Notícias

Nova espécie de peixe vive menos de um ano

Ainda sem nome popular, peixinho descoberto no Rio Grande do Sul vive em poças d água. Quando elas secam, eles não resistem.

Vandré Fonseca ·
5 de dezembro de 2014 · 10 anos atrás

O Austrolebias bagual tem cinco centímetros de comprimento. Os machos são maiores e possuem listras escuras. Fêmeas são menores e menos coloridas. Foto: Matheus Volcan /Divulgação.
O Austrolebias bagual tem cinco centímetros de comprimento. Os machos são maiores e possuem listras escuras. Fêmeas são menores e menos coloridas. Foto: Matheus Volcan /Divulgação.

O Austrolebias bagual é um peixinho de cinco centímetros de comprimento que vive menos de um ano. Isto porque o habitat deles são poças d´água que surgem durante o período de chuvas nos pampas. Quando o clima mais seco do verão chega, as poças secam e o peixinho não resiste. Porém, na estação de chuvas seguinte, a vida ressurge com o nascimento de novos alevinos.

O peixe ainda não tem nome popular e só passou a ser conhecido pela ciência há dois meses. Ele foi descrito em outubro, em um artigo publicado na Revista Internacional de Ictiologia Aqua, pelo ecólogo Luis Esteban Lanés e pelo biólogo Ândrio Gonçalves, que tiveram apoio da Fundação Boticário, que financia o projeto Peixes Anuais do Pampa.

“Assim como os demais peixes anuais, os indivíduos da nova espécie se reproduzem rapidamente, depositam os ovos na terra e, quando as poças secam, ocorre uma pausa no desenvolvimento dos embriões, conhecida como diapausa”, explica Matheus Volcan, vice-coordenador Instituto Pró-Pampa (IPPampa). “Apenas quando volta a chover e o ambiente se torna favorável, eles voltam a se desenvolver e eclodem”, completa.

De acordo com os responsáveis pela pesquisa, os peixes anuais são o grupo mais ameaçado do Brasil, devido à perda de habitat. De acordo com os pesquisadores, quase todas as poças onde vivia A. bagual desapareceram. A região sofre muita pressão antrópica principalmente por conta de plantações de arroz, soja e trigo. E justamente por resistir em apenas uma poça, ele recebeu o nome de bagual, que no Rio Grande do Sul significa corajoso, destemido.

Os machos da espécie possuem manchas verticais negras na nadadeira dorsal. O corpo é marrom-claro acinzentado e também com listas verticais negras. As fêmeas são menores e menos coloridas. O casal se enterra na lama durante o acasalamento. Após a fêmea depositar o ovo, ele é fecundado pelo macho. Todos os indivíduos morrem com a chegada do clima seco do verão. Mas quando as chuvas e as poças d´água voltam, os ovos eclodem.

Fêmea da nova espécie. Crédito: Matheus Volcan/Divulgação.
Fêmea da nova espécie. Crédito: Matheus Volcan/Divulgação.

 

 

Leia Também
Imitando a fera: novas espécies de peixe-elétrico
Conheçam os novos bodós das correntezas do Pará
Macuquinho-preto-baiano: descoberto e ao mesmo tempo ameaçado

 

 

 

Leia também

Notícias
10 de dezembro de 2024

Aridez avança e 3/4 do planeta ficaram mais secos nas últimas décadas, diz estudo da ONU

Relatório apresentado na COP da Desertificação, que acontece na Arábia Saudita, aponta que 40,6% das terras do mundo são áridas; aridez cresce no Nordeste e Amazônia corre risco

Colunas
10 de dezembro de 2024

Surucucu Solteira Procura

Os casamenteiros do Museu Biológico buscam um noivo que possa ser enviado por algum criadouro para ser match da Surucucu do Butantan

Notícias
9 de dezembro de 2024

Diretor-presidente do Ipaam é afastado após envolvimento em suposto esquema de fraude ambiental no Amazonas

Além de Juliano Valente, outros membros da diretoria do órgão foram presos preventivamente pelos crimes contra o Meio Ambiente, Patrimônio Genética contra a Flora

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.