![]() |
A confusão que o público em geral faz em relação às borboletas do gênero Morpho se deve ao fato de que suas deslumbrantes asas são predominantemente azuis. Um característica bem comum nas 29 espécies e 147 subespécies descritas até hoje, todas encontradas nas florestas tropicais da América Central e da América do Sul, distribuídas pelo Brasil, Costa Rica, Guiana e Venezuela e México.
O brilhante azul (por vezes verde) metálico das asas não é resultado de pigmentação, mas provocado pela refração da luz em minúsculas escamas transparentes, inseridas nas asas da borboleta. As microscópicas escamas que compõem as suas asas refletem repetidamente a luz incidente em várias camadas sucessivas, criando efeitos de cor observados. A estrutura em lâminas das asas destas borboletas é tão peculiar que, inclusive, foi estudada como modelo para desenvolvimento de tecidos, tintas sem corantes e tecnologia antifalsificação para uso em notas de dinheiro.
Mas as escamas microscópicas estão presentes apenas na parte superior das asas. A parte inferior é predominantemente castanha e decorada com ocelos, regiões circulares de pigmentos escuros que formam padrões que lembram, um tipo de mimetismo.
Outra característica das asas destas borboletas são o tamanho avantajado em relação ao corpo. As borboletas Morpho podem ter uma envergadura de pouco mais de 7cm à impressionantes 20 cm (uma régua escolar).
Asas tão grandes resultam num padrão de voo lento e saltitante mas que geram um efeito benéfico para o animal: a parte superior azul “pisca”, uma vez que se alterna com a superfície inferior escura. Isto dificulta que seja acompanhada por aves no ar. Se encontrada, fecha suas asas, expondo os ocelos: os “olhos” ou enganarão o potencial predador fazendo-a parecer com um animal não comestível, maior ou até mesmo perigoso; ou atrairá a atenção do predador para longe das áreas mais vulneráveis do seu corpo, permitindo sua fuga.
Embora as asas do gênero Morpho sejam predominantemente azuis, existem um número de outras espécies dotadas de asas de outras cores: laranjas-torrados, fulvos ou castanhos-escuros para a M. hecuba e a M. telemachus; brancas, como a M. catenarius, a M. laertes e a raríssima M. sulkowskyi, que exibe também purpura e verde iridescente.
No Brasil, as mais comuns são as espécies Morpho rhetenor e Morpho anaxibia. A primeira destaca-se como a mais brilhante entre as que possuem azuis metálicos. Já a M. anaxibia é uma espécie endêmica do país, chamada vulgarmente de azul-seda, corcovado (muito comum no Centro-Sul e Sudeste) ou azulão.
São borboletas de hábitos diurnos: os machos passam as manhãs em patrulha ao longo de cursos e rios. São territoriais e perseguirão qualquer rival. Mas é comum estarem sós, exceto na época de acasalamento.
As lagartas Morpho, como das demais borboletas, passam por cinco estágios larvais, tornando-se em seguida uma crisálida. uma curiosidade, de coloração predominantemente verde, a crisálida emite um repulsivo som ultrassônico quando perturbada, passando todo o seu tempo, até eclosão, pendurada de um ramo ou outra estrutura da planta. No total, o ciclo de desenvolvimento dura 115 dias, de ovo até adulto.
As borboletas Morpho não se encontram na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção da IUCN. Para o ICMBio, entretanto, as espécies Morpho menelaus eberti e Morpho epistrophus nikolajewna, que ocorrem na Zona da Mata Nordestina (Paraíba, Pernambuco e Alagoas), são classificadas como Em Perigo devido à perda e degradação dos habitats naturais.
Leia Também
O polêmico sabiá-laranjeira
O narigudo Quati-de-cauda-anelada
Fauna amazônica em risco: o sauim-de-coleira
Leia também

Sociedade civil protesta contra PL que quer acabar com o licenciamento
Mobilização ocorre em ao menos 12 capitais. Protestos estão marcados para ocorrer neste domingo e marcam o início da semana do meio ambiente →

Chance de aquecimento da Terra ultrapassar 1,5°C aumentou, mostra estudo
Países caminham para que a principal meta do Acordo de Paris seja descumprida. Chance de que o aquecimento fique entre 1,5ºC e 1,9ºC em pelo menos um dos próximo cinco anos é de 86%, diz ONU →

Como comunidades de fecho de pasto conservam o Cerrado no oeste baiano
Há 300 anos vivendo no bioma, modo de vida fecheiro envolve a criação de gado para subsistência e a proteção da vegetação nativa →
Adorei, obrigada por fornecer tantas informações sobre a espécie