Salada Verde

Três ex-ministros do meio ambiente e um defensor de hidrelétricas na transição de Lula

Carlos Minc, Izabella Teixeira e Marina Silva estão entre os nomes divulgados nesta quarta-feira (16), além de Maurício Tolmasquim, grande defensor da construção de Belo Monte e das hidrelétricas do Rio Madeira

Juliana Arini ·
16 de novembro de 2022 · 1 anos atrás
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Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

Se reunir Izabella Teixeira e Marina Silva em uma só gestão era considerada, por muitos, uma tarefa árdua, Lula ousa e integra um “terceiro” ex-ministro do meio ambiente ao seu futuro governo. O nome de Carlos Minc surgiu na manhã desta quarta-feira, 16, após anúncio do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, em Brasília. 

Os três estão no grupo técnico de meio ambiente do Gabinete de Transição. Minc foi um dos ex-ministros que encabeçou questões polêmicas na gestão petista, como as fiscalizações “Boi Pirata” e a retomada da revitalização da BR-319, entre o Amazonas e Rondônia, região considerada hoje a nova fronteira do desmatamento. 

Também estão no grupo Jorge Viana, ex-governador e ex-senador pelo Acre e prefeito de Rio Branco. José Carlos Lima da Costa, deputado estadual pelo Pará; a ex-reitora da Universidade do Estado do Amazonas, Marilene Corrêa da Silva Freitas; e o dirigente do partido Rede, Pedro Ivo; e, também, Silvana Vitorassi, ex-gerente da divisão de educação ambiental em Itaipu Binacional. 

Além de uma ex-diretora de Itaipu, retorna para o governo de Lula outro nome diretamente ligado à construção de mega hidrelétricas na Amazônia, Maurício Tolmasquim, ex-presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE) e um dos grandes defensores de obras como as hidrelétricas do rio Madeira e Belo Monte.  Tolmasquim está no GT Minas e Energia

GT do Agronegócio 

Lula também traz nomes antigos de sua base no agronegócio e, tal qual para meio ambiente, três ex-ministros no GT Agropecuária. Além do senador mato-grossense Carlos Fávaro, Neri Geller aparece na lista, sendo este um dos grandes representantes dos interesses do produtor e ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi. Para conciliar interesses paulistas, outro nome que desponta na lista é de Evandro Gussi, CEO da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica). Além de Geller, mais dois ex-ministros seguem na lista: Kátia Abreu, que não conseguiu se reeleger senadora pelo Tocantins, e Luiz Carlos Guedes. 

Lula também trouxe dois nomes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para o colegiado. Silvio Crestana e Tatiana Deane de Abreu Sá devem ocupar as decisões e espaço deixado por um dos grandes porta-vozes do governo de Jair Bolsonaro, Evaristo Eduardo de Miranda. 

Na área de sustentabilidade também aparecem Marta Suplicy e Marcelo Freixo no GT de Turismo. 

Ricardo Galvão foi considerado pela Nature o primeiro dos 10 cientistas mais importantes do mundo em 2019 Foto: Micah B. Rubin/Nature

Entre os nomes ligados ao monitoramento do desmatamento estão: Ricardo Galvão,  ex-diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o ex-ministro Sérgio Rezende. E na pesquisa despontam Ima Viera, do Museu Paraense Emilio Goeldi, Glaucius Oliva, ex-reitor da Universidade de São Paulo e Ildeo de Castro Moreira, ex-Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Ao todo, foram anunciados 162 nomes, dos quais oito são ex-ministros, para 16 grupos técnicos: Agricultura; Ciência, Tecnologia e Inovações; Comunicação Social; Desenvolvimento Agrário; Desenvolvimento Regional; Justiça e Segurança Pública; Meio Ambiente; Minas e Energia; Pesca; Povos Originários; Previdência Social; Relações Exteriores; Saúde; Trabalho; Transparência, Integridade e Controle; e Turismo.

  • Juliana Arini

    Repórter, fotógrafa e documentarista há duas décadas cobre a questão energética, a crise climática, o desmatamento e as queimadas.

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