A agricultura não convive bem com fenômenos climáticos intensos. Secas e chuvas torrenciais são capazes de destruir a safra de uma cultura. Ao longo da história, a humanidade aprendeu a conviver com alguns eventos climáticos adversos. No entanto, esses eventos estão se modificando e isso afeta diretamente a produção de alimentos, fundamental para a sobrevivência dos mais de 7 bilhões de humanos que habitam a terra.
De acordo com o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC), divulgado na semana passada (31), as mudanças climáticas já estão afetando negativamente as produções de milho e trigo em diversas regiões do planeta.
O Programa de Pesquisa em Mudanças do Clima, Agricultura e Segurança Alimentar (CGIAR), uma parceria global que une organizações que pesquisam sobre segurança alimentar, analisou as previsões do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC) focando nos impactos que serão sentidos pelos pequenos agricultores , pecuaristas e pescadores.
Com base no documento do IPCC, o programa elaborou uma nota de revisão, na qual começa analisando o estado do clima em que nos encontramos hoje, depois segue para uma previsão de como será essa produção daqui há 15 anos e ainda olha para um possível estágio do planeta em 2050. Tudo isso focado em impactos na produção de alimentos.
Em relação ao Brasil, as principais previsões negativas estão focadas no Nordeste. Isso porque a expectativa é de que, nos próximos anos, a seca seja mais severa na região, o que vai afetar ainda mais a produção de alimentos e qualquer tentativa de pecuária. Como consequência, a baixa oferta de alimentos ocasionará o aumento nos preços. Confira abaixo os principais impactos no país e no mundo.
2010s Os impactos das mudanças do clima não são homogeneamente distribuídos, já que as áreas tropicais do planeta são as mais expostas e também as que mais sofrem com o número de pessoas que já vivem em limites de insegurança alimentar. O clima, que afeta a questão alimentar de todo o planeta, traz consequências mais severas às pessoas pobres, dificultando a disponibilidade de comida, o acesso à comida e a estabilidade do suprimento de alimentos ao longo do tempo. Várias áreas agrícolas já sofrem com o impacto das mudanças do clima, como é possível constatar na produção de milho e trigo, por exemplo. Por outro lado, arroz e soja ainda não apresentaram nenhuma mudança drástica no seu rendimento. Em regiões tropicais, como o Brasil, a pecuária já começa a sofrer ameaças, devido à sensibilidade à temperatura, à crise de água e a disponibilidade de alimentos para os animais (basicamente a falta de pastagem). Assim, economias locais, como o Nordeste do Brasil, já estão na lista de risco das mudanças do clima. |
2030s A adaptação se torna cada vez mais importante, ao passo que as mudanças no clima vão se intensificando. No Nordeste do Brasil, por exemplo, a produção de milho vai sofrer uma queda de 10%, e as de arroz e trigo diminuirão 14%. Se não houver qualquer tipo de adaptação, com o clima 1 grau Celsius acima das temperaturas pré-industriais, tanto as regiões tropicais quanto as temperadas irão sofrer com a diminuição da produção de milho, trigo e arroz. Os problemas do aumento de temperatura também irão afetar drasticamente a pecuária, já que esses animais precisam de pastagem para se alimentar e não se sabe exato o impacto do calor nesse tipo de sistema, bastante complexo. Além disso, o estresse hídrico, previsto pela redução das chuvas, em regiões como o Nordeste brasileiro, também vão afetar o bem-estar desses animais.
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2050s
A partir de 2050, o relatório afirma que os impactos das mudanças do clima na segurança alimentar serão evidentes e são as regiões tropicais as que mais sofrerão, principalmente no que se refere aos pequenos produtores agrícolas, pecuaristas e pescadores. O aumento do preço dos alimentos é outro fator de risco previsto, pois as mudanças na temperatura e no padrão de precipitação, mesmo ignorando os efeitos do aumento de dióxido de carbono na atmosfera, podem fazer os preços subirem de 3 a 84%, dependendo da região. Ao mesmo tempo, a demanda por comida está prevista para subir 14% por década, até 2050, devido ao crescimento populacional.
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IPCC: próximos capítulos
O relatório do IPCC consinte em três partes. O primeiro capítulo, lançado em outubro de 2013, tratou da parte física da ciência do clima.
O segundo capitulo, lançado no último dia 31, foi sobre impactos, adaptação e vulnerabilidade.
A última parte do relatório do IPCC, voltada para a questão da mitigação às mudanças do clima, está prevista para ser lançada na segunda quinzena deste mês. Nos próximos dias 7 a 12 de abril, os especialistas do IPCC estarão reunidos em Berlim, na Alemanha, para aprovar cada linha do novo conteúdo. O relatório completo, com os três capítulos, deve ser lançado em outubro deste ano, em Copenhagen, na Dinamarca.
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São preocupantes como as mudanças climáticas vêm afetando gravemente a produção de grãos, e como o mundo sofrerá com essas mudanças se elas não pararem, temos no IPCC, relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima, uma ferramenta fundamental para verificarmos como se encontra o clima na atualidade. Ele se baseia em três partes, um capítulo que trata da parte física da ciência do clima, um capítulo sobre impactos, adaptação e vulnerabilidade, e um capítulo sobre a mitigação das mudanças climáticas. A região nordeste, por exemplo, será a que mais sofrerá no Brasil, tendo uma perda expressiva de áreas agrícolas e pastagens, sendo o pequeno produtor agrícola, o pecuarista e o pescador os mais prejudicados. As regiões da África e Sudeste Asiático perderam vastas áreas de campos agrícolas, e a pesca tanto na região de altas latitudes, quanto nas regiões tropicais terá um decréscimo muito significativo. Os preços dos alimentos em 2050 aumentaram de forma espantosa, podendo chegar a um aumento de 84%, em determinadas regiões, enquanto a procura por alimento aumentará. Se não revertemos essa situação, mesmo que tenhamos um planeta para morarmos, podemos não ter mais comida para nos alimentarmos. E como isso atingirá o lado mais fraco, que são as pessoas que não terão condições de pagarem por alimentos tão caros, os verdadeiros responsáveis por essas mudanças ficaram “intactos”, continuando a destruição do nosso planeta.
Sim concordo com vc,se essa situação não mudar nós não teremos mais a condição de comprar alimentos resultando assim em tempos de fome onde apenas as pessoas ricas terão acesso a esse tipo de preço