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Após captura de onça-pintada, Jardim Botânico de Juiz de Fora se prepara para reabertura

Animal de 51 quilos e 1,81m foi transferido para uma área florestal. Universidade Federal de Juiz de Fora reabrirá espaço em até duas semanas

Sabrina Rodrigues ·
13 de maio de 2019 · 5 anos atrás
A onça-macho foi capturada sem sinais de machucado. Foto: Marcos Perobelli-UFJF.

Após passar 17 dias andando na área do Jardim Botânico de Juiz de Fora (MG), uma onça-pintada (Panthera onca) foi capturada na noite deste domingo (12). Cerca de 60 pessoas participaram dos trabalhos de monitoramento, captura e segurança da onça, que começou no dia 25 de abril. Capturada e já solta na natureza, agora a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) trabalha para reabrir o Jardim Botânico, local que o felino rondou por mais de duas semanas.

A onça é macho, mede 1,81 m, pesa 51,6 quilos e segundo, os veterinários, tem 4 anos. Ao todo, dez armadilhas foram espalhadas no local, sendo quatro caixas metálicas instaladas entre quinta (09) e sexta-feira (10) mais as outras seis armadilhas de laços que já estavam preparadas.

Os trabalhos de resgate da onça-pintada começaram na noite do dia 25 de abril, quando o vigilante Wamildo Jesus fez o primeiro registro do animal, ao redor da sede administrativa do Jardim Botânico. Na mesma noite, chegou um profissional do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros-Cenap/ICMBio, órgão federal de referência em situações emergenciais, que acompanhou a instalação de armadilhas fotográficas realizadas pelos professores Artur Andriolo, do Departamento de Zoologia da UFJF e Pedro Nobre, do Colégio de Aplicação João XXIII. Na manhã do dia seguinte, a administração da UFJF decidiu fechar o Jardim Botânico.

No sábado, 27, pegadas e fezes do animal são encontradas no Jardim e no estacionamento de uma Igreja Batista. Câmeras registraram a passagem do animal na área. Vídeos e fotos da onça também foram feitos em área urbana, em frente a hotel e ruas, imagens que foram essenciais para a decisão de captura e translocação do animal.

A onça-macho foi capturada numa armadilha de caixa. Foto: Raul Mourão-UFJF.

Às 20h27min da noite do domingo (12), o animal foi capturado em uma trilha no lado direito do primeiro lago do Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Era um local que ela passava recorrentemente”, afirmou o professor Artur Andriolo.

Não se pode afirmar com precisão de onde o animal veio. Os pesquisadores acreditam que ele tenha se dispersado de sua área natural, como é comum no comportamento da espécie quando o animal entra na fase de amadurecimento.

A onça está bem, não apresentou machucados, estava com todos os dentes e sem arranhões. “Isso é típico de um animal que ainda não brigou, não enfrentou outro macho e está se dispersando. A pelagem está boa, sem carrapatos”, constatou o professor Fernando Azevedo, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), membro da equipe de resgate.

O animal foi inserido em uma área florestal ampla, em Minas Gerais, distante de área urbana, com menos riscos de incidentes do que em Juiz de Fora. O nome do local está mantido em sigilo a pedido dos administradores da área florestal que irá recebê-lo. Dessa forma, tenta-se evitar a atração de caçadores para a região e de outros agentes que possam representar riscos ao animal.

Jardim Botânico será reaberto

Com a transferência da onça, o Jardim Botânico prepara-se para ser reaberto. A previsão é que isso ocorra em duas semanas. Reuniões estão sendo feitas para ajustar algumas questões administrativas e estruturais e definir a reabertura. A presença da onça será incorporada como processo de educação ambiental nas atividades e roteiros de visitação do Jardim.

Maior felino das Américas, a onça-pintada (Panthera onca) sofre com a perda do seu habitat e com a caça ilegal. O animal está classificado como Quase Ameaçado (Near Threatened, em inglês (NT)) na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. Encontrado geralmente em ambientes de florestas tropicais, Panthera onca é um felino de grande porte, o seu comprimento pode variar de 1,12 a 1,85m e o seu peso varia de 56 a 92 kg.

 

Foto: Marcos Perobelli-UFJF.

 

Foto: Marcos Perobelli-UFJF.
Foto: Marcos Perobelli-UFJF.

 

Assista à captura da onça no Jardim Botânico de Juiz de Fora:

 

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  • Sabrina Rodrigues

    Repórter especializada na cobertura diária de política ambiental. Escreveu para o site ((o)) eco de 2015 a 2020.

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Comentários 3

  1. Paulo diz:

    Parabéns pela AÇÃO, exemplo de biologia e medicina veterinária da conservação.


  2. Luna diz:

    De onde será que esse filhotão veio? Quão distante deve ter dispersado em relação à mãe? Questões interessantes…


  3. Luiz Paulo diz:

    Parabéns a todos os envolvidos !!! Em tempos de desmonte e desconstrução da importância da rede de conservação da biodiversidade no país, esta ação combinada de diversas instituições provou a relevância da produção de conhecimento científico e desenvolvimento de expertise na área da conservação da biodiversidade. Um exemplo concreto do retorno para a sociedade dos investimentos na conservação de nosso patrimônio biológico. A resposta rápida e eficaz possibilitou uma ação coordenada que culminou com a adequada proteção, tanto do espécime capturado, quanto da comunidade humana local. É um verdadeiro alento poder testemunhar a comunhão de esforços de diferentes órgãos públicos, cuja sinergia culminou em um resultado de excelência na conservação de nossa biodiversidade.
    Que este evento desperte na sociedade em geral, mas particularmente nas autoridades e imprensa, o merecido reconhecimento do trabalho daqueles que silenciosa e diuturnamente dedicam-se à nobre missão do estudo e conservação de nossa biodiversidade, elemento fundamental para que sejamos a potência ambiental que somos.
    Mais uma vez minhas congratulações !!!
    Luiz Paulo