Esta terça-feira (6) foi dia de mais uma entrevista com uma candidatura ambientalista em ((o))eco. Duda Salabert (PDT-MG), que tenta vaga na Câmara dos Deputados pela primeira vez. A candidata, que tenta ser a primeira transsexual eleita para o Congresso Nacional, falou sobre sua trajetória, pautas e propostas em live que é parte da série especial de ((o))eco para a cobertura das Eleições 2022.
No início, Duda falou sobre as ameaças que recebe por parte de grupos de ódio, que a obrigaram a reforçar sua segurança. “Em 2018, quando eu me torno a primeira transsexual a se candidatar ao cargo de Senadora da República, parte da família Bolsonaro compartilha a minha candidatura como deboche”, conta. “Após esses compartilhamentos, o meu Instagram recebeu milhares de mensagens de ódio”. Segundo a vereadora, grupos se organizaram para ligar para a escola onde ela trabalhava e pedir sua demissão. “Em 2020, após eu me tornar a pessoa mais votada da história de Belo Horizonte, eu recebo uma ameaça de morte do maior grupo de ódio da internet brasileira, do qual surgiram os terroristas que cometeram o atentado na escola de Suzano, em São Paulo”, relembra. Segundo ela, o conteúdo das ameaças dizia que, se Duda não fosse demitida, “aquela escola se transformaria num mar de sangue”. A demissão se concretizou em 2021.
A pedetista também falou sobre a mineração em seu estado, afirmando que, mais do que uma atividade econômica, ela se tornou “uma ideologia”, criticando a pequena geração de emprego e participação no PIB comparada à quantidade de incentivos fiscais que recebe, além dos danos ambientais. “Em Minas Gerais, a mineração significa destruir os nossos aquíferos. O próprio nome já diz, aquífero é água mais ferro. O minério de ferro tá num reservatório de água. E num contexto de crise climática, em que vai ter uma escassez hídrica muito grande, a água hoje é o nosso ouro líquido. É a maior riqueza que nós podemos ter. E moer as nossas montanhas vai deixar os super-ricos mais ricos, e socializar a pobreza. É mentira a ideia de que mineração traz riqueza. Se trouxesse riqueza, Minas seria o estado mais rico do mundo”, afirmou.
Segundo a candidata, “é impossível o Brasil se desenvolver e se tornar uma potência soberana com essas mineradoras”. “A nossa soberania não vai vir de montanha moída. A nossa soberania vai vir de ciência, tecnologia e inovação. A nossa soberania não vai vir da mão das mineradoras. Vai vir da mão dos cientistas”, disse. “Há um desmonte na estrutura da ciência no Brasil, que facilita as mineradoras a atuarem. E porque se faz isso? Para manter o Brasil nessa condição de subserviência perante o oligopólio internacional. E nenhum presidenciável discute isso”, criticou.
Duda prometeu que, caso seja eleita, tentará incluir o conceito de “segurança climática” na Constituição, além de lutar para que a legislação ambiental se torne mais rígida e adequada à crise climática. Ela destacou a necessidade da criação de uma Lei do Cerrado, bioma pouco protegido atualmente. “Apenas 8% do Cerrado brasileiro é preservado do ponto de vista legal. Então a gente tem que ampliar as áreas de conservação no Cerrado brasileiro, e colocar o Cerrado na mesma categoria da Mata Atlântica, da Amazônia, no que se refere à facilidade de receber fundos pautados para a questão ambiental”, defendeu. A candidata afirmou que, no Congresso, formará uma “bancada do Cerrado” para defender o que classificou como “caixa d’água do Brasil” no contexto de crise hídrica.
A entrevista foi conduzida pela editora de política de ((o))eco, Juliana Arini, com transmissão ao vivo pelas redes sociais (YouTube, Facebook e Twitter) do site.
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