A perda de vegetação nativa no Brasil atingiu a marca histórica de 33% do território em 2023. Até 1985, o país havia perdido 20% de suas áreas naturais. Apenas nos últimos 39 anos, mais 13% foi destruído, mostra a nova coleção de dados do MapBiomas, divulgada nesta quarta-feira (21).
Segundo os novos dados, nas últimas quatro décadas 110 milhões de hectares de áreas naturais foram convertidas para usos antrópicos. Metade da vegetação nativa perdida entre 1985 e 2023 estava na Amazônia.
No período analisado, a área de pastagem aumentou em 72,5 milhões de hectares, o que representa uma expansão de 79%, quando comparados os anos de 1985 e 2023. A agricultura ganhou 42,4 milhões de hectares nos 39 anos analisados, um crescimento de 228% em relação à área ocupada em 1985.
Segundo a nova coleção, a agropecuária passou de 28% para 47% de ocupação no Cerrado, de 28% para 45% no Pampa, de 3% para 16% na Amazônia, de 5% para 17% no Pantanal, de 28% para 38% na Caatinga, e de 63% para 65% na Mata Atlântica.
Em 1985, 48% dos municípios do país tinham o predomínio da agropecuária; enquanto em 2023, esse predomínio chegou a 60% dos municípios. Mais da metade (60%) da perda de vegetação nativa no país está em propriedades privadas
Em área total, Amazônia e Cerrado são os biomas que mais perderam área de vegetação nativa. Na Amazônia, foram 55 milhões de hectares, ou uma redução de 14% nos últimos 39 anos. Com isso, a Amazônia brasileira tem hoje 81% coberto por florestas e vegetação nativa.
No Cerrado, 38 milhões de vegetação nativa foram suprimidos entre 1985 e 2023 – uma redução de 27% na cobertura vegetal original.
No Pantanal, a redução mais acentuada foi na superfície de água, que passou de 21% em 1985 para 4% em 2023. Como consequência, as áreas de vegetação herbácea e arbustiva aumentaram de 36% em 1985 para 50% do bioma em 2023. Segundo os pesquisadores do MapBiomas, essa redução nas áreas alagadas também foi um fator de aumento de ocupação do bioma pela agropecuária.
A Caatinga perdeu 14% de vegetação nativa (8,6 milhões de hectares) entre 1985 e 2023. No caso do Pampa, a perda entre 1985 e 2023 foi de 28% (3,3 milhões de hectares). A perda de vegetação nativa na Mata Atlântica foi de 10%, ou 3,7 milhões de hectares em 39 anos.
“A perda da vegetação nativa nos biomas brasileiros tende a impactar negativamente a dinâmica do clima regional e diminui o efeito protetor durante eventos climáticos extremos. Em síntese, representa aumento dos riscos climáticos”, comenta o coordenador geral do MapBiomas, Tasso Azevedo.
Além de atualizar as informações até 2023 para as 29 classes mapeadas, a Coleção 9 inclui um mapeamento inédito, em versão beta, de recifes de coral que ficam em águas rasas ao longo da costa marítima brasileira. Outra novidade é o balanço de ganho e perda de vegetação nativa nos municípios a partir de 2008.
Para conferir os dados completos, clique aqui. As informações também foram apresentadas no Seminário anual do MapBiomas, que pode ser conferido abaixo:
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O Pampa é o bioma mais destruído, e esquecido.