Notícias

Maior cheia já registrada no Rio Madeira mantém Acre isolado

Rio nunca esteve tão alto, segundo monitoramento da Agência Nacional de Águas. Crise é decorrência de chuvas que alagaram florestas na Bolívia recentemente

Daniel Santini ·
6 de março de 2014 · 11 anos atrás

 A cheia atual do Rio Madeira é a maior registrada na base de dados da Agência Nacional de Águas (ANA), que disponibiliza informações sobre o nível do rio em monitoramentos regulares realizados desde 2005 (clique aqui para consultar dados oficiais direto no site da ANA). O alto volume de água acumulada provocou uma crise na região, com o fechamento da BR-364, que liga Porto Velho (RO) a Rio Branco (AC), e o consequente isolamento por terra do Acre. A crise é resultado do alto volume de chuvas na cabeceira do rio, que alagou florestas na Bolívia. As variações extremas de clima, com enchentes em algumas regiões do planeta e secas prolongadas em outras, já haviam sido previstas e, segundo a Organização Meteorológica Mundial estão relacionadas ao aquecimento climático.

Conforme é possível observar no segundo destaque do gráfico abaixo (clique no botão), o nível do rio aumentou gradualmente nas últimas semanas. Além do isolamento do Acre, a concentração de água também provocou graves impactos em Porto Velho e região, e motivou novas críticas à construção das usinas hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau. As barreiras amorteceram a onda de cheia do rio e podem ter ajudado a diminuir a velocidade inundação em áreas urbanas, mas o volume de água acumulado é tão intenso que estruturas das próprias usinas encontram-se ameaçadas. Entre os questionametos feitos na época das obras (leia relatório de 2011 da Plataforma Dhesca), estavam a omissão do Ibama em relação à falta de previsão de impactos de “externalidades ambientais” e “mitigação de danos” no estudo que resultou no licenciamento ambiental.

 

Baixe todos os registros com data e hora feitos pela ANA das cheias do Rio Madeira nesta tabela de dados organizada pelo eco Data.

 

Leia também:
Mudanças climáticas: chuvas alagam florestas na Bolívia 
Hidrelétricas do Madeira: a guerra dos Megawatts 
Peixes ameaçados na Amazônia

 

 

 

  • Daniel Santini

    Responsável pela plataforma ((o)) eco Data. Especialista em jornalismo internacional, foi um dos organizadores da expedição c...

Leia também

Podcast
12 de maio de 2025

Entrando no Clima #46 – Bioeconomia e clima, uma discussão necessária em ano de COP30 

Salo Coslovsky, professor da Universidade de Nova York e pesquisador do projeto Amazônia 2030, explica como essas duas agendas se interligam

Notícias
12 de maio de 2025

Crise climática irá encolher o lar de anfíbios na América Latina

Estudo mostra que até 2050 quase metade das espécies de sapos e rãs deve perder áreas de habitat na região, algumas dela por completo, devido às mudanças do clima

Notícias
12 de maio de 2025

Desmatamento na Mata Atlântica reduziu, mas queda ainda é tímida, dizem especialistas

A área total desmatada caiu 14% em 2024, mas a perda das matas maduras teve redução de apenas 2%. Os dados são do SAD e do Atlas da Mata Atlântica

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.