“Nas reservas extrativistas, nós vamos comercializar e industrializar os produtos que a floresta generosamente nos concede. (…) A Reserva Extrativista é a única saída para a Amazônia não desaparecer. E mais: essa reserva não terá proprietários. Ele vai ser um bem comum da comunidade. Teremos o usufruto, não a propriedade”. Chico Mendes em entrevista ao Jornal do Brasil, 1988. |
Atualmente, no Brasil, existem 59 reservas extrativistas federais. Não havia nenhuma antes de 1990 e a de Chico Mendes saiu do papel apenas após a morte de seu idealizador.
A fala do líder seringueiro resume o conceito do que é e para quê (e quem) serve esse tipo de área protegida: aos povos extrativistas, aos ribeirinhos, a quem não acredita que é possível conciliar produção e manutenção de floresta em pé. Mais de duas décadas após a sua criação, o ICMBio e a WWF-Brasil promoveram em setembro do ano passado uma expedição fotográfica para registrar o cotidiano da população local e sua interação com a floresta. O resultado da viagem está reunido na exposição Resex 24 Anos: Afirmando os Ideais dos Trabalhadores da Floresta, que começou nesta sexta-feira (09), na Biblioteca da Floresta, em Rio Branco, capital do Acre.
A mostra conta com fotografias de Aurelice Vasconcelos (ICMBio), Leonardo Milano (ICMBio) e Fernanda Melonio (WWF-Brasil), e vai percorrer os 7 municípios do entorno da UC, numa exposição itinerante.
De acordo com Silvana Souza, gestora da Reserva Extrativista Chico Mendes e curadora da Exposição, a unidade “representa um legado histórico de lutas do movimento socioambiental do Acre. O lançamento do evento no mês de maio tem um significado importante: trata-se de homenagem aos trabalhadores da floresta, homens e mulheres que arduamente construíram esta história”.
A equipe de fotógrafos passou uma semana na Reserva, para documentar o dia a dia dos moradores. “Pude ver de perto que, embora essa infraestrutura seja trabalhosa, realmente rende frutos e você vê a mudança de paradigma da população local a partir do momento em que os extrativistas começam a ter uma renda que os possibilite dar o mínimo de qualidade de vida às suas famílias e ainda possam ter orgulho de conservar a floresta”, disse Fernanda Melonio, analista de comunicação do WWF-Brasil e uma das fotógrafas da exposição.
A mostra é composta de 20 fotografias e ficará em cartaz na Biblioteca da Floresta até o final do ano. As 3 imagens que ilustram essa matéria são da exposição e foram cedidas.
Uso comum, floresta de todos
A Resex Chico Mendes atende 1,8 mil famílias que vivem da resultado do trabalho organizado em 60 seringais. A concessão é feita por meio de contrato coletivo em nome das Associações Representativas, com usufruto estendido aos descendentes diretos.
Para viver na Reserva, as famílias se comprometem a não realizar atividades predatórias, vivendo principalmente a base de atividades extrativistas. A fiscalização e administração da área é feita pelo ICMBio, que decide as ações a serem desenvolvidas em conjunto com as cinco associações que representam os moradores.
Serviço
Exposição Resex 24 Anos: Afirmando os Ideais dos Trabalhadores da Floresta
Data: sexta-feira, 09 de maio, às 18h.
Local: Biblioteca da Floresta – Via Parque da Maternidade, s/nº – Centro, Rio Branco (AC).
Horário: de segunda a sexta-feira, de 8h às 21h. Sábados, de 14h às 20h. Entrada gratuita.
Leia também
Países não conseguem chegar a um acordo para combater poluição plástica
A expectativa era finalizar o tratado global neste domingo (01), mas não se chegou a um entendimento do que ou como fazer isso →
“Ou se juntam a nós ou, por favor, saiam da frente”, declara Panamá diante de esboço decepcionante do Tratado de Plásticos
Ambientalistas criticam versão de rascunho do texto final, que escancara a dificuldade de consenso entre países e deixa a desejar em decisões mais ambiciosas →
Maricá: uma cidade petrolífera que almeja ser sustentável
Antes vista como uma cidade dormitório, Maricá não tinha pasta para políticas ambientais. Com o crescimento da última década, prefeitura ganha oportunidades e novos desafios →