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A um mês da posse de Trump, EUA lançam sua meta de corte de emissões

Proposta de Biden é reduzir entre 61% e 66% das emissões até 2035. Governadores dos principais estados dos EUA falam que meta será “estrela guia”

Cristiane Prizibisczki ·
19 de dezembro de 2024

A presidência dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (19) a nova meta nacional de redução de gases de efeito estufa para 2035. Elas vão compor a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), prevista no Acordo de Paris. Pela proposta apresentada pelo presidente Joe Biden, os EUA se comprometem a reduzir suas emissões em 61% – 66% até 2035, com base nos níveis de 2005.

O anúncio da meta acontece a um mês da posse de Donald Trump, prevista para 20 de janeiro de 2025. Negacionista climático, Trump tem como promessa de campanha tirar os EUA – de novo – do Acordo de Paris e até mesmo da Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas.

Como resposta a um provável distanciamento do Executivo norte americano das ações climáticas nos próximos anos, a Aliança Climática dos EUA – coalização bipartidária de governadores – também anunciou um novo compromisso alinhado com a NDC apresentada hoje: trabalhar coletivamente para reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa em pelo menos 61% – 65% até 2035, assim como a meta apresentada por Biden.

Os estados que compõem a Aliança Climática dos EUA representam quase 60% da economia norte-americana e 55% da população do país. “A liderança ousada do presidente Biden está nos mantendo no caminho para alcançar uma economia de energia limpa, e juntos, os governadores líderes em clima do país carregarão a tocha adiante. Esta nova meta coletiva servirá como nossa Estrela Guia, orientando-nos nos próximos anos e mantendo a América no caminho para um futuro mais limpo e seguro”, disse Kathy Hochul, governadora de Nova York e co-presidente da Aliança Climática dos EUA.

A ação dos governadores se junta a iniciativas de cidades e empresas dos EUA, que pretendem manter o ímpeto em direção à nota meta climática apresentada pelo atual presidente, já que, caso Trump retire o país do Acordo de Paris, os EUA também abrem mão de quaisquer obrigações em cumprir a NDC.

Falta alinhamento com o 1,5ºC

Fora dos Estados Unidos, a nova meta climática não agradou. Segundo o Climate Action Tracker – iniciativa científica que acompanha a ação climática de 39 países e as mede em relação ao objetivo globalmente acordado do Acordo de Paris – para estar alinhado ao compromisso de manter o aumento da temperatura média global em 1,5ºC, a meta norte-americana deveria ser de, pelo menos, 80% de redução em relação a 2005. 

“Mesmo pelos critérios altamente generosos do Climate Action Tracker, a NDC [dos EUA] é insuficiente. Não está alinhada com o net zero em 2050, muito menos com 1,5ºC, dada a imensa responsabilidade histórica do país. Para surpresa de zero pessoa, é um lixo”, comentou o Observatório do Clima, sobre os números apresentados pelo governo Biden.

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

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