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“Flora das Caatingas do Rio São Francisco” ganha prêmio Jabuti

Livro organizado por José Alves ficou em primeiro lugar na categoria Ciências Naturais na mais importante premiação de livros do país.

Redação ((o))eco ·
18 de outubro de 2013 · 11 anos atrás

Na foto, José Alves de Siqueira Filho, organizador do livro. Crédito: divulgação.
Na foto, José Alves de Siqueira Filho, organizador do livro. Crédito: divulgação.

O livro Flora das Caatingas do Rio São Francisco – História natural e conservação acaba de ganhar o prêmio Jabuti na categoria Ciência Naturais. O resultado foi anunciado ontem (17), pela manhã.

O livro apresenta a diversidade do único bioma genuinamente brasileiro, a Caatinga. O trabalho organizado pelo professor José Alves de Siqueira, contou com a participação de 99 pesquisadores e 39 instituições.

O resultado, reconhecido pelo Jabuti, afasta a imagem de terra arrasada pela seca mitificada pela literatura nacional. Na Caatinga a vida floresce e é diversa. Só no livro, são apresentados 1.031 registros de espécies de plantas locais.

Desbravar essa ilustre desconhecida custou aos organizadores 4 anos de trabalho e 340 mil quilômetros percorridos ao longo de 212 expedições. O resultado é um livro fartamente ilustrado de 515 páginas, que gerou uma ótima reportagem de Celso Calheiros, publicada em ((o))eco em outubro de 2012.

 

 

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Comentários 4

  1. JOSELITO MENEZES diz:

    A fim de dar suporte científico ao debate sobre a degradação do Ecossistema da Caatinga e particularmente à Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, o Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas (Crad) da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina , deu uma contribuição ímpar à sociedade com a publicação do livro "Flora das Caatingas do São Francisco", da autoria do professor da Univasf, José Siqueira, que coordenou o trabalho de 100 especialistas que assinam a publicação, discorrendo sobre os ciclos econômicos responsáveis pela atual situação do rio. Chama atenção do leitor o capítulo intitulado "O inexorável fim do São Francisco", pelas suas revelações perturbadoras. O autor ressalta a reincidência de políticas públicas equivocadas implementadas na bacia do Rio São Francisco através de planos e programas de governo elaborados por agentes sem um notório conhecimento de causa e tampouco sem participação da comunidade acadêmica e da sociedade.


  2. Clésio Magalhães diz:

    O premio Jabuti foi merecedor a essa ilustre e riquíssima publicação do professor José Alves e toda sua equipe de 99 pesquisadores e 39 instituições que percorreram esses 340 mil quilômetros com 212 expedições em busca de novas descobertas existentes no interior do bioma caatinga. O CRAD na verdade continua impulsionando a pesquisa não parando somente no livro Flora das Caatingas do Rio São Francisco não teria sentido somente publica-lo e parar por ai mas sim em continuar dando ênfase nas ações que o centro de referência vem aplicando nas pesquisas aprofundadas sobre os processos de degradação ambiental presentes em nossa região.


  3. Daniela Rodrigues diz:

    O Jabuti é o prêmio mais importante do livro no Brasil e conseguir ser premiado na categoria de Ciências Naturais mostra a relevância do trabalho encontrado no livro “Flora das Caatingas do Rio São Francisco – História natural e conservação”. Só o fato de conseguir coordenar os esforços de 99 pesquisadores e 39 instituições, realmente interessados em desmistificar aquela caatinga rachada, seca e sofrida muitas vezes relatada erroneamente pelos mais diferentes meios de comunicação, merece nossos parabéns por um feito ímpar.
    Tomamos a liberdade de afirmar que o livro apresenta ao leitor três realidades muitas vezes difíceis de acreditar. A primeira que há vida e diversidade na caatinga, e que nela encontramos não apenas inúmeras espécies na flora e na fauna do sertão. É possível sermos surpreendidos com a beleza dos registros fotográficos encontrados no livro.
    Em um segundo ponto o livro alerta sobre o urgente e necessário desafio de recuperar e conversar a caatinga. A todo o momento somos voltados a refletir sobre a carência de recursos usados na conversação de bioma tão agredido, um bioma tão especial e exclusivamente brasileiro.
    A terceira realidade mostra a débil saúde do Nilo Brasileiro. O Rio São Francisco sofre e esse sofrimento não tem sua origem apenas nas secas cíclicas e comuns no nordeste. O rio sofre com a devastação de sua mata ciliar, com exploração desregrada de suas águas que prejudicam sua navegabilidade. Com a crescente poluição, poluição essa que deixa vários pontos impróprios para o banho, os trabalhos de peixamento com espécies nativas são prejudicados além de promover a morte dos peixes e, conseqüentemente, a morte do rio.
    Possivelmente alvo de duras críticas por parte do empresariado e até mesmo dos governos o livro é sem dúvida um dos trabalhos mais completos sobre o bioma caatinga. Um trabalho belíssimo sobre a caatinga brasileira. E nos cabe fazer um alerta, pois o trabalho iniciado pelo organizador e Professor José Alves de Siqueira Filho não pode parar. A Universidade do Vale do São Francisco – Univasf já possui um centro de referência nacional e internacionalmente conhecido o Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas – Crad que pode lutar para que o desmatamento da caatinga não aumente. Os investimentos nesse projeto deveriam partir da própria UNIVASF, instituições governamentais e não governamentais nacionais e internacionais.
    A Caatinga é um bioma nacional ainda pouco conhecido, extremamente desmatado e que recebe pouquíssimos recursos e investimentos para sua conservação. Com o seu desmatamento podemos estar perdendo tesouros irrecuperáveis. E isso o organizador e os pesquisadores do livro em questão já alertaram. Tornar público a importância de espécies ainda desvalorizadas é digno de aplausos. De modo que nos resta reafirmar que foi merecido ganhar o 55º Prêmio Jabuti.


  4. Ana Paula diz:

    Notoriamente merecedor do prêmio. É o livro mais completo que já consultei sobre a Caatinga e consegue fazer uma leitura geral das questões naturais, históricas e culturais que nos remete a uma admiração e ao mesmo tempo uma elevada preocupação com esse ecossistema.
    No livro pode-se perceber o cuidado dos autores ao retratar algumas análises das drásticas mudanças ocorridas nas paisagens ao longo do Rio São Francisco e a grande fragilidade dessas áreas que necessitam de um olhar mais cuidadoso como o das várias etnias indígenas existentes, que também dão pistas da diversidade de fauna e flora que ocorriam ao longo do rio.
    A dicotomia entre a conservação dos recursos e a demanda crescente de matéria prima é relatado ao longo do livro, assim como os efeitos da tecnologia na urbanização das cidades ( em especial Juazeiro e Petrolina) e na produção agrícola elaborada nessa área que possibilitou a perda dos habitats das espécies migratórias, como na construção do lago de sobradinho e a substituição das espécies nativas por culturas agrícolas nos perímetros irrigados, com impactos no ciclo econômico, destacando a agricultura, a pecuária e o extrativismo.
    O livro ainda revela outras questões valiosas e de grande importância, como: O uso tímido de energias alternativas; O crescimento demográfico da região; As espécies invasoras e competitivas como as algarobas e sua dominação ao longo do rio São Francisco; O baixo nível das águas do rio; Uma análise da fauna endêmica em comparação com as invasoras; O importante papel das abelhas nativas e de sua polinização para a existência da biota;
    Dentre as inúmeras questões culturais observadas pelos autores, o trabalho do vaqueiro e a sua provável extinção são discutidos e relacionados com diversos fatores naturais durante a pesquisa, reforçando a importância da preservação das espécies nativas, como os licurís, o umbuzeiro, as carnaúbas e a maniçobas, essenciais para a manutenção desse ecossistema.