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Uma coleira para a preguiça

Para vencer este sentimento que domina o período pós-festas, nos demos ao trabalho de apresentar nosso animal da semana: a preguiça-de-coleira.

Rafael Ferreira ·
2 de janeiro de 2014 · 10 anos atrás
Preguiça de Coleira (<i>Bradypus torquatus</i>) | Animal resgatado na BR 101, próximo a Casimiro de Abreu e solto na área da Reserva Biológica União. Foto: Henrique Nogueira
Preguiça de Coleira (Bradypus torquatus). Animal resgatado na BR 101, próximo a Casimiro de Abreu e solto na área da Reserva Biológica União. Foto: Henrique Nogueira

Conhecida também como aipixuna, aí-igapó, aí-pixuna e preguiça-preta, a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) é uma preguiça-de-três-dedos (membros do gênero Bradypus e a família Bradypodidae) endêmica da Mata Atlântica brasileira, que ocorre principalmente nos estados da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

A preguiça-de-coleira tem pelagem espessa de cor castanho-claro, uniforme por todo o corpo, e uma faixa na nuca com longos pelos negros, a “coleira” que lhe dá o nome. Esta faixa é geralmente maior e mais escura nos machos do que nas fêmeas, onde pode ser reduzida a um par de tufos longos. Ela é a maior e mais pesada das preguiças do gênero, mede de 50 a 75 cm de comprimento, pode atingir 10 kg. As fêmeas são mais pesadas do que os machos. Como todas as outras preguiças, a preguiça-de-coleira tem pouca massa muscular em comparação com outros mamíferos do seu porte, no entanto, é esta massa muscular que reduz seu peso e permite ao animal se pendurar em galhos finos.

São animais diurnos solitários, que passam cerca de 15 horas por dia em repouso, com o resto do tempo igualmente dividido entre alimentação e locomoção. Vivem no alto das árvores e assim como as outras preguiças têm o metabolismo lento, de maneira que podem ficar até 8 dias sem descer ao solo para urinar e defecar. Preferem as florestas tropicais fluviais densas (ombrófilas), pois ali encontram comida com facilidade. Alimentam-se, principalmente, de folhas de árvores, mas podem consumir brotos, flores, lianas e frutos.

As fêmeas dão a luz a um filhote por ano. Ele nasce pesando em torno de 300 gramas e não tem a faixa característica encontrada nos adultos. Em duas semanas começa a ingerir alimentos sólidos; desmama totalmente entre dois e quatro meses de idade e atinge a independência entre os 8 e os 11 meses de vida, quando abandona a área da mãe para se estabelecer em outro local da floresta. Neste período, os filhotes são mais vulneráveis aos seus predadores naturais — harpias, o gavião-de-penacho e felinos –, que se aproveitam do pouco porte e inexperiência.

A Bradypus torquatus é classificada como um animal Vulnerável à Extinção tanto pela IUCN quanto pelo ICMBio. A espécie sofre com a perda, descaracterização e fragmentação da Mata Atlântica remanescente nas regiões onde ocorre. Além disso, os fragmentos da floresta são, em geral, pequenos e isolados. Outros problemas são o aumento dos incêndios em Unidades de Conservação, a expansão da malha viária e do tráfego de veículos que, ao cruzar seus habitats, possibilitam atropelamentos, e a caça ilegal.

 
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Comentários 2

  1. Olá! Me chamo Henrique Nogueira e sou o autor da fotografia que estampa essa matéria. Vocês poderiam fazer a gentileza de colocar os créditos? Obrigado!


    1. Rafael Ferreira diz:

      Boa tarde, Henrique.
      Desculpe a omissão. A foto já foi corrigida.