Notícias

Código da Mineração: entidades pedem afastamento do relator

Grupo de organizações da sociedade civil entrou com mandato de segurança no STF para tentar destituir o deputado Leonardo Quintão

Daniele Bragança ·
8 de setembro de 2014 · 11 anos atrás
Leonardo Quintão (PMDB-MG), em audiência pública sobre o novo Marco Regulatório de Mineração, realizada na Câmara em dezembro de 2013. Foto: Gabriela Korossy/Câmara dos Deputados.

Um grupo de entidades da sociedade civil protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) um mandado de segurança pedindo a destituição do deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG) do cargo de relator do novo Código da Mineração, em discussão na Câmara desde junho do ano passado. Quintão teve parte da sua campanha eleitoral financiada por mineradoras e já  admitiu em vídeo defender os direitos dessas empresas.

O inciso VIII do Art. 5º do Código de Ética da Câmara afirma que fere o decoro parlamentar “relatar matéria submetida à apreciação da Câmara dos Deputados, de interesse específico de pessoa física ou jurídica que tenha contribuído para o financiamento de sua campanha eleitoral”. Baseada nessa interpretação, as mesmas organizações socioambientalistas encaminharam uma representação à Mesa Diretora da Câmara em maio deste ano, pedindo a destituição do relator por quebra de decoro. O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), arquivou o pedido.

Segundo Henrique Alves, o projeto sobre novo marco legal da mineração (PL 37/2011) trata de “regras gerais, aplicáveis indistintamente a todas as empresas que atuam no setor”, motivo pelo qual não estaria relacionado aos interesses de nenhuma empresa em especial.

Para as organizações, essa justificativa não procede, pois “sendo a lei uma norma de caráter geral, abstrato e impessoal, é impossível se cogitar que possa ela se destinar a regular uma só empresa ou uma só pessoa física”. Nas eleições de 2010, aproximadamente 20% dos R$ 2 milhões arrecadados por Leonardo Quintão (PMDB-MG) foram doados por grandes empresas de mineração e metalurgia, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em 2013, o repórter Alceu Luís Castilho destrinçou a teia que liga políticos às mineradoras, principalmente de parte da bancada do PMDB da Câmara dos Deputados. A matéria, feita pela Agência a Pública, foi republicada em ((o))eco.

O documento foi protocolado no STF na noite desta segunda-feira (08). Integram o grupo o Instituto Socioambiental (ISA), o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Instituto de Estudos Socioeonômicos (Inesc) e o Movimento Nacional pela Soberania Popular frente à Mineração, entre outras organizações que fazem parte do Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração, além do WWF Brasil e da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política.

 

 

Leia Também
Código de mineração: teia liga políticos a mineradoras
Ibase lança publicação quem é quem no Código da Mineração
Porque o mercúrio é usado na mineração de ouro

 

 

 

  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

Leia também

Reportagens
11 de novembro de 2025

COP30: Arte e cultura fazem a diferença no engajamento contra a crise climática

Como trunfo para dialogar com a sociedade sobre os desafios climáticos, a diversidade cultural amazônica está no centro da intensa programação aberta ao público na Free Zone, em Belém

Notícias
10 de novembro de 2025

Metade dos municípios mais afetados por desmatamento ilegal fica no Pará, aponta ICV

Levantamento mostra que cinco dos dez municípios com maior área desmatada ilegalmente na Amazônia estão no estado que sedia a COP 30

Colunas
10 de novembro de 2025

O sutil negacionismo fóssil do Brasil

No imaginário do Sul Global, a COP30 surgiu como esperançoso momento para manter clareza de propósito e levar o mundo para fora da crise humanitária do aquecimento global

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.