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Caminhão tomba e derrama contaminante no Parque Nacional da Serra dos Órgãos

Veículo transportava carga de etilbenzeno, substância perigosa, e tombou em meio à floresta no trecho da rodovia BR-116 que corta o parque nacional

Duda Menegassi ·
29 de janeiro de 2025

Um caminhão que transportava 40 mil litros de etilbenzeno, substância inflamável considerada perigosa, tombou em meio a floresta na manhã de terça-feira (28) em trecho da rodovia BR-116 que corta o Parque Nacional da Serra dos Órgãos. O acidente ocorreu próximo ao quilômetro 101 da rodovia, a cerca de 200 metros do rio Soberbo e a um quilômetro da sede do parque em Guapimirim. Além do vazamento, a queda também causou a derrubada de árvores e abriu uma clareira estimada inicialmente em aproximadamente 500 m² junto à rodovia, conforme detalha o ICMBio. Ainda de acordo com o órgão ambiental, responsável pela gestão do parque, estão em curso medidas emergenciais para contenção da carga de etilbenzeno. O motorista do caminhão, que pertencia à empresa Transchemical, morreu no local. 

“A remediação do acidente envolverá o transbordo da carga remanescente nos tanques, a retirada do veículo, provável remoção do solo contaminado e recuperação da vegetação da área. A empresa está sujeita à aplicação de multa por poluição e por causar dano à unidade de conservação, que depende da avaliação do volume do produto derramado no parque e outros danos ainda em avaliação”, afirma o ICMBio em nota. O transbordo da carga teve início nesta quarta-feira, mas deve ser concluído somente nesta quinta, com a remoção dos tanques.

O trabalho de contenção e monitoramento de riscos envolve equipes do ICMBio, da Gerência de Emergências Ambientais do INEA, do Corpo de Bombeiros, da Secretaria de Meio Ambiente de Guapimirim e a Concessionária Eco-Rio-Minas.

O real impacto do vazamento só poderá ser mensurado após a retirada do caminhão, assim como o cálculo da quantidade de contaminante que foi derramada no solo. A gestão do parque esclareceu para ((o))eco que o acidente é passível de multa ambiental por poluição e danos à unidade de conservação, porém a infração só poderá ser calculada após a análise completa dos prejuízos causados.

Apesar do vazamento, uma avaliação preliminar não constatou nenhuma contaminação no rio Soberbo e devido a baixa solubilidade do etilbenzeno em água, o banho de cachoeira na sede de Guapimirim, que havia sido preventivamente suspenso, foi liberado. Conforme o órgão ambiental, o impacto maior deve se concentrar no solo e nas áreas próximas ao local do derramamento. 

O ICMBio reforça que cargas perigosas são uma ameaça frequente ao parque nacional, em função do grande fluxo de veículos na rodovia BR-116, no trecho que corta o parque. “O Plano de Manejo da unidade proíbe o trânsito destas cargas à noite para minimizar os danos de acidentes quando há menos visibilidade e estrutura de atendimento. Mesmo assim o desrespeito à norma é frequente”, aponta o órgão.

*Matéria atualizada às 19:00 da quarta-feira (29/01/2025) para incluir novas informações obtidas junto à gestão do Parque Nacional da Serra dos Órgãos

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

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