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Bugios seguem morrendo devido à falta de medidas de proteção da CEEE Equatorial

Local onde animais vivem sofre com as enchentes, mas isso não afeta os primatas, que vivem nos topos das árvores. Alagamento adiará implementação de medidas

Sílvia Marcuzzo ·
17 de maio de 2024

Mesmo com decisão judicial determinando providências para evitar a morte de bugios por choque na fiação, nada foi feito pela CEEE Equatorial, desde que publicamos a reportagem aqui em ((o))eco em fevereiro deste ano. De lá pra cá, o programa Macacos Urbanos registrou mais 15 acidentes com bugios. Desses, seis foram eletrocutados devido a ausência da cobertura de cabos; nove por causas indefinidas (ataque de cães, brigas etc), sendo que dois morreram no local.

Dos acidentados por choque, três foram para o Preservas, da Faculdade de Veterinária da UFRGS, um macho juvenil acabou vindo a óbito, outro segue em tratamento e um terceiro permanece na mata, sem monitoramento. 

Somente neste ano, já morreram por choque elétrico seis bugios. Outros três estão em tratamento e um machucado está solto na mata. No total, até hoje, foram identificados 10 casos de choque elétrico em bugio. A informação é do programa Macacos Urbanos, vinculado à UFRGS. A iniciativa conta com o trabalho voluntário de diversas pessoas físicas, conforme mostramos na reportagem de março deste ano.

No momento, a região Sul de Porto Alegre e Viamão, próximas ao Guaíba e outros cursos d’água, se encontram cheias de água. Mas isso não é problema para eles, pois vivem nos topos das árvores.

Em 21 de fevereiro, a Justiça acatou o pedido do Ministério Público gaúcho e determinou a adoção de medidas para a mitigação dos danos à espécie, uma das 25 mais ameaçadas do mundo. Na época, o Judiciário tinha definido que a CEEE Equatorial precisaria implantar o Plano de Ação Preventiva de Acidentes de Bugios por Eletrocussão e garantir a manutenção periódica do isolamento de fios e prevenção de acidentes com esses animais. Também tinha determinado que a empresa informasse, em até 48 horas, a contar da comunicação do acidente de eletrocussão de bugios, aos canais de comunicação do consumidor da CEEE, aos órgãos ambientais ou ao MP. 

A CEEE Equatorial foi procurada, mas não deu retorno.

  • Sílvia Marcuzzo

    Jornalista, facilitadora de grupos, consultora em comunicação, editora e produtora de conteúdos de publicações impressas e digitais.

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