Sidney, Austrália – Na quarta, 12, começou o 6º Congresso Mundial de Parques da IUCN (International Union for Conservation of Nature). O evento reúne 160 países e 5 mil participantes para debater temas ligados a áreas protegidas em todo o planeta. Na longa e elaborada cerimônia de abertura, falaram personalidades como Greg Hunt, ministro do meio ambiente da Austrália, e Zhang Xinsheng, o atual presidente da IUCN. Entretanto, quem roubou a cena foi Ali Bongo Ondimba, presidente do Gabão, que anunciou a criação de um sistema de áreas protegidas marítimas que conservará 23% das águas territoriais do país. Em comparação, no mundo apenas 3% dos oceanos estão protegidos e no Brasil este número está próximo de 1,5%.
Para reforçar a preocupação com os oceanos, aportaram em Sidney, especialmente para a abertura do congresso, 4 canoas vaka, que velejaram das Ilhas Fiji e da Nova Zelândia, com um apelo para proteger os oceanos dos impactos das mudanças climáticas.
O Congresso Mundial de Parques é um evento que ocorre uma vez por década. O primeiro foi realizado em 1962, em Seattle, nos EUA. Esta edição de Sidney durará uma semana, com a realização diária de dezenas de oficinas e debates sobre áreas protegidas. No pavilhão de exposições do evento, estão presentes governos e as principais ONGs, como o governo da Rússia, que montou um dos maiores estandes do Congresso, ou a WWF, que trouxe um programa intenso de palestras. Embora a presidente Dilma Rousseff tenha acabado de chegar à Austrália para a reunião do G20, o governo brasileiro não tem estande nem enviou a este evento nenhuma autoridade de primeiro escalão.
A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e ((o))eco participarão do congresso com uma apresentação sobre o CBUC (Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação) e do site colaborativo Wikiparques.
A IUCN, organizadora do evento, é conhecida por produzir a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. Ela agora lança a Lista Verde de Áreas Protegidas, o primeiro padrão internacional para reconhecer áreas protegidas com gestão de qualidade.
Hoje, o mundo conta com 200 mil áreas protegidas, que cobrem 15% da superfície terrestre do globo e 3% da marítima. De acordo com as Metas de Aichi, o objetivo até 2020 é chegar a cobertura de 17% das áreas terrestres e 10% das marinhas.
A edição de 2014 do Congresso Mundial de Parques acontece na Vila Olímpica de Sidney. Além da tônica sobre oceanos na abertura, as outras palavras de ordem foram “povos tradicionais” e “juventude”. Na abertura, todos os apresentadores locais, incluindo o próprio ministro Greg Hunt, prestaram honras aos povos aborígenes da Austrália, chamados de “os primeiros donos do país”. Quando o foco se voltou para as novas gerações como a esperança de um futuro mais sustentável, ecoaram as palavras de Nelson Mandela, proferidas em 2003, quando ele foi o patrono da edição anterior do evento, que ocorreu na cidade de Durbam, África do Sul.
“É bem sabido que, entre aqueles preocupados com o futuro das áreas protegidas, há um grande número de cabeças grisalhas e escassas cabeças jovens”, disse Nelson Mandela na ocasião. “Trata-se de motivo para preocupação, pois sem o envolvimento dos jovens o futuro não pode ser assegurado”.
Dessa vez, um dos representantes dos jovens é Luvuyo Hlanganani Mandela, bisneto do líder sul-africano. Entretanto, uma visada da multidão que lotou a abertura do Congresso Mundial de Parques 2014 pega cabeças de todas as idades e cores, de todos os cantos do mundo.
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