Principal uso dado ao solo brasileiro, as pastagens ocupam atualmente 154 milhões de hectares em todo o país, uma área equivalente a quase o tamanho de todo Estado do Amazonas. Na Amazônia, a área ocupada por pasto cresceu 200% entre 1985 e 2020, e hoje a atividade já ocupa 56,6 milhões de hectares do bioma. Os números fazem parte do levantamento “Brasil Revelado – 1985-2020”, realizado pelo MapBiomas, cujos resultados foram divulgados nesta quarta-feira (13).
A área destinada à pecuária é ainda maior se considerados os campos naturais, formações presentes principalmente no Pampa e no Pantanal e que ocupam 46,6 milhões de hectares, e áreas de mosaico de agricultura e pastagem, que abrangem 45 milhões de hectares e onde o mapeamento não permitiu a separação ou onde as tais atividades ocorrem de forma consorciada.
Quando considerado todo período analisado, de 1985 a 2020, o Mapbiomas identificou que pelo menos 252 milhões de hectares, ou quase 1/3 do país, é ou já foi ocupado por pasto.
Atualmente, a Amazônia é o bioma com maior extensão de pastagens cultivadas (56,6 milhões de ha), seguido pelo Cerrado (47 milhões de ha), Mata Atlântica (28,5 milhões de ha), Caatinga (20 milhões de ha) e Pantanal (2,4 milhões de ha).
Em termos percentuais, o bioma mais ocupado por pastagens cultivadas é a Mata Atlântica, com 25,7%, seguido por Cerrado (23,7%), Caatinga (23,1%), Pantanal (16%) e Amazônia (13,4%). Os estados líderes em área de pastagem são Pará (21,5 milhões de hectares), Mato Grosso (21 milhões de hectares) e Minas Gerais (19,3 milhões de hectares).
A boa notícia é que a qualidade das pastagens aumentou no período analisado. Em 2000, 70% das áreas de pasto apresentavam sinais de degradação, contra 53% em 2020. No caso das pastagens severamente degradadas houve uma redução ainda mais expressiva: representavam 29% das pastagens em 2000 (46,3 milhões de hectares) e agora representam 14% (22,1 milhões de hectares).
Essa melhora foi identificada em todos os biomas, sendo que os que apresentaram maior retração nas áreas severamente degradadas foram Amazônia (60%), Cerrado (56,4%), Mata Atlântica (52%) e Pantanal (25,6%).
A qualidade das pastagens tem importância estratégica, tanto para o produtor, que ganha em produtividade, quanto para o meio ambiente, já que pastagens bem manejadas capturam carbono da atmosfera.
“Pastagens degradadas agravam a contribuição do setor agropecuário para as emissões dos gases que estão alterando o clima, com efeitos perversos sobre a própria atividade agropecuária”, explica Laerte Ferreira, professor e pró-reitor de Pós-Graduação (PRPG) da Universidade Federal de Goiás e coordenador do levantamento de pastagens do MapBiomas.
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