O Austrolebias bagual é um peixinho de cinco centímetros de comprimento que vive menos de um ano. Isto porque o habitat deles são poças d´água que surgem durante o período de chuvas nos pampas. Quando o clima mais seco do verão chega, as poças secam e o peixinho não resiste. Porém, na estação de chuvas seguinte, a vida ressurge com o nascimento de novos alevinos.
O peixe ainda não tem nome popular e só passou a ser conhecido pela ciência há dois meses. Ele foi descrito em outubro, em um artigo publicado na Revista Internacional de Ictiologia Aqua, pelo ecólogo Luis Esteban Lanés e pelo biólogo Ândrio Gonçalves, que tiveram apoio da Fundação Boticário, que financia o projeto Peixes Anuais do Pampa.
“Assim como os demais peixes anuais, os indivíduos da nova espécie se reproduzem rapidamente, depositam os ovos na terra e, quando as poças secam, ocorre uma pausa no desenvolvimento dos embriões, conhecida como diapausa”, explica Matheus Volcan, vice-coordenador Instituto Pró-Pampa (IPPampa). “Apenas quando volta a chover e o ambiente se torna favorável, eles voltam a se desenvolver e eclodem”, completa.
De acordo com os responsáveis pela pesquisa, os peixes anuais são o grupo mais ameaçado do Brasil, devido à perda de habitat. De acordo com os pesquisadores, quase todas as poças onde vivia A. bagual desapareceram. A região sofre muita pressão antrópica principalmente por conta de plantações de arroz, soja e trigo. E justamente por resistir em apenas uma poça, ele recebeu o nome de bagual, que no Rio Grande do Sul significa corajoso, destemido.
Os machos da espécie possuem manchas verticais negras na nadadeira dorsal. O corpo é marrom-claro acinzentado e também com listas verticais negras. As fêmeas são menores e menos coloridas. O casal se enterra na lama durante o acasalamento. Após a fêmea depositar o ovo, ele é fecundado pelo macho. Todos os indivíduos morrem com a chegada do clima seco do verão. Mas quando as chuvas e as poças d´água voltam, os ovos eclodem.
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