pterón” = asas) em clara referência às enormes barbatanas peitorais; o nome específico novaeangliae é devido ao local onde a espécie foi descrita pela primeira vez a partir de observações realizadas pelo naturalista alemão Georg Heinrich Borowski, a Nova Inglaterra.
Também conhecida como baleia-preta, baleia-corcunda, baleia-xibarte, baleia-cantora ou baleia-de-bossa, a jubarte é um mamífero marinho da ordem dos cetáceos que pode ser encontrado em todos os oceanos do mundo. Como algumas outras espécies de baleias, ela realiza uma migração anual: nos meses de verão ela se dirige aos pólos para se alimentar e durante o inverno migra para águas tropicais e subtropicais para acasalar e dar à luz. Suas áreas de reprodução são próximas a ilhas ou continentes e/ou associadas a ambientes coralíneos. A espécie se reproduz ao longo da costa nordeste do Brasil e o arquipélago de Abrolhos é o maior berço reprodutivo do Atlântico Sul.
Os machos da espécie medem de 15 a 16 metros, enquanto as fêmeas, de 16 a 17 metros. O peso médio é de aproximadamente 40 toneladas, sendo que o maior exemplar já visto possuía 19 metros. Possuem a parte superior totalmente negra, parte inferior branca ou um pouco mais escura. A cabeça e mandíbula inferior estão recobertas de pequenas protuberâncias características da espécie, chamadas de tubérculos cefálicos, ou dérmicos, que na realidade são folículos pilosos. Cada barbatana peitoral pode alcançar até um terço do comprimento do corpo e, como a cauda, possui um padrão de manchas negras e brancas, visíveis quando o animal submerge, são utilizadas para identificação. Aderidas na superfície da epiderme podemos encontrar as cracas que crescem sobre as baleias assim como no casco de navios. As cracas não são parasitas, elas apenas “pegam carona” nas baleias, mas suas carapaças às vezes são afiadas e podem ter um papel importante nas disputas dos machos pelas fêmeas.
Ao nascer, o filhote mede ao nascimento de 4 a 4,5 metros e pesa aproximadamente 700 Kg. Durante os primeiros 6 meses de vida, sua exclusiva fonte de alimentação é a amamentação materna, logo sendo complementada nos 6 meses seguintes com o alimento que são capazes de capturar eles mesmos. No segundo ano de vida, já abandonam suas mães e, em 5 anos, os jovens alcançam a maturidade sexual.
As jubartes vivem, geralmente, de 40 a 50 anos. Animais solitários, sua organização em grupos se torna mais estável no verão, quando cooperam entre si para fins alimentares. Relações mais duradouras, de meses ou anos, entre casais ou pequenos grupos são raramente descritas.
A espécie alimenta-se exclusivamente durante o verão e vive de suas reservas de gordura durante o inverno. É um predador ativo que caça krill, copépodes (crustáceos) e peixes em cardumes.
Além de suas impressionantes acrobacias aquáticas – o salto deste imenso animal pode projetar mais de 2/3 de seu corpo para fora d´água -, as jubartes são conhecidas por seus longos e complexos cantos musicais. Os machos cantam durante a temporada reprodutiva, provavelmente com a função de atrair as fêmeas ou afastar outros machos. Essas canções são constituídas por frases repetitivas chamadas temas, cantadas em longas sequências de repetição que podem durar horas ou dias. O canto é difere entre as diferentes populações que existem no mundo e varia a cada temporada.
Embora solitárias, seu comportamento ostensivo as tornam muito populares. Além disso, são animais curiosos que se aproximam espontaneamente dos barcos e nadam ao redor. Comportamento perigoso se o barco é um baleeiro, mas que faz da espécie um objetivo ideal do turismo de observação de baleias em vários lugares do mundo desde 1990. No Brasil, os mais populares pontos de observação de baleias-jubartes estão no litoral da Bahia, como Morro de São Paulo, Praia do Forte e Caravelas.
Hoje, estima-se que a população mundial seja de pelo menos 80 mil baleias-jubarte, um bom número se comparado em relação à população nos anos 60, quando da instauração da moratória, apenas 5 mil indivíduos. A espécie parece se recuperar bem desde o fim da caça comercial, a exemplo do Atlântico Norte, onde se acredita que os estoques estão se aproximando dos níveis pré- caça.
A espécie é considerada “pouco preocupante” do ponto de vista da conservação, a partir de 2008 na escala da IUCN. Esta é uma melhoria recente, já que era “vulnerável” em 1996 e “em perigo” em 1988. No entanto, a espécie é considerada ameaçada de extinção em alguns países, incluindo o Brasil que ainda a classifica como vulnerável, pelos padrões do ICMBio. Os indivíduos são vulneráveis a colisões com navios, enredamento em redes de pesca e poluição sonora (podem ser feridos por barulho excessivo).
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Projeto Baleia Jubarte
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