O desaparecimento de abelhas não é um problema apenas dos apicultores, que perdem a sua principal fonte de renda, com a ausência da produção de mel. Agricultores, governos e sociedade civil se uniram no mundo todo para entender o desaparecimento de abelhas que, simplesmente, não voltam para as colméias. Esse fenômeno foi chamado de Desordem de Colapso da Colônia. Agora, uma plataforma online colaborativa reunirá as informações sobre o registro das ocorrências de desaparecimento ou perdas de abelhas por geolocalização.
Trata-se do aplicativo BEE ALERT, ferramenta onde apicultores e pesquisadores do mundo todo poderão documentar as ocorrências deste fenômeno. O idealizador da ferramenta, Daniel Malusá Gonçalves, conversou por e-mail com ((o))eco sobre a nova plataforma.
((o))eco – Quem teve a ideia de fazer o aplicativo e como se deu o desenvolvimento dela?
Daniel Malusá Gonçalves – A ideia partiu dos próprios organizadores da campanha Bee or not to Be? e o roteiro do aplicativo foi estruturado pelo prof Lionel Segui Gonçalves, juntamente comigo. A solução tecnológica foi desenvolvida pela 6P Marketing & Propaganda, e foi então testada e submetida a um grupo de pesquisadores e produtores apícola. A ideia é termos uma plataforma mundial que documente por georeferenciamento os casos de desaparecimento de abelhas, mostrando em tempo real o local e a intensidade de ocorrências; o princípio do trabalho era a inexistência de uma base onde os casos pudessem ser reportados. As pessoas sabem dos casos, mas não há um número coletivo do tamanho do problema, e esta é a intenção do trabalho; mas sabemos que lidaremos com vários pontos de dificuldade, como o baixo uso de tecnologia por produtores, receio da exposição do problema, ou da divulgação do local da ocorrência;
((o))eco – O aplicativo funciona dentro da campanha “Bee or not to be”?
Daniel Malusá Gonçalves – Sim, faz parte da estratégia, e fará parte do site da campanha www.semabelhasemalimento.com.br. Em um primeiro momento foi lançado apenas em Português, mas nos próximos dias vamos lançá-lo em Inglês e Espanhol, divulgando-o a nível mundial.
((o))eco – Como funcionará a checagem das informações geradas?
Daniel Malusá Gonçalves – Esta é uma experiência de crowdsourcing, ou seja, é uma plataforma aberta, e todos que registram casos precisam se identificar. A equipe do CETAPIS fará na sequência o checking destas ocorrências, que serão base para publicações científicas posteriores.
((o))eco – Como anda a adesão a ferramenta? Satisfatória?
Daniel Malusá Gonçalves – Lançamos neste final de semana, e estamos numa etapa muito inicial da comunicação. Não é possível extrair um pensamento a respeito, ainda que os feedbacks colhidos são muito bons. Nosso desafio é justamente incentivar a comunidade apícola e científica a fazer uso da ferramenta.
((o))eco – Os números iniciais estão dentro do previsto ou a divulgação ainda não alcançou todo o público alvo?
Daniel Malusá Gonçalves – Ainda é cedo para comentar.
((o))eco – Existe um método que identifique a plataforma utilizada pelo colaborador? Caso positivo, qual a plataforma mais utilizada: desktop, tablet ou celular?
Daniel Malusá Gonçalves – Teremos uma análise via google analytics, e isto poderá ser mensurado. Acreditamos que o desktop ainda seja a plataforma mais utilizada, mas o aplicativo tem design responsivo, que permite sua utilização por qualquer device.
((o))eco – O uso em plataformas móveis (tablets e celulares) estará restrito somente aos respectivos browsers ou haverá um app específico na App Store e Google Play?
Daniel Malusá Gonçalves – Em um primeiro momento será apenas por browser.
Material Promocional
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