Notícias

Abre em Sidney Congresso Mundial de Parques IUCN 2014

Encontro de 5 mil conservacionistas começa e a estrela do show foi o presidente do Gabão, que anunciou novas áreas protegidas marítimas.

Eduardo Pegurier ·
14 de novembro de 2014 · 10 anos atrás

Cerimônia de abertura do 6º Congresso Mundial de Parques IUCN. Fotos: Eduardo Pegurier
Cerimônia de abertura do 6º Congresso Mundial de Parques IUCN. Fotos: Eduardo Pegurier

Sidney, Austrália – Na quarta, 12, começou o 6º Congresso Mundial de Parques da IUCN (International Union for Conservation of Nature). O evento reúne 160 países e 5 mil participantes para debater temas ligados a áreas protegidas em todo o planeta. Na longa e elaborada cerimônia de abertura, falaram personalidades como Greg Hunt, ministro do meio ambiente da Austrália, e Zhang Xinsheng, o atual presidente da IUCN. Entretanto, quem roubou a cena foi Ali Bongo Ondimba, presidente do Gabão, que anunciou a criação de um sistema de áreas protegidas marítimas que conservará 23% das águas territoriais do país. Em comparação, no mundo apenas 3% dos oceanos estão protegidos e no Brasil este número está próximo de 1,5%.

Para reforçar a preocupação com os oceanos, aportaram em Sidney, especialmente para a abertura do congresso, 4 canoas vaka, que velejaram das Ilhas Fiji e da Nova Zelândia, com um apelo para proteger os oceanos dos impactos das mudanças climáticas.

O Congresso Mundial de Parques é um evento que ocorre uma vez por década. O primeiro foi realizado em 1962, em Seattle, nos EUA. Esta edição de Sidney durará uma semana, com a realização diária de dezenas de oficinas e debates sobre áreas protegidas. No pavilhão de exposições do evento, estão presentes governos e as principais ONGs, como o governo da Rússia, que montou um dos maiores estandes do Congresso, ou a WWF, que trouxe um programa intenso de palestras. Embora a presidente Dilma Rousseff tenha acabado de chegar à Austrália para a reunião do G20, o governo brasileiro não tem estande nem enviou a este evento nenhuma autoridade de primeiro escalão.

A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e ((o))eco participarão do congresso com uma apresentação sobre o CBUC (Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação) e do site colaborativo Wikiparques.

A IUCN, organizadora do evento, é conhecida por produzir a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Ela agora lança a Lista Verde de Áreas Protegidas, o primeiro padrão internacional para reconhecer áreas protegidas com gestão de qualidade.

Hoje, o mundo conta com 200 mil áreas protegidas, que cobrem 15% da superfície terrestre do globo e 3% da marítima. De acordo com as Metas de Aichi, o objetivo até 2020 é chegar a cobertura de 17% das áreas terrestres e 10% das marinhas.

Ali Bongo Ondimba, presidente do Gabão, anunciou a proteção de 23% da área marítima do país. Foto: Wikipedia
Ali Bongo Ondimba, presidente do Gabão, anunciou a proteção de 23% da área marítima do país. Foto: Wikipedia

A edição de 2014 do Congresso Mundial de Parques acontece na Vila Olímpica de Sidney. Além da tônica sobre oceanos na abertura, as outras palavras de ordem foram “povos tradicionais” e “juventude”. Na abertura, todos os apresentadores locais, incluindo o próprio ministro Greg Hunt, prestaram honras aos povos aborígenes da Austrália, chamados de “os primeiros donos do país”. Quando o foco se voltou para as novas gerações como a esperança de um futuro mais sustentável, ecoaram as palavras de Nelson Mandela, proferidas em 2003, quando ele foi o patrono da edição anterior do evento, que ocorreu na cidade de Durbam, África do Sul.

“É bem sabido que, entre aqueles preocupados com o futuro das áreas protegidas, há um grande número de cabeças grisalhas e escassas cabeças jovens”, disse Nelson Mandela na ocasião. “Trata-se de motivo para preocupação, pois sem o envolvimento dos jovens o futuro não pode ser assegurado”.

Dessa vez, um dos representantes dos jovens é Luvuyo Hlanganani Mandela, bisneto do líder sul-africano. Entretanto, uma visada da multidão que lotou a abertura do Congresso Mundial de Parques 2014 pega cabeças de todas as idades e cores, de todos os cantos do mundo.

 

 

  • Eduardo Pegurier

    Mestre em Economia, é professor da PUC-Rio e conselheiro de ((o))eco. Faz fé que podemos ser prósperos, justos e proteger a biodiversidade.

Leia também

Notícias
20 de dezembro de 2024

COP da Desertificação avança em financiamento, mas não consegue mecanismo contra secas

Reunião não teve acordo por arcabouço global e vinculante de medidas contra secas; participação de indígenas e financiamento bilionário a 80 países vulneráveis a secas foram aprovados

Reportagens
20 de dezembro de 2024

Refinaria da Petrobras funciona há 40 dias sem licença para operação comercial

Inea diz que usina de processamento de gás natural (UPGN) no antigo Comperj ainda se encontra na fase de pré-operação, diferentemente do que anunciou a empresa

Reportagens
20 de dezembro de 2024

Trilha que percorre os antigos caminhos dos Incas une história, conservação e arqueologia

Com 30 mil km que ligam seis países, a grande Rota dos Incas, ou Qapac Ñan, rememora um passado que ainda está presente na paisagem e cultura local

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.